Com o tema do Manejo Florestal de Uso Múltiplo, os engenheiros florestais da Universidade Federal do Acre se preparam para sua Terceira Semana Florestal. Um evento importante não só para a academia, mas, sobretudo, para o setor florestal acriano.

Depois de tratar dos assuntos relacionados à imensa diversidade biológica existente na região, em sua primeira edição (com o tema: Biodiversidade: ver a floresta que existe além das árvores), e dos assuntos relacionados aos empecilhos tecnológicos em sua segunda edição (com o tema: Desenvolvimento tecnológico e alternativas florestais), na sua terceira edição o evento irá discutir a importância do uso múltiplo da floresta.

Ocorre que, nos idos da década de 1990, alguns técnicos que atuavam no Acre se depararam com o desafio de conceber um pacote tecnológico que proporcionasse a sustentabilidade das recém criadas Reservas Extrativistas.

Na condição de unidades de conservação de uso sustentável, as Reservas Extrativistas não poderiam ter como principal atividade produtiva a agropecuária. Já naquela época, era fácil perceber que havia uma tendência à agropecuarização, o que levaria a ampliação do desmatamento e a conseqüente descaracterização dessas Unidades de Conservação.

Uma alternativa produtiva, baseada na floresta, teria que ser elaborada de forma emergencial para que o extrativista não adentrasse no perigoso, e sem volta, rumo da criação de gado.

Com esforço desses técnicos foi possível dar dois importantes e decisivos passos para que a atividade florestal se tornasse acessível a esses produtores extrativistas. Primeiro se elaborou a adequação técnica para que a exploração de madeira, cujas técnicas já eram comumente empregadas na grande propriedade e pelas empresas, chegasse aos seringueiros.

Com o Manejo Florestal Comunitário da madeira, os extrativistas passaram a se autodenominar manejadores florestais. Experiências como a do Centro dos Trabalhadores da Amazônia, no Porto Dias, e da Embrapa, no PAD Peixoto, todas as duas no Acre, tornaram-se referência nacionais nesse tema.

Mas a madeira era somente um produto a mais na cesta de possibilidades produtivas que a biodiversidade da floresta tropical amazônica poderia ofertar. O extrativista, inclusive, já possuía domínio da produção de borracha e castanha, seus principais produtos geradores de renda.

Ir além do binômio borracha e castanha, ampliando o universo produtivo e agregando valor a cada produto, foi o que motivou o desenvolvimento de uma nova tecnologia.

Com a ousadia de acreditar que era possível, em uma mesma unidade produtiva, a colocação do seringueiro, a partir de um planejamento e calendário operacional rigoroso, ofertar anualmente madeira, borracha, copaíba, castanha, frutas, cipós, remédios, sementes de mogno e queixadas (somente para citar algumas opções da cesta de produtos) é que, aquele grupo de técnicos acrianos concebeu a tecnologia do Manejo Florestal de Uso Múltiplo.

Na Terceira Semana Florestal do Acre, evento que acontece anualmente sempre no início da safra florestal, o Uso Múltiplo da Floresta será discutido por todos os interessados no Setor Florestal da Amazônia para que sua aplicação ganhe a dimensão política que as populações das Reservas Extrativistas reivindicam.

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