A ciência florestal no mundo tem se concentrado no esforço de estudar a idade das árvores, como instrumento para se conhecer o passado distante. A essa área do conhecimento deu-se a denominação de Dendrocronologia.

A Dendrocronologia baseia-se no princípio de que, por meio da visualização e análise dos anéis de crescimento dos troncos, é possível determinar-se tanto a idade, quanto a história das árvores. Como as árvores crescem em camadas que se formam, uma sobre as outras, em períodos constantes (a cada doze meses, por exemplo), é possível contar cada camada, em uma dada secção do tronco.

O exame dos anéis de um determinado exemplar revela o que ocorreu durante a vida dessa árvore a cada ano. Quanto de frio ela suportou, quantos raios atingiram, quantos e que tipos de animais roeram seu tronco, e assim por diante.

Assim, árvores com idades avançadas podem ser eficientes indicadores para análise das condições de vida em épocas longínquas. A flora – em função de sua capacidade de permanência na área de ocorrência por milênios – pode fornecer informações com maior segurança que a fauna, largamente utilizada pelos estudiosos do passado remoto.

Ocorre que os animais, sobretudo os de grande porte – a chamada megafauna – migram intensamente. Para se ter uma idéia, é possível, por exemplo, encontrar exemplares da mesma espécie no norte (quente e úmido) e no sul (gelado) da América Latina, regiões com diferenças climáticas extremas. A fauna migra com facilidade, e, em situações limites, alimenta-se do que aparece.

Já as árvores são mais confiáveis, por assim dizer. Até bem pouco tempo, contudo, a identificação de árvores com idade avançada não era tarefa fácil, posto que se dependia de tecnologias que ainda estavam em processo de desenvolvimento. A boa nova é que tais tecnologias já existem.

Recentemente, um grupo de cientistas, coordenados por Leif Kullman, professor de Geografia Física da Universidade de Umea, por meio do sistema de datação por isótopos radioativos de carbono, descobriu, na Suécia, o que deve ser a árvore mais velha do mundo. Um abeto vermelho, espécie encontrada em regiões frias, com 9.550 anos de vida.

O abeto, em comparação com as espécies da floresta amazônica, é uma árvore de pequeno a médio porte. Uma ao lado da outra, não daria para acreditar que a castanheira, por exemplo, uma espécie que chega a mais de 40 metros de altura tenha, na Amazônia, uma média de idade de apenas 1.200 anos.

Aplicada à floresta amazônica, essa tecnologia poderia contribuir para a localização de espécies, ou grupo de espécies, com maior longevidade. Ao passarem por avaliação dendrocronológica, árvores milenares poderiam trazer reflexões acerca das alterações climáticas ocorridas ao longo de suas vidas. Seria possível saber, por exemplo, se elas teriam sido submetidas a queimadas e quantas vezes esses evento teria ocorrido.

Tais informações poderiam ajudar a elucidar os mistérios relacionados à população que habitava a região antes da chegada dos colonizadores.

Um bom começo poderia ser a coleta de seções de troncos em pátios de serrarias. Uma tarefa relativamente simples, que aproveitaria as árvores já derrubadas para oferta de matéria-prima, e que poderia fornecer uma quantidade impressionante de material para os dendroclonogistas analisarem.

E possível que a busca pela árvore mais velha da Amazônia trouxesse mais novidades do que as contadas pelas preguiças gigantes.

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