De cada 5 parlamentares brasileiros, 3 votam a favor do agronegócio, 4 são contrários a toda e qualquer proposta que represente preocupação com a sustentabilidade ecológica, e 5 aprovam o fim da mata ciliar.

Três em cada cinco dos nossos parlamentares – senadores e deputados federais que representam o povo e ocupam uma vaga no Congresso – votam a favor do agronegócio, não por possuírem um vínculo estreito com a atividade rural, ou seja, com a produção de soja ou de carne de gado. Fosse dessa maneira, seria compreensível o seu posicionamento.

Eles apoiam o agronegócio porque acreditam que o Brasil deve se consolidar, perante a especialização internacional das economias, como um grande fornecedor de matéria-prima agropecuária, as chamadas commodities. Um raciocínio insano, diante de tantas evidências contrárias e do pífio crescimento da econômica nacional.

Por outro lado, a maioria dos países associados à ONU (vale dizer, o que se pode chamar de “mundo”) exige do agronegócio, bem como de outras atividades industriais consideradas nocivas ao meio ambiente, as denominadas salvaguardas ambientais. São mecanismos destinados a restringir as atividades produtivas, de forma a adequar a economia do futuro aos ideais do Desenvolvimento Sustentável – a saber: o atendimento das necessidades das gerações atuais, sem pôr em risco o atendimento das demandas das futuras gerações. Trata-se, em última análise, de resguardar o planeta de um estrago ainda maior do que o já causado pela humanidade.

Contudo, quatro em cada cinco dos nossos parlamentares se posicionam contrariamente a qualquer tipo de medida que limite as atividades produtivas, não por considerar que os problemas relacionados à sustentabilidade poderiam ser resolvidos por meio da tecnologia. Se assim fosse, seria compreensível.

Na verdade, eles acreditam que se trata de uma conspiração internacional, promovida por organizações não governamentais estrangeiras, que contam com apoio de ambientalistas brasileiros, e que tudo seria capitaneado pelos Estados Unidos, que têm obsessão por manter os brasileiros em situação de extrema pobreza.

Novamente, um raciocínio insano, diante da indiferença com que os americanos tratam a América do Sul, e da fragilidade do movimento ambiental tupiniquim.

Por fim, existe uma preocupação generalizada, por parte da sociedade, em relação à quantidade e qualidade da água. Todo cidadão brasileiro já teve acesso a algum tipo de informação quanto à importância desse recurso natural, tanto para o consumo humano quanto para a geração de energia. Previsões indicam que a água, num futuro próximo, será o recurso natural mais valioso no mundo; a água valerá mais que a terra, por exemplo.

Mas, cinco entre cinco dos nossos parlamentares aprovaram o fim da mata ciliar, não porque rejeitam a tese que relaciona a quantidade e qualidade da mata ciliar à quantidade e qualidade da água que corre no rio. Isso até seria compreensível.

Eles aprovaram o fim da mata ciliar em face de uma espécie de acordo espúrio, que evidencia a leviandade com que a Câmara trata os assuntos de interesse da nação brasileira e a incompetência do Legislativo nacional para decidir sobre qualquer tema que exija profundidade de informação e um nível mínimo de formação.

Mas o que é insano mesmo é o nosso sistema eleitoral, que comporta senadores que não são eleitos e deputados que são eleitos sem votos (ou melhor, com os votos dos outros).

Resta esperar que a Presidente da República, que já demonstrou ter bom senso, conserte o estrago feito pelo frágil parlamento nacional.

Agora, mais que nunca: Veta Dilma!

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