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Alagação termina no Acre, vamos falar da seca?

17/03/2024

Por óbvio, todos que se preocupam com os destinos do Acre sentiram os impactos de uma alagação que deixou milhares de desabrigados e causou prejuízos econômicos incalculáveis, mas a pergunta é incontornável: e agora?

Não é preciso se afastar do Acre para encontrar uma produção científica robusta sobre os fenômenos das alagações e das secas, em especial nos rios Purus e Acre.

De Manuel Urbano passando por Sena Madureira até os oito municípios servidos pela bacia do rio Acre, há informação suficiente para definição com muita segurança de uma política para aumentar a resiliência dos rios e a resistência pública.

Sendo assim, quais as razões para os acreanos se afundarem em um sentimentalismo repetido de forma quase anual em relação às alagações e, mais recentemente, às secas.

Difícil responder, entretanto, como afirma a ciência política, a elevação de uma agenda humanitária recorrente em pauta para política pública costuma exigir bem mais que teorias e base científica.

Tal como aconteceu com as várias soluções que amenizaram os impactos da seca na caatinga e tiraram o nordeste brasileiro da ladainha do noticiário anual das tragédias nacionais, o investimento da política pública acontecerá somente quando a mobilização e compreensão social sobre a alagação orientar o processo eleitoral.

Explicando melhor.

Esse ano, 2024, haverá eleições para vereador e prefeito. Sem exceção todos os candidatos, na capital e no interior, que almejam uma vaga no parlamento ou como gestor da cidade, vão defender a criação extensiva de gado como atividade econômica primordial para o desenvolvimento do Acre.

A compreensão social dos acreanos sugere que investir no agronegócio, que, no caso acreano, se resume quase que exclusivamente na pecuária extensiva, não consegue fazer uma associação de causa e efeito bem simples: cada boi sobrevive, em média, de dois hectares de pasto.

Avançando um pouco mais no raciocínio, não faz a ligação crucial de que nos dois hectares de pasto usados para criar apenas um boi havia antes uma floresta tropical com mais de 400 árvores e arbustos que recebiam o impacto das chuvas antes dos rios.

Finalizando o raciocínio, restaria vincular ainda o desmatamento para plantar capim com a alagação.

Muitos vão gritar que o desmatamento é um processo inevitável e natural para a ocupação produtiva do território e a alagação é causada pelo El Niño ou outro fenômeno climático qualquer, resumindo todo um leque de distrações na expressão: choveu mais em duas horas que …

Associar desmatamento com alagação e seca é ponto inicial para ajudar a inserir os transtornos de excesso e falta de água no rio Acre em um problema que possui solução por meio da política pública na cidade e no Estado.

Existem soluções e ciência para resolver a tragédia da alagação com o dinheiro público existente no orçamento estadual e municipal, sem ter que apelar para a sensibilidade da União. Pode parecer inacreditável, mas não é!

 Finalmente, nunca é demais repetir.

Não foi São Pedro que mandou chuva demais agora ou mandará de menos quando chegar em julho, o problema tem origem no desmatamento que faz com que a chuva de São Pedro escorra de uma terra vazia de árvores para o rio, se transformando em alagação ou seca, respectivamente.

Controlar e encontrar solução para abandonar a nefasta era da criação de um boi solto em dois hectares de floresta que virou pasto é a solução.

Fim do Florestania no Acre: Técnicos, ONGs e Capacidade de Governo     

03/03/2024

Como analisado em artigos anteriores o Projeto Florestania enfatizou o resgate de valores culturais de um acreanismo adormecido, sem decidir por apoiar o agronegócio da pecuária extensiva ou a exploração da biodiversidade florestal enquanto modelo de desenvolvimento econômico para o Acre.
Antes do Florestania ser alçado à condição de Projeto de Governo em 1999, um conjunto de seis organizações não governamentais (ONG), ou da sociedade civil para usar uma denominação menos preconceituosa, discutiram e detalharam vários pontos do que chamavam de “saída econômica pela floresta”.
Não à toa a invenção da Resex e a concepção da tecnologia do manejo florestal comunitário são dois legados do Acre para a política florestal na Amazônia.

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Petróleo será explorado na Margem Equatorial e onde mais for viável até 2050

25/02/2024

Em 2003, embora muitos cientistas, inclusive aqueles que atuavam junto a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, CTNBio, esclareceram que os transgênicos haviam sido mais estudados que os produtos geneticamente melhorados por cruzamentos ao longo do tempo e que não havia dúvida sobre sua segurança para consumo, o Ministério do Meio Ambiente fez uma confusão danada.
Deixando os transgênicos de lado, o conflito sobre a exploração da margem equatorial, uma área imensa de águas profundas localizadas no Oceano Atlântico muito acima do litoral do Amapá, mas que para o Ibama e alguns jornalistas desinformados faz parte da foz do Rio Amazonas, coloca de um lado o Ministério do Meio Ambiente e de outro o Ministério das Minas e Energia.
Não à toa, o parecer da Advocacia Geral da União – AGU, publicado recentemente, deixa claro que a exigência do Ibama por estudos denominados de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar não faz sentido agora, na fase de prospecção da viabilidade da exploração de petróleo na Margem Equatorial.

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Industrializar a biodiversidade florestal da Amazônia é a saída

18/02/2024

Várias razões explicam a pouca industrialização de produtos da biodiversidade florestal da Amazônia e as dificuldades criadas pelos órgãos de controle ambiental, sobretudo o Ibama e ICMBio, estão entre elas.
Quando adicoinadas aos riscos inerentes ao retorno do capital a insegurança jurídica decorrente da hostilidade estatal torna o investimento particular quase inacreditável.
É notória e reiterada tal qual ladainha pelo empresariado regional a hostilidade dos técnicos e fiscais da esfera ambiental nos três níveis de governo (federal, estadual e municipal) quando requisitados para elaborar parecer sobre algum tipo de investimento privado na Amazônia.

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Plantar um trilhão de árvores para reduzir temperatura do planeta

04/02/2024

Com altíssima concentração de carbono na madeira das árvores, estima-se, de maneira bastante rudimentar, que um bloco sólido, de madeira contendo 100 quilômetros de lado, concentraria quase a totalidade de carbono existente na atmosfera.

Ao manter essa quantidade de carbono estocado no bloco de madeira, o aquecimento do planeta seria estancado e nós não correríamos o risco de morrer de calor.

Essa é uma ideia fácil de explicar que se baseia na proposta, encabeçada pelo engenheiro florestal alemão Tim Christophersen, de plantar um trilhão de árvores no mundo até 2030.

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Selo verde do FSC comprova que floresta certificada dá lucro

28/01/2024

Certificar uma área de terra coberta por muitas árvores, em que a floresta pode ter sido cultivada por alguém ou regenerada de forma natural, significa depositar naquela área um selo verde. Isto é, uma garantia de que o produto que sai dali não acarretou danos para comprometer sua perpetuidade ou regeneração eterna.

No caso do FSC, com o selo sendo impresso por mais de 30 anos em uma série enorme e variada de produtos, o emblema de uma árvore estilizada com traços de que tudo está Ok naquela indústria alcançou significativa capilaridade.

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2023, o ano em que o aquecimento do planeta chegou até nós

14/01/2024

Há uma data que pode ser considerada inicial na discussão sobre a temperatura do planeta. Foi quando a ONU em 1992 organizou no Rio de Janeiro a assinatura de três convenções (do clima, da biodiversidade e da Agenda 21).

Naquele momento, ainda pairava uma série de dúvidas acerca da taxa de aumento da temperatura do planeta e os consequentes impactos, por exemplo, do degelo das calotas polares para as sociedades e ecossistemas mundo afora.

Foi com a publicação do relatório do IPCC de 2007 e o importante documento elaborado pelo governo da Inglaterra sobre os impactos econômicos do aquecimento que tornou o princípio da precaução desnecessário.
Vários eventos extremos de elevação de temperatura começaram a ser observados desde o final do século passado e inicio do atual.

Em 2015 o mês de julho foi o mais quente da história da humanidade. Veja bem, não foi o mês de julho e sim, de todos os meses, o de maior temperatura até então.

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Em 2023, reversão na tendência de alta do desmatamento recoloca Amazônia no rumo da sustentabilidade

01/01/2024

Por mais que seja assustadora, a destruição de 9.001 km2 de florestas na Amazônia, no período compreendido entre 01 de agosto de 2022 a 31 de julho de 2023, foi recebida com otimismo pois pode significar a quebra em uma tendencia de alta que ganhou força a partir de 2019.

Considerado um ano histórico, o ciclo de desmatamento aferido entre 2011/2012 foi o único, em mais de 35 anos de exatas medições realizadas pelo Inpe, em que se destruiu área inferior a 5.000 Km2 de florestas na Amazônia.

Ainda é cedo para otimismo e cinco meses do período analisado esteve à cargo do incompetente governo de plantão em 2022 e abarcou um período eleitoral, duas condições bastante favoráveis para motivar o produtor rural a desmatar.

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