Que o Manejo Florestal Comunitário, para produção de madeira por extrativistas que vivem no interior da floresta, é complexo em termos tecnológicos não há a menor dúvida. Por sinal esta aí, nessa complexidade, o mérito dos técnicos e extensionistas acreanos, que no início da década de 1990, se debruçaram sobre o desafio de tornar essa tecnologia acessível aos extrativistas, e, o melhor, eles conseguiram.

Ocorre que, o Manejo Florestal para produção de madeira, objetivo principal da Engenharia Florestal, esteve sempre calcado em alguns princípios difíceis de serem superados, como os que prescreviam a necessidade de extensas áreas e elevados investimentos iniciais. Ou seja, não era coisa para pequenos produtores.

Como atividade inerente ao grande capital, a produção de madeira por meio do manejo florestal, foi, ao longo dos anos, tratada como opção produtiva de elevada lucratividade, de ganhos rápidos e outras afirmações equivocadas, que, infelizmente ainda persistem.

Quando à oferta de madeira manejada, pelo grande capital, juntou-se a madeira oriunda dos planos de exploração, para agropecuária (legalizadas, mas não manejada), e aquelas exploradas sem papel algum (ilegais e não manejada), a produção de madeira, quer fosse manejada, legalizada ou ilegal, tornou-se atividade marginal, vitima dos ataques do movimento ambientalista e, talvez o mais grave, considerada por muitos, como exemplo da exploração do mais fraco pelo mais forte, do trabalhador rural pelo capital (às vezes até internacional).

Colocar uma atividade produtiva desse tipo, com profundos conflitos ambientais e sociais agravados exponencialmente pela desinformação, com gargalos técnicos difíceis de superar, para ser aplicada à realidade do extrativista e de sua unidade produtiva, a colocação de seringa, não seria, é óbvio, uma empreitada simples.

Ao invés de uma grande área, com mais de mil hectares, e com um único proprietário, como os Engenheiros Florestais estavam acostumados a lidar, tratava-se dessa vez de um grupo de extrativistas, cada um com pequenas áreas, de cem hectares em média, que deveriam se unir em uma associação para ganhar dinheiro produzindo madeira.

O Manejo Florestal Comunitário, que foi pioneiro no Acre e em projetos como Porto Dias (com o CTA), PAD Peixoto (com a Embrapa) e Antimary (com a Funtac), iria, como era de se esperar, receber uma enxurrada de críticas de todos os lados e de diferentes atores sociais.

Do empresário, preocupado com a concorrência, ao próprio pequeno produtor rural, que estava emprenhado pela visão errada da produção de madeira, passando pelos ambientalistas, que viam na iniciativa mais uma ameaça à manutenção da floresta na Amazônia, o Manejo Florestal Comunitário encontraria resistências enormes. Todas vencidas por aqueles técnicos pioneiros.

É bem provável que nenhuma outra tecnologia de produção na Amazônia tenha sofrida tanta pressão quanto o Manejo Florestal Comunitário para produção de madeira. E, parece evidente, que os técnicos de agora, que se ocupam com essa tecnologia, ainda são pressionados a fornecerem, todo dia, novas respostas.

E esse é o objetivo do encontro que acontece a partir de 08 de junho de 2010 em Rio Branco, no Acre. Denominado de 1ª SEMANA AMAZÔNICA DE MANEJO FLORESTAL COMUNITÁRIO o evento discutirá a abrangência que a atividade possui na região, com representantes de todos os estados.

Será fácil aos participantes notarem que como prioridade de política pública o Manejo Florestal Comunitário proliferou na Amazônia. Os pioneiros conseguiram.

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