Projeto de Manejo Florestal Comunitário do Cacau Nativo do Purus, apoiado pelo CNPq desde 2007, com recursos financeiros da Secretaria de Agricultura Familiar, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, publicou seu primeiro documento acadêmico, uma monografia elaborada por Hudson Veras, intitulada: INVENTÁRIO FLORESTAL DIAGNÓSTICO DO CACAU NATIVO E ESPÉCIES ASSOCIADAS NA VÁRZEA DO MÉDIO RIO PURUS – AMAZONAS, apresentada como requisito final para graduação em Engenharia Florestal na Universidade Federal do Acre.

O projeto possui uma rede de instituições envolvidas na sua execução e que acreditam na possibilidade do manejo florestal comunitário do cacau nativo do Purus se configurar em importante componente no uso múltiplo da biodiversidade existente na região.

Instituições como a Agência de Cooperação Técnica Alemã, GTZ, Universidade Estadual Paulista, Unesp, Universidade Federal de Viçosa e a Universidade de Freiburg, na Alemanha, se uniram à Cooperativa dos produtores, Cooperar, e a empresa que compra todo cacau para produção de chocolate de altíssima qualidade, Hachez, para encontrar uma saída para um grande e genuíno desafio: aumentar a oferta de sementes de cacau por meio do manejo florestal comunitário.

O problema que originou o desafio é que a empresa tinha uma demanda para 40 toneladas de sementes de cacau nativo e a Cooperar consegue ofertar no máximo 9 toneladas. Como passar de 9 para 40 toneladas sem apelar para os cultivos, ou seja, intervindo no povoamento do cacau em ambiente nativo ou florestal.

A primeira informação importante para subsidiar estratégias de manejo dizia respeito à definição dos padrões de ocorrência do cacau. A equipe de Engenheiros Florestais precisava saber onde encontraria, na extensa área coberta pela margem do Rio Purus,povoamentos de cacau. Três hipóteses foram testadas e comprovadas.

Existirá povoamentos agregados de cacau sempre que ocorrer simultaneamente as 3 hipóteses: estiver na cota altimétrica de 100 metros, a área estiver sujeita aos interflúvios do Purus (que é atingida pelas cheias anuais) e estiver associado à tipologia florestal de Floresta Densa ou Aberta, desde que sem palmeiras.

Com o cruzamento dessas três condições para existência de povoamentos de cacau foi possível definir a área de ocorrência e a segunda pergunta importante poderia ser respondida: na área de ocorrência existem quantos pés de cacau? Pergunta respondida pelo Inventário Florestal.

A equipe envolvida na pesquisa, a partir de agora pode planejar suas ações sabendo que existem 7,84 indivíduos de cacau em cada hectare de mata ciliar no Purus. E mais, que sete espécies arbóreas se associam ao cacau para sombreá-lo, quais sejam: Cecropia sp. (imbaúba), Eschweilera odorata (mata-mata), Hevea brasiliensis (seringueira), Ficus sp. (gameleira), Aspidosperma sp. (amarelinho), Pouteria sp. (abiurana ou maparajuba),Calycophyllum spruceanum (mulateiro).

Os próximos trabalhos acadêmicos irão discutir a metodologia do Inventário Florestal, o mapeamento de povoamentos florestais por imagens de satélite e de radar, o estudo de genética de populações do cacau, a logística de produção do cacau e, por fim, o teste dos oito protocolos de manejo já concebidos. Novas monografias serão apresentadas até o final de 2010.

Além dos estudos realizados na UFAC, o projeto prevê também a realização de 3 trabalhos com alunos ligados à Universidade Freiburg na Alemanha, relacionados à quantificação dos cacaueiros, à germinação por sementes e estaquia e à propagação das sementes de cacau na floresta.

O projeto ao final entregará à Cooperar um Plano de Manejo Comunitário do Cacau Nativo do Purus, para ofertar, com gerenciamento, 40 toneladas de cacau.

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