O mercado para sementes florestais nativas, de toda e qualquer espécie de árvore, da Amazônia é promissor. Atualmente, esse mercado é nitidamente fragmentado em dois grandes segmentos, interligados, mas com características distintas.

O primeiro e mais importante é o segmento de sementes vivas. Se caracteriza pelo fornecimento de sementes florestais nativas com poder germinativo. Para esse segmento existem dois principais destinos para as sementes: uso biotecnológico (em pouquíssima quantidade) e para produção de mudas (que é a grande maioria).

As mudas são usadas para reposição florestal, recuperação de áreas degradadas, restauração florestal em mata ciliar e reflorestamentos para fins econômicos. Nesse segmento a oferta de sementes requer a existência de laboratório de controle técnico e de qualidade credenciado pelo Ministério da Agricultura, com objetivo de realizar, sobretudo, teste de germinação e de pureza.

Uma legislação extensa e complexa regula essa produção e, infelizmente, as normas não distinguem sementes florestais das agrícolas o que cria excesso de exigências para o caso das florestais e privilegia a produção de sementes agrícolas. As técnicas de manejo estão desenvolvidas, são de simples aplicação e com custos compatíveis com a realidade rural e florestal amazônica.

Já o segundo nicho de mercado compõe o segmento de sementes mortas, que se caracteriza pelo fornecimento de sementes sem poder germinativo ou para finalidades nas quais o poder germinativo não interessa, quer dizer, ou as sementes já são ofertadas mortas ou morrerão no processamento do produto final.

Há dois destinos para as sementes mortas bijuterias e peças de ornamentação, sendo o primeiro caso, atualmente, responsável pela maior parte da demanda. O mercado para o que se denominou de biobijou, ou seja, bijuterias confeccionadas a partir de matéria-prima natural, se contrapondo ao uso de material oriundo de jazida mineral (leia-se petróleo, pedras, metal e vidro), cresce de forma surpreendente, conseguindo transpor o tradicional ecomercado (classes A e B) e chegar aos maiores mercados populares (classes C, D e E).

Para colocar sementes mortas no mercado de biobijou o produtor precisa limpar e lixar a semente. Algumas vezes, além do processamento primário terá que pintar, impermeabilizar e furar as sementes. Esse processamento secundário depende das condições contratuais com o comprador. Sementes mortas não possuem exigência de climatização para armazenamento, porém, a proteção contra ataque de insetos e fungos é necessária. Controle de qualidade é realizado diretamente pelo comprador.

A legislação e normas que regulam a oferta de sementes florestais não tratam de sementes mortas. O manejo no interior da floresta é regulado de forma equivocada pelos órgãos ambientais, vez que se direcionam ao manejo de sementes vivas e não mortas.

Mas o principal gargalo, que impede a consolidação das sementes florestais como importante componente da renda gerada pelo Manejo Florestal de Uso Múltiplo, diz respeito às confusões conceituais que envolvem o uso biotecnológico de material reprodutivo originado na floresta nativa amazônica. Confunde-se, comumente, investimentos em biotecnologia com a apropriação indébita de material biotecnológico, referência para o que no popular se denominou de biopirataria.

Ou seja, o medo do risco da biopirataria, ou seja, não da biopirataria de fato, mas do risco de que venha a ocorrer, que não diferencia sementes vivas e mortas, e se amplia de forma exponencial quando se trata de mogno, por exemplo, impede a evolução desse importante e fundamental mercado para a floresta da Amazônia.

Assim, o valor da floresta se reduz e acaba sendo mais rentável criar boi.

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