Enganaram-se quem pensou que a dificuldade, ou melhor, quase impossibilidade em se controlar incêndios florestais fosse um privilégio brasileiro. Situação mais alarmante pode ser encontrada nos países amazônicos vizinhos. Em nenhum deles, sem exceção, há condições para atuar quando a floresta tropical começar a queimar.

Uma análise simples demonstra que não existem pessoal disponível e qualificado para tratar de incêndios florestais e que em nenhum país se adquiriu equipamentos adequados para controle de incêndios, desde os mais sofisticados como os aviões anfíbios até os mais simples para uso local como os conhecidos abafadores.

Ou seja, não há pessoal, infraestrutura, recursos financeiros e, o mais grave, tecnologia para lidar com os incêndios. Não se consegue estabelecer procedimentos para monitoramento, análise de risco e controle de incêndios florestais na Amazônia.

Com algumas diferenças, uns mais necessitados que outros, mas todos os países amazônicos são carentes e não estão preparados para esse tipo de tragédia. Acontece que se há alguns poucos anos os incêndios florestais não mereciam atenção, a situação atual é bem diferente.

É mais que chegada a hora da Organização do Tradado de Cooperação da Amazônia, OTCA, articular os países para estruturação de um plano conjunto para evitar e controlar incêndios florestais. Talvez seja a hora de se adiantar ao perigo e iniciar a formação de brigadas internacionais para controle de incêndios florestais na Amazônia.

A demanda por um plano regional para incêndios florestais é mais que urgente por várias razões. Primeiro devido às alterações climáticas que colocaram uma enorme área coberta pelo ecossistema florestal sob risco do fogo.

Segundo que cada país, separadamente, encontrará sérias dificuldades para controlar incêndios florestais, diante da magnitude dos que já ocorrerão e podem voltar a ocorrer na imensidão da Amazônia.

E terceiro que as florestas são contínuas entre os países, o que faz com que as decisões sobre o modelo de ocupação tomadas em um país, comprometa o futuro do ecossistema florestal do país ao lado.

O alerta acerca da importância, de uma ação conjunta e organizada entre os países foi dado por um representante da área ambiental boliviana, que diante da catástrofe e de forma intencional ou não, desabafou:

“É um desastre ambiental. Temos seis incêndios florestais com uma altura de 50 metros, que estão aumentando. Não temos condições para apagar incêndios florestais graves”, disse o diretor geral de assuntos florestais do Ministério do Meio Ambiente boliviano, Weimar Becerra, à rádio Erbol.

A conclusão dos vizinhos bolivianos é que iriam recorrer ao Brasil e Argentina, para solicitar ajuda para controlar os incêndios florestais. Provavelmente eles terão contato com uma realidade não muito animadora, quando perceberem que do lado de cá também não se tem tanta condição assim para controlar incêndios florestais.

A região, como um todo, está despreparada para enfrentar esse tipo de calamidade. Não se trata de um país em separado, mas toda região. E nesses casos uma atuação compartilhada parece ser o mais indicado.

Afinal, em um mundo que tenta se adequar a uma economia de baixo carbono, que possa encontrar um caminho de sustentabilidade, conviver no cotidiano com novas calamidades parece ser inevitável. É preciso estar atento e se antecipar ao risco.

Incêndio Florestal é tragédia. Quando acontece o prejuízo é incalculável.

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