Os ideais que motivaram os países a participar da conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento em 1992 (a Rio 92) se concretizaram no estabelecimento de uma delimitação conceitual para a noção de “desenvolvimento sustentável”.

Sob certo grau de imprecisão, esse conceito relaciona a satisfação das demandas atuais da humanidade com a possibilidade de o meio natural garantir o atendimento das demandas futuras. Por demandas, entendam-se as aspirações de consumo, em especial as relacionadas a transporte, vestuário, alimentação e moradia.

Ou seja, no frigir dos ovos, a pergunta a ser respondida é se haverá esgotamento de matérias-primas, sobretudo daquelas oriundas de jazidas (como é o caso do petróleo), em nível tal que comprometa as necessidades humanas – por exemplo, o transporte de cargas e pessoas.

E, por outro lado, se o meio será capaz de assimilar, ou, usando uma linguagem técnica, se terá suficiente resiliência para reagir aos impactos acarretados pelo intenso processo de exploração dos recursos naturais.

Dessa forma, diante de tal indeterminação conceitual, é certo que trazer as interpretações do conceito de sustentabilidade, ou de desenvolvimento sustentável, para o cotidiano dos indivíduos não é empreitada fácil.

A despeito dessa dificuldade, contudo, trata-se de tarefa extremamente necessária: são as decisões de consumo, tomadas a cada minuto por um contingente de bilhões de pessoas, que fazem com que o mundo se afaste ou se aproxime daqueles ideais de sustentabilidade.

Ocorre que, por mais insignificante que possa parecer, uma decisão como a de comprar copos descartáveis de papelão, daqueles que nossos avós usavam nas festas infantis, no lugar de adquirir copos de plástico, oriundos da indústria do petróleo, pode representar um precioso passo em direção à sustentabilidade.

Fácil explicar. Copos de papelão são fabricados pela indústria de papel e celulose, que, diferentemente da indústria petrolífera, emprega matéria prima renovável, proveniente de espécies florestais.

Infelizmente, ainda há quem advogue que produzir papel significa destruir florestas. Nada mais equivocado. Nesse caso, as florestas são, na verdade, cultivos destinados especificamente a esse tipo de produção; na absoluta maioria da vezes, a espécie cultivada é eucalipto, que tem produtividade bastante elevada, sendo o Brasil referência mundial na tecnologia de plantio dessa espécie.

Enfim, trata-se de plantios florestais, que, da mesma forma como ocorre com os cultivos agrícolas, são realizados para o atendimento das necessidades humanas. Assim, a derrubada desses plantios não é a mesma coisa que a derrubada de uma floresta, longe disso. Se alguma comparação é possível, pode-se dizer que abater um pé de eucalipto equivale a colher um pé de alguma cultura agrícola que alimenta o mundo, como uma cenoura por exemplo.

De outra banda, o copo de plástico põe em risco a sustentabilidade do planeta, já que é produzido a partir do petróleo, matéria-prima que é considerada a principal fonte do aquecimento global – que, por sua vez, é o principal responsável pela mudança do clima e pela tragédia ecológica que se avizinha.

Enquanto o plantio de eucalipto é renovável – posto que uma vez colhido um espécime, outro será plantado, equilibrando-se a equação das emissões de carbono -, o balanço para o copo de plástico é negativo sempre. Isto é: inevitavelmente mais fumaça será lançada na atmosfera.

Parece inócua a escolha entre comprar copinhos de plástico ou de papelão para uma festinha infantil, mas a resposta para a sustentabilidade está aí.

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