Pode-se afirmar que existe consenso no mundo quanto à relevância do movimento ambientalista, ou ecológico, para a conquista de um padrão diferenciado de desenvolvimento planetário, no qual se reconheçam os limites da capacidade de suporte dos ecossistemas.

De igual modo, também parece consensual que o conceito de desenvolvimento sustentável, surgido na conferência da ONU realizada no Rio em 1992, traduz um ideal a ser alcançado no médio prazo pela civilização contemporânea.

Embora de reconhecida importância, o movimento ecológico é alvo de críticas – que se desdobram, por assim dizer, em duas vertentes. Pela primeira, questiona-se sua suposta neutralidade política: dependendo da pauta em questão, se a despoluição de um rio ou a defesa do desmatamento zero na Amazônia, pode se aproximar ora da direita, ora da esquerda; ora de patrões, ora de trabalhadores.

Mais grave é o questionamento relacionado à ausência, no campo da ecologia, de padronização de metodologias de pesquisas cientificamente aceitas em âmbito internacional. De certa maneira, enquanto os prognósticos ecológicos são quase sempre trágicos, as metodologias para chegar a esses prognósticos são quase sempre frágeis.

Para os ambientalistas, por seu turno, essa dificuldade de padronização decorre da abrangência e interdisciplinaridade dos temas ecológicos – o que, certamente, prejudica a sustentação científica dos prognósticos, na maioria das vezes apocalípticos.

As críticas a posicionamentos tidos como políticos do movimento ambientalista se acentuaram com a institucionalização da pauta dos ativistas, por meio da criação das entidades batizadas de organizações não governamentais, ou ONGs.

Sem embargo dessas críticas, contudo, parece estar nas ONGs a possibilidade de aproximar o tema ambiental da sociedade civil.

Mais recentemente, em face justamente da conotação política conferida à sigla “ONG”, essas entidades passaram a ser denominadas como OSC (organização da sociedade civil) ou como Oscip (organização da sociedade civil de interesse público – título atribuído pelo Ministério da Justiça).

Por outro lado, para diferenciá-las da atuação do Estado (primeiro setor) e do mercado (segundo setor), passaram a ser reconhecidas também como organizações do terceiro setor.

Existe uma infindável discussão em torno das atribuições a serem desempenhadas pelo Estado e pelo mercado para a solução de conflitos relacionados a assuntos difusos de meio ambiente, sobretudo quando de um lado se encontra uma empresa, que gera empregos, e, de outro, uma comunidade que recebe os impactos ambientais decorrentes daquele empreendimento.

Dessa forma, as ONGs ecologistas exercem um papel decisivo, ao suprir essa lacuna. E muito embora não se voltem para a defesa de trabalhadores ou de causas sociais, ao cobrar, do Estado e do mercado, um esforço em prol do desenvolvimento sustentável, questionando os cânones da Revolução Industrial que moldaram preceitos sociais e econômicos ainda vigentes no século XXI, as organizações ambientalistas muitas vezes se aliam à agenda defendida pelos movimentos sociais.

De toda sorte, o movimento ecológico precisa superar algumas contradições internas, no sentido de melhorar a percepção da sociedade, na América Latina, em geral, e no Brasil, em particular, quanto à sua atuação determinante para o alcance da sustentabilidade.

Quando, por exemplo, ativistas se aferram em resgatar cães clonados usados em testes de laboratório, fica claro que o dilema histórico entre preservacionismo e conservacionismo ainda está longe de ser resolvido.

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