A preocupação, legítima diga-se, para com o risco de extinção de espécies florestais, em processo de exploração na Amazônia levou os tomadores de decisão, na esfera do licenciamento ambiental, a instituírem um conjunto de procedimentos burocráticos incompatíveis com a realidade na qual a atividade florestal é praticada.

As regras impostas são, com raríssimas exceções, incoerentes, desnecessárias e, em boa parte, contraditórias. Exemplos não faltam e vão desde a, considerada por muitos como nefasta, exploração madeireira, até a mais simples produção de polpa de açaí nativo.

Mas parece que a atividade de produção de fauna silvestre oferece o melhor e mais didático exemplo para compreender o problema. Primeiro pela importância da produção de carne de animais silvestres para economia e depois, de seu significado como fonte de proteína para população local.

Para se ter uma idéia das contradições é mais fácil (e os órgãos de licenciamento ficam mais satisfeitos) licenciar um criatório de paca que licenciar o seu manejo florestal no interior da floresta. Sendo que, o interior da floresta é o ambiente natural da espécie.

Ou seja, quanto mais artificial for a produção de paca (cercada, concretada e murada) tanto melhor para o licenciamento. Não se leva em conta que os custos de produção são diretamente proporcionais ao nível de artificialidade.

E o pior (momento no qual surgem as contradições), que elevados níveis de artificialidade, como o licenciamento prefere, envolve melhoramento genético e, pasmem, a introdução, mais adiante, de organismos geneticamente modificados, o que os ambientalistas odeiam.

Um outro exemplo importante pode ser encontrado na produção de sementes florestais nativas da Amazônia. Para se licenciar o manejo de sementes florestais nativas, será exigido do produtor a elaboração de um plano de manejo, com um cem número de informações.

Nesse caso, o das sementes, as exigências são justificadas para impedir que se colete toda a semente produzida pela árvore, sem deixar algumas para serem transformadas em muda e, um dia, ficar no lugar da árvore que esta envelhecendo, tudo naturalmente e, assim, evitar, novamente, o risco da extinção ecológica.

Somente quem nunca viu o espetáculo de uma árvore amazônica, após a floração lançar seus frutos e depois derrubar as sementes, para imaginar ser possível alguém coletar todas as sementes, que caem de todas as árvores daquela espécie ao mesmo tempo, na floresta. É muito difícil, para não dizer impossível.

Um fato curioso é que não se discute o conceito de extinção ecológica com mais critério. Parece conveniente poluir o imaginário popular com a idéia de que as espécies desaparecem em um piscar de olhos, de uma hora para outra.

O que não é certo. Não há notícias de espécies cujas taxas populacionais, tivessem sofrido reduções drásticas, sem que não houvesse tempo, técnica e recursos suficientes, para reverter esse quadro.

É possível que nenhuma outra espécie florestal tenha gerado tanta riqueza e tenha sido tão intensamente explorada como a borracha, sendo que em nenhum momento a seringueira correu risco de extinção.

Na verdade a extinção comercial da borracha amazônica chegou e a extinção ecológica da seringueira nunca.

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