Três condições precípuas precisam ser satifeitas para estruturação de economia florestal na Amazônia, que tem no Cluster Florestal sua melhor estratégia de operacionalização. A primeira condição diz respeito à existência de áreas florestais passíveis de serem manejadas. A segunda condição esta relacionada com a presença de capital humano em quantidade e com formação suficiente para atuar em atividades florestais. Por fim, a terceira condição, esta vinculada à capacidade de geração de tecnologia, em nível local, adequada à realidade da atividade florestal.

Com relação à primeira condição, um longo processo de regularização fundiária, iniciado com a edição do Código Florestal na década de 1960 (que criou o instrumento da Reserva Legal em propriedades privadas), passando pela Lei do Snuc (que criuou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação onde encontram-se por exemplo a figura das Florestas Nacionais e das Reservas Extrativistas) e concluído pela Lei de Gestão de Florestas Públicas (que criou o mecanismo da concessão florestal de áreas públicas à iniciativa privada) garantiu e forneceu segurança jurídica para investimentos de médio e longo prazos em atividades florestais na Amazônia.

Em que pese a localização um tanto complicada de uma boa parte dessas áreas florestais, vez que as terras localizadas próximas às estradas (BRs) foram entregues à pecuária, os canais fluviais, com ocorrência em todas essas áreas, permitem planejar uma logística de escoamento da produção, factível com a realidade do manejo florestal.

Mas é com relação à existência de uma população em condições de operar atividades produtivas florestais que residem as maiores preocupações. A perspectivas de demandar mão-de-obra especializada de outros estados, como os “paulistas”, não seria bem recebida na região. Afinal, foram os fluxos migratórios destinados à agropecuária, os maiores responsáveis pelos graves conlfitos fundiários ocorridos até o final da década de 1980.

Todavia, uma análise rápida dos primórdios da ocupação da Amazônia, sobretudo à época do famoso e robusto ciclo florestal da borracha, permite garantir a existência de uma população sensivelmente familiarizada com a lida na floresta.

Sob a era da economia gomífera, ainda no século XIX, erigiu-se um intenso sistema de suporte produtivo, que envolvia, além da importação de bens e insumos e a exportação de borracha, um elevado e contínuo fluxo migratório de trabalhadores, que o brilhante Celso Furtado caracterizou como “Transumância Amazônica”.

Apesar das características de expansão e declínio, pelo qual passaram os ciclos econômicos florestais amazônicos, iniciados com as drogas do sertão, prolongados com o cacau, com a borracha e, mais recentemente, com a madeira, a ocupação produtiva da região consolidou-se. Os denominados extrativistas, ocupados na produção de borracha, transformaram-se em castanheiros, cacaueiros e madeireiros.

As experiências bem sucedidas de manejo florestal comunitário desenvolvidas na Amazônia, e sobretudo no Acre, desde 1990, são a melhor comprovação de que o trabalhador florestal, agora denomionado de manejador florestal, tem tradição, vocação e disposição para o trabalho com o manejo florestal, tanto para oferta de madeira, quanto para oferta de outros produtos e serviços florestais.

Seria fácil supor que a agressão à cultura produtiva sofrida pelo produtor extrativista amazônida foi aquela realizada pela imposição em se estabelecer a agropecuária.

Trabalhar com a floresta, mais que uma tradição, é uma reivindicação do produtor rural na Amazônia.

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