Em um mundo globalizado o título acima não deve ser desconsiderado. Com um raciocínio linear simples, aquele de causas e efeitos, é possível aceitar que como o Partido Democrata venceu as eleições tanto o Brasil quanto a Amazônia terão mais atenção daquele país. Uma atenção que pode trazer algumas conseqüências.

Os mais assustados com o eterno e, na maioria das vezes equivocado, argumento da internacionalização, irão sustentar que os Democratas estão propensos à defesa da intocabilidade da Amazônia e, o mais grave, da importância da região para o equilíbrio global e, por fim, da dificuldade dos países amazônicos garantirem a proteção da floresta. A conclusão inevitável é a tal da soberania relativa do país sobre a região.

Já os mais preocupados com a igualmente eterna e insistente taxa de desmatamento na Amazônia, estarão certos de que os Democratas darão prioridade à alteração de sua matriz energética colocando o álcool brasileiro, obtido da cana-de-açúcar, como prioridade. Ampliar a compra de álcool significa novos plantios e o risco desse plantio entrar pela floresta é elevado.

Já os mais astutos poderão ver na eleição de Obama uma oportunidade única para a Amazônia e, mais ainda, para viabilizar uma economia florestal na região. Ocorre que o processo eleitoral, ao mesmo tempo em que ofuscou o atual presidente americano, deu visibilidade aos Democratas ilustres, como o ex vice-presidente Al Gore.

Com a autoridade de ganhador do Premio Nobel, Al Gore fez campanha para Obama transmitindo a mensagem de que com ele os americanos dariam total prioridade ao Protocolo de Kyoto, por se tratar do mais importante acordo internacional destinado a manter o equilíbrio climático e assim evitar o aquecimento global.

Tem sido consenso no mundo, que a melhor maneira de se retirar o gás carbônico da atmosfera é por meio da implantação e manutenção de povoamentos florestais. Ou seja, plantando árvores ou mantendo as florestas existentes será possível reverter as graves condições climáticas atuais, que colocam em risco a vida no planeta.

Associar equilíbrio climático com florestas foi um passo decisivo dado pelos países associados à ONU já na Eco 92. De lá pra cá, esse estreito vínculo entre ecossistema florestal e mudança climática vem se fortalecendo ano após ano.

Continuando com o raciocínio linear simples do início do artigo, se as florestas são importantes, a Amazônia, que é onde estão as florestas, é a chave para manter o clima em equilíbrio. Isso quer dizer que reflorestar áreas de florestas perdidas pelas taxas de desmatamento e manter a porção de floresta existente é o caminho para concentrar os investimentos e esforços dos países.

E sendo assim, a inclusão do serviço de manutenção do equilíbrio climático, na cesta de produtos ofertados pelo ecossistema florestal na Amazônia, sob a tecnologia do manejo florestal de uso múltiplo, será fator decisivo para manutenção da floresta.

Portanto se Obama priorizar o Protocolo de Kyoto, como é de se esperar, estará reforçando o vínculo das florestas com o equilíbrio climático, reconhecendo a importância da Amazônia como maior reserva florestal nativa do mundo e, para fechar o círculo virtuoso, admitindo que a melhor maneira do mundo pagar por esse serviço florestal é por meio do manejo florestal de uso múltiplo.

Voltando ao título, tudo indica que além de todas as expectativas no campo dos direitos humanos, Obama também viabilizará a sustentabilidade da ocupação produtiva da Amazônia.

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