De nada adiantará alterar as palavras se uma leitura de seu significado para o cotidiano das pessoas não estiver bem claro. Desde 1992, quando os países associados à ONU conseguiram chegar a uma definição para o conceito de Desenvolvimento Sustentável, que as pessoas e instituições internalizaram, de variadas formas, sua interpretação do que seria isso.

Satisfazer as demandas das gerações atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender suas demandas, foi traduzido da maneira que melhor conviesse ao interlocutor. Assim, no grande saco que se tornou o conceito de Desenvolvimento Sustentável coube, em síntese, tudo.

Até as queimadas, pratica primitiva de agricultura que lota os hospitais de crianças com infecção respiratória, destrói a fertilidade dos solos e que acarreta prejuízos econômicos bem superiores aos parcos retornos que, vez ou outra, possa ocasionar, chegou a ser incluída, quando realizada de maneira controlada (como se isso fosse possível) no rol das possibilidades sustentáveis.

A mineração de jazidas, como as de petróleo, ferro, alumínio e vidro, somente para ficar nas mais usuais, também conseguiriam conquistar a sustentabilidade, desde que o enorme buraco deixado pela escavação fosse coberto depois da exploração. Ou seja, com os buracos encobertos os impactos da mineração estariam no rol das possibilidades sustentáveis.

O desmatamento de florestas na Amazônia, para introdução de uma agropecuária voltada para o agronegócio da carne de gado e soja, também poderia conseguir seu passaporte para a sustentabilidade, desde que se deixassem nacos de vegetação nas beiras dos igarapés e olhos d’água. Mantidos os fragmentos de floresta as imensas áreas desmatadas pela agropecuária estariam no rol das possibilidades sustentáveis.

Tudo ia bem, até que se descobriu o óbvio: vivia-se na mentira.

Nada desse modelo de produção era, de fato, sustentável. E o termômetro, que chamou atenção da humanidade para isso foi o aquecimento do planeta. Ocorre que depois de uma discussão sobre se as mudanças climáticas levariam ao esfriamento ou aquecimento, não há mais dúvidas, se tudo der certo, no curto prazo, todos estarão torrados.

A partir daí uma leitura concreta do conceito de desenvolvimento sustentável era mais que urgente. O ponto de apoio para tal leitura veio da constatação, de que o maior responsável pelo aquecimento global era o monóxido de carbono, CO2. Apesar de existirem vários gases causadores do efeito estufa e do, conseqüente, aquecimento do planeta, a atmosfera possui carbono em maior quantidade e, o mais grave, por muito mais tempo.

Uma vez que todos concordaram com o alvo, o monitoramento e a redução da emissão de CO2 na atmosfera passariam, respectivamente, à condição de prioridade para pesquisa e para as indústrias internacionais.

Surgia daí uma nova economia, ou melhor, um novo sistema econômico para substituir aquele baseado no petróleo e, por isso, intensivo em carbono, que precisa ser retirado da atmosfera.

Economia do baixo carbono foi o nome dado a essa nova fase do Desenvolvimento Sustentável.

Mas, dessa vez, os objetivos são claros: reduzir toda atividade que coloca carbono na atmosfera. Como por exemplo, desmatamento e queimada.

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