De todas as notícias espalhafatosas divulgadas com profissionalismo pelo governo federal que assumiu em janeiro de 2023, a comprovação, apurada com rigor e precisão pelo reconhecido Inpe, da redução do desmatamento foi a maior contribuição para a sustentabilidade da Amazônia.
Por mais que seja assustadora, a destruição de 9.001 km2 de florestas na Amazônia, no período compreendido entre 01 de agosto de 2022 a 31 de julho de 2023, foi recebida com otimismo pois pode significar a quebra em uma tendencia de alta que ganhou força a partir de 2019.
Após a provável interrupção da curva de elevação a expectativa dos estudiosos sobre desmatamento na Amazônia, incluindo o autor, é o retorno às taxas medidas até chegar ao melhor ano da estatística sobre desmatamento iniciada em 1988 (saiba mais aqui: http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=5680&artigos_ano=2023).
Considerado um ano histórico, o ciclo de desmatamento aferido entre 2011/2012 foi o único, em mais de 35 anos de exatas medições realizadas pelo Inpe, em que se destruiu área inferior a 5.000 Km2 de florestas na Amazônia.
Ainda é cedo para otimismo e cinco meses do período analisado esteve à cargo do incompetente governo de plantão em 2022 e abarcou um período eleitoral, duas condições bastante favoráveis para motivar o produtor rural a desmatar.
Há que se aguardar as próximas medições para constatar o nível de disposição política do Ministério do Meio Ambiente para enfrentar a insatisfação de pecuaristas, em sua maioria criadores de plantel reduzido de gado em pequenas propriedades rurais, de modo a impor por força da fiscalização na redução paulatina até alcançar a meta, por óbvio bastante factível, do desmatamento zero na Amazônia.
Afinal, é o que preconiza a quinta edição do plano de controle do desmatamento (conhecido pelo sofrível acrônimo PPCDAM) lançado, com inexplicável atraso diga-se, em junho último.
A orientação pouco explícita mas que, com certeza deve estar escrito em algum lugar do PPCDAM, assevera que desmatamento ilegal se resolve com policiamento e fiscalização e o legal com a premiação de alternativas produtivas que não requerem desmatamento.
Caso, por exemplo, da regulamentação do mercado oficial de carbono, que poderá no curto prazo remunerar os proprietários que decidem aumentar a área de floresta para além da Reserva Legal, ao invés de desmatar para criar um boi em cada dois hectares de pasto.
Outra promissora notícia para a sustentabilidade da Amazônia foi, durante a COP28, a publicação do edital de reflorestamento do BNDES com investimentos aproximados de 450 milhões de reais, com recursos do Fundo Amazônia.
Por sinal a retomada, após quatro anos de sabotagem, da forte captação de recursos internacionais via Fundo Amazônia, demonstra que os brasileiros estão no caminho certo e podem reconquistar o histórico protagonismo para a política internacional de meio ambiente.
Finalizando, em números relativos arredondados a área de floresta destruída na Amazônia na série 2022/2023 foi 22% menor que o corte raso realizado no período anterior, entre 2021/2022.
Encerrando o ano uma excelente notícia: a COP30 em 2025 será em Belém para deixar claro que a conservação da floresta na Amazônia é prioridade planetária.