Como todos, sem exceção, setores da vida moderna que tentam de alguma maneira incluir em sua rotina, algo que sugira compromisso com o desenvolvimento sustentável, os serviços de monitoramento sanitário, vez ou outra, se auto denominam de Vigilância Sanitária Ambiental. O que é impraticável.

Ocorre que os sanitaristas são fundamentais para manter ambientes, não meio ambiente, mas ambiente (de espaço físico mesmo), em condições de serem ocupados por pessoas sem que haja risco de proliferação de doenças, sobretudo as famigeradas endemias e epidemias. E, para isso, precisam usar material e matéria-prima inerte, inorgânica, que não reage com microorganismos, pois não tem vida.

Evidente que esse tipo de matéria-prima como: plásticos, isopor, pvc, pet, vidro, alumínio e outros, não são renováveis e sua produção exige dispêndios vultosos de energia. E como tem origem em jazidas, por isso não são renováveis, um dia, mais cedo ou mais tarde, irão acabar.

Mas os sanitaristas costumem confundir, com certo grau de razão, visto que contam com apoio de boa parte da sociedade, principalmente na área médica, ambiente saudável com compromisso com o desenvolvimento sustentável.

Um grave equívoco, que é comum e que se encontra no cerne dos muitos equívocos que envolvem o conceito de sustentabilidade: o de achar que o que é bom para o homem também é, com certeza, bom para o planeta. Não é assim.

Exemplos de ação dos sanitaristas, sob o argumento de que é bom para saúde humana, que causam prejuízos à sustentabilidade são muitos e acontecem no cotidiano da populações na Amazônia. Para se ter uma idéia clara do significado disso, três exemplos, que parecem simples, são bem ilustrativos.

No mercado novo (Rio Branco, Acre), os sanitaristas consideraram que todos os vendedores de polpa de açaí, cujas despolpadeiras funcionavam na frente do cliente, para que o produto estivesse sempre fresco, teriam que trazer a polpa já congelada na sacola plástica.

Se o produtor insistisse em processar a polpa, no próprio mercado e na frente do cliente, que podia verificar se a água usada no processamento era mineral ou não, teria que climatizar o lugar da despolpadeira, ou seja, colocar um ar condicionado. Como isso era inusitado demais, atualmente, o açaí chega congelado, ninguém sabe com que água foi feito, nunca esta fresco e, o pior, as vendas despencaram.

No aeroporto Eduardo Gomes (Manaus, Amazonas), a vendedora de cafezinho expresso, fornecia um palito de taboca para que o cliente misturasse o açúcar ou o adoçante. Após visitas dos sanitaristas, ela teve que cobrir o palito de taboca com canudos de plástico, para que a taboca não tivesse contato com o café. Como o palito com camisinha de plástico é, no mínimo, estranho, todos usam uma colherzinha de plástico mesmo.

No mercado Ver o Peso (Belém, Pará), os produtores, em sua maioria, vendiam as mercadorias em bolsas e sacolas, confeccionadas de diversos materiais, que as pessoas traziam da própria casa. Após avaliação dos sanitaristas os produtores se viram obrigados a embalarem suas mercadorias em sacolas plásticas, para evitar contato com as bolsas que os clientes traziam de casa.

Exemplos não faltam. Vigilância Sanitária, apesar de importante para a saúde pública, estará sempre muito longe, e na maioria das vezes na contra-mão, da sustentabilidade.

Ou não são as embalagens inertes dos sanitaristas que atolam os lixões?

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