Com apoio do CNPq e da Secretaria de Agricultura Familiar, a Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre (Ufac) vem executando uma série de pesquisas para conceber e introduzir inovações tecnológicas na produção extrativa de cacau nativo do rio Purus, no Amazonas.

O projeto de pesquisa tem como objetivo primordial a elaboração, após três anos de levantamentos, do Plano de Manejo Florestal do cacau nativo que servirá de referência técnica para que os produtores extrativistas melhorem a produtividade e a qualidade do cacau.

Ocorre que toda produção é exportada para a Alemanha, onde a indústria de chocolates Hachez transforma as sementes de cacau do Purus, em um chocolate considerado genuíno pelo seu sabor primitivo, ou como eles dizem, selvagem. É o sabor dos primeiros chocolates produzidos no mundo, pois o cacau é o mesmo que de 500 anos atrás.

O sucesso do chocolate é evidente. A empresa compra antecipadamente as 9 toneladas de sementes de cacau produzidas anualmente pela Cooperar, a cooperativa dos extrativistas do cacau. Todavia, o mercado consumidor do chocolate está estimado em 40 toneladas por ano.

Como passar de 9 para 40 toneladas de sementes de cacau sem recorrer aos cultivos (quer sejam em monocultivos ou em sistemas agroflorestais) é o maior desafio ao qual se deparam os engenheiros florestais da Ufac.

Acontece que os cultivos de cacau, após anos seguidos de plantios e replantios sucessivos deixaram o cacau sem “sustância”, como dizem os produtores.

A tecnologia do Manejo Florestal terá, diante desse grande desafio, que provar sua capacidade de ampliar a produtividade sem acarretar perda ou alterações perigosas de sabor. A empresa que produz o chocolate depende do diferencial de mercado trazido pelo cacau nativo.

No momento quatro estudos fundamentais estão sendo concluídos. O primeiro trata da logística envolvida na produção extrativa de cacau, trazendo inovações de projetos de embarcações e layout de beneficiamento das sementes.

O segundo estudo trata do mapeamento da dispersão dos cacaueiros. Responde a perguntas de quais as condições físicas e biológicas para que a espécie ocorra ou não em determinada área. Três hipóteses estão sendo testadas: da cota 100, do interflúvio do Purus e da floresta sem palmeira.

Isto é, o cacau ocorrerá na cota 100, onde haja alagação anual do Purus e, por fim, onde não exista tipologia florestal, densa ou aberta, com palmeiras.

Já o terceiro estudo trata da realidade social e econômica na qual aquela população extrativista está inserida. Mostrará um diagnóstico, claro e objetivo, da renda existente nas pequenas propriedades e, o melhor, da participação relativa do cacau na composição dessa renda.

Finalmente, o Inventário Florestal quantificará exatamente os pés de cacaueiros nativos, distinguindo as touceiras dos solteiros e, o que é primordial, a estrutura e dinâmica daquele povoamento florestal, sobretudo no que se refere à sua composição por idade. Indo além, o Inventário também irá definir quais as 6 espécies florestais que se associam ao cacau para sombreá-lo.

Será a primeira vez que um conjunto de inovações tecnológicas estarão direcionadas para melhoria da produtividade do cacau e, consequentemente, para elevar o IDH dos produtores extrativistas do cacau nativo do Purus.

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