Frase famosa na política americana afirma que vencer a eleição depende de várias coisas pontuais e sempre da economia, por isso o estúpido!
Guardando necessário distanciamento o mesmo vale para resolver o problema das queimadas na Amazônia posto que a razão é econômica.
Não existe queimada criminosa com algum significado estatístico.
A ocorrência de queimada em mais de 90% dos casos é intencional e, o mais importante, um direito do produtor que queima. Trata-se de uma prática agrícola nefasta, mas que é usada de maneira constante e a mais de 100 anos para limpar e adubar o solo.
A terra queimada, igualmente em mais de 90% dos casos, será usada de maneira direta ou indireta na pecuária extensiva para cultivar capim e criar boi solto no pasto.
Esse ponto é muito importante para entender as causas da fumaça que coloca em risco a vida urbana no Acre, por exemplo.
Repetindo, não é crime e as queimadas possuem amparo legal e, o mais óbvio para entender, uma razão econômica reconhecida, comprovada pela ciência e, de certa maneira, compreensível.
O raciocínio econômico começa assim. Para o produtor com recursos financeiros limitados, a atividade produtiva da pecuária extensiva é a saída para usar a terra que dispõe, quase sempre dos programas de reforma agrária do governo federal desde a década de 1970.
Além da terra o produtor acessa no Basa o dinheiro, por meio de um crédito rural merecido e subsidiado oriundo do Programa Nacional de Agricultura Familiar e do FNO. Esse mesmo raciocínio também vale para as grandes propriedades, com plantel de mais de 5.000 cabeças de gado solto no pasto.
Muito mais importante é saber que tanto o Basa como o sistema normativo vigente incentiva o desmatamento. A queimada vem logo depois igualmente com amparo do Código Florestal e dos bancos estatais.
Queimadas ou como se equivoca aquele jornalista desinformado os inexistentes incêndios florestais (floresta em pé na Amazônia em 2024 ainda não pega fogo, mas isso vai mudar um dia se tudo continuar como está) não são criminosas, salvo raríssimas e desconsideradas exceções.
O produtor é amparado pela lei, no caso o Código Florestal, e pratica a queimada por uma razão econômica compreensível, reduzir o custo de produzir o seu gado solto no pasto.
Arar e gradear o solo são atividades caras, com custo elevado e, na maioria das vezes, superior ao orçamento do produtor.
Sem entender e se responsabilizar pelos prejuízos sociais e ambientais o produtor irá queimar sempre.
O clima seco, de julho a setembro, transforma em tragédia uma prática agrícola que deveria ter sido abolida há mais de trinta anos, ainda no final do século passado, isto é desde muito tempo.
Não tem romantismo e luta do bom contra o mau é a economia estúpido!
A solução rápida é a moratória do crédito rural do Basa para pecuária extensiva em 2025. Mas qual político tem coragem para isso?
Quase ninguém. Bem poucas pessoas conseguem fazer a ligação entre a feira agropecuária conhecida por Expoacre com a quantidade de fumaça em constante elevação no Acre.
Primeiro, cabe aqui um esclarecimento importante.
Existe uma diferença enorme entre o agronegócio da produção de grãos, a soja, por exemplo, que é realizado em Rondônia e todos os lugares até o Rio Grande do Sul, com elevada tecnologia e sementes melhoradas, com a criação de boi solto no pasto.
No primeiro caso, não se fala no uso do fogo para preparar o solo onde será cultivada a soja e o milho, no processo de rotação indicado pela reconhecida Embrapa.
Muito diferente do segundo caso, em que a aração, gradação e plantio mecanizado de capim para suportar um boi em cada dois hectares usa e, em certas propriedades, depende do uso do fogo.
Cabe outro esclarecimento aqui.
O uso do fogo é amparado pela legislação. Isto é, o produtor tem direito a colocar fogo nas montanhas de restos de galhos e outros resíduos ou matéria orgânica que que as leiras para queima ao lado do pasto.
O problema na atividade econômica do agronegócio da pecuária extensiva é que o uso do fogo para queimar o material depositado no enleiramento se transformou em queimada, uma prática agrícola usada para queimar o próprio pasto em um sistema de renovação, bastante equivocado, diga-se.
Atualmente a queima de pasto velho, para aproveitar o adubo vindo das cinzas na rebrota do capim, a princípio renovado, representa a maior parcela da fumaça que vem da pecuária extensiva que, por sua vez, representa mais de 80% de toda fumaça que torna a vida no Acre insuportável em agosto e setembro.
É nesse ponto que entra o Projeto de Governo denominado de Agronegócio, com foco na pecuária extensiva, e a ExpoAcre no incentivo para produzir mais fumaça.
Não é o clima o responsável, embora exista um momento oportuno para queimar quando a umidade relativa está bem baixa e a seca facilita, de um lado, que o fogo se alastre e, de outro, que a fumaça não circule para a atmosfera.
Por isso quando chega agosto e setembro, o produtor sabe que é chegada a hora de queimar, mesmo sabendo também que a fumaça vai permanecer nas vias respiratórias de todos.
Também por isso o Decreto de Moratória, que torna toda e qualquer queimada ilegal por um determinado período, vem sendo editado pelo governo federal nos últimos 20 anos de maneira recorrente.
Claro que a moratória é medida desesperadora que não resolve o problema para o ano seguinte.
A solução definitiva está no fim do apoio estatal e financeiro, em especial aquele ofertado pelo Basa, ao agronegócio da pecuária extensiva, não tem outra.
Enquanto pelo lado de cá a criação extensiva de gado na Amazônia é incentivada com crédito subsidiado oferecido por bancos estatais como o Basa, a Dinamarca decidiu taxar o boi.
Para aqueles que não acompanham os detalhes que envolvem a incapacidade do governo federal para reduzir a área de florestas que todos os anos, sem interrupção, é desmatada na Amazônia vale uma pequena e rápida explicação.
Primeiro ponto importante.
O mapeamento da área desmatada até 2023 não deixa dúvida de que a criação extensiva de boi ocupa em média 80% do solo em que as árvores são substituídas por capim, chegando a mais de 90% em locais como o Acre.
Segundo ponto importante.
Não existe predominância de pequena ou grande propriedade, a pecuária extensiva ocupa todos os estabelecimentos rurais na Amazônia sem distinção, sendo que a quantidade de pequenos criadores de boi solto no pasto pode chegar a dez vezes mais que a quantidade de grandes estabelecimentos rurais.
Terceiro ponto importante.
Todo produtor, localizado em realidade bem diferenciada, tem em comum a prática da pecuária extensiva, uma atividade rural que é hegemônica na Amazônia e que se viabiliza por meio do desmatamento de novas áreas de florestas, acessa o crédito rural por meio do FNO e do Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar), em sua maior parte gerenciado pelo Basa.
Conclusão, o dinheiro proveniente do crédito estatal subsidiado fornece o capital para ampliação do plantel de boi solto no pasto que, por sua vez, garante as taxas anuais de desmatamento.
Para frear o ciclo vicioso representado pela pecuária, a Dinamarca tomou uma decisão única e histórica.
Vai cobrar do produtor o equivalente a 100 euros por ano por cada boi, em uma iniciativa pioneira no mundo, para instituir taxa de carbono na pecuária.
O valor de 100 euros foi calculado a partir da quantidade de carbono presente no gás metano expelido pela vaca e boi no estrume, flatulência e arroto. Animais ruminantes produzem metano no processo digestivo do capim.
Para honrar o compromisso assumido no Acordo de Paris, assinado em 2015, os dinamarqueses precisam reduzir a participação da pecuária nas emissões de carbono, hoje equivalente a 50% do total.
Resumindo, taxar o boi e zerar o financiamento da pecuária extensiva pelo Pronaf e Basa é caminho para o desmatamento zero da Amazônia.
Aprovada em 2017, em conjunto com um emaranhado de ações para honrar os compromissos assinados pelos brasileiros na assinatura do Acordo de Paris em 2015, a Política e o Plano Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa, ou Planaveg, ainda não passam de somente boas intenções.
Há, de início, duas constatações que embora não justifiquem a estagnação, ajudam a entender as dificuldades para colocar em prática projetos para restauração do solo e das áreas desmatadas e esgotadas pela pecuária extensiva, sobretudo na Amazônia.
A primeira e bastante óbvia por sinal, se refere à paralisia decisória, termo empregado de modo exaustivo pelos estudiosos da ciência política quando querem determinar os lapsos temporais em que os gestores públicos deixam de tomar qualquer tipo de decisão, mesmo aquelas consideradas urgentes.
No caso brasileiro, o período que vai de 2019 a 2022 marca, é bem provável, o período de maior tempo em que a área ambiental do governo federal estancou em uma paralisia decisória nefasta e perigosa em relação à Amazônia.
Ocorre que o país vinha desde 2016, em especial após sair da escomunal crise econômica iniciada em 2014, discutindo e aprovando um conjunto de ações para restauração de ecossistemas florestais, de modo a atender a urgência pactuada pelos países associados à ONU.
Durante os quatro anos de paralisia decisória que se seguiram à elevada prioridade fornecida pelo Governo Temer, até 2018, para a política nacional de meio ambiente, o país deixou de honrar vários compromissos assumidos perante todos os outros países, com o governo federal explicitando pouco interesse sem se importar se eram urgentes ou não.
Já segunda e mais recente constatação, veio da revisão dos números ou a quantidade de hectares que foram desmatados pela pecuária extensiva e que, portanto, deveriam ter as florestas originais restauradas ou reflorestadas.
Para quem desconhece o termo técnico em engenharia florestal restauração significa refazer o caminho da composição da floresta nativa original, enquanto reflorestar significa colocar árvores, de preferência nativas, no lugar do pasto ativo ou, como na maioria das vezes, que foi esgotado e abandonado.
A primeira meta, definida em 2015, estipulou a recuperação de 12 milhões de hectares de florestas nativas em todo país,
Na Amazônia a prioridade seria a floresta de mata ciliar dos rios tendo em vista a recorrência de secas e alagações. A importância das florestas de mata ciliar para equilíbrio hidrológico do rio possui robusta literatura científica.
Finalmente, tornar realidade os projetos de recuperação dos ecossistemas florestais brasileiros atende a inúmeras normas e legislação nacional, desde o Código Florestal de 2012, e três pactos internacionais.
Além do Acordo de Paris os brasileiros se comprometeram com a meta mundial de recuperar 150 milhões de hectares pelo Desafio de Bonn, aumentado para 300 milhões pela Declaração de Nova Iorque sobre Florestas em 2014 e pela Iniciativa 20×20 específica para as florestas da América Latina, assinada na COP 20 em Lima no Peru.
Se tudo isso não fosse suficiente, executar a Política Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa será uma decisória contribuição dos brasileiros para a Década da Restauração dos Ecossistemas, declarada pela ONU de 2020 a 2030.
Substituir alumínio por madeira tem concentrado esforço do mercado da construção civil já há algum tempo e as razões são fáceis de entender: o emprego do alumínio contribui para aumentar a temperatura do planeta enquanto o uso da madeira diminui.
Alumínio, ferro, areia e cimento formam o conjunto básico de insumos para a construção de residências, pontes e prédios no Brasil, desde que os portugueses chegaram por aqui.
Com fartura de jazidas os construtores portugueses e brasileiros extraíram país afora, os minerais que compõem a paisagem urbana e, em menor medida rural, das capitais e cidades do interior.
Todas as jazidas, sem exceção, e em maior ou menor grau exigem para serem exploradas um dispêndio enorme de energia o que, por sua vez, produz toneladas de carbono que vão parar na atmosfera.
Daí em diante todos já sabem.
A concentração de carbono (e outros gases, mas com predominância do carbono), causa o efeito estufa que aumenta o calor e a temperatura do planeta e o risco de ocorrência de tragédias com secas e alagações, cada vez mais comuns.
Alterar essa realidade, ou melhor, reduzir a pegada de carbono da construção civil depende da substituição das jazidas minerais por um produto nobre, bonito e agora, mais barato: a madeira.
Como reiterado nesse espaço, a madeira é proveniente de árvores plantadas ou manejadas em floresta nativa com essa finalidade e possuem a característica especial de sequestrar, ou manter, carbono em sua estrutura por centenas de anos.
Uma árvore cresce tirando carbono da atmosfera para compor a celulose e a lignina que juntas formam a madeira, que vai virar um prédio ou uma residência e será usada por séculos. Isso mesmo, mais de cem anos.
Depois de os japoneses construírem em madeira o maior prédio do mundo (saiba mais aqui: http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=4137), os holandeses todo um bairro em madeira (saiba mais aqui: https://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=5328) chegou o momento dos paulistas.
Nessa tendência a empresa Noah, que conta com especialistas no emprego da madeira em obras, inclusive para confecção de vigas, lajes e pilastras, vai erguer o primeiro prédio brasileiro 100% Madeira na região mais rica do país.
Com recursos de fundos de investimentos imobiliários a Noah construirá o que chama de “boutique offices”, com projeto arquitetônico arrojado e único para instalação de escritórios.
Segundo os executivos da Noah será o primeiro prédio em que os custos relacionados ao projeto 100% Madeira são iguais aos das jazidas, intensivas em carbono.
Mais bonita, arquitetônica, paisagística, barata e o melhor, reduzindo a temperatura do planeta, a madeira passa a ser prioridade na construção civil.
O diagnóstico acerca dos efeitos nefastos para a economia da Amazônia devido a hegemonia da criação extensiva de gado na sua ocupação produtiva foi amplamente elaborado e repetido em diversas dissertações de mestrado e teses de doutorado.
Bem mais raro, entretanto, é encontrar pesquisas que apontem soluções que permitam a superação desse nebuloso período de predomínio da pecuária extensiva, até a estagnação da economia em larga escala e por muito tempo, desde a década de 1970 do século passado, ou por mais de cinquenta anos.
Pode parecer absurdo contudo a insistência no erro econômico representado pelo agronegócio da pecuária extensiva possui razões históricas até certo ponto compreensíveis.
Afinal desmatar, plantar capim e colocar alguns animais são atividades que exigem poucas qualificações, pouco capital, poucos trabalhadores e, o item de maior fartura na região, muita terra barata.
Todavia, ainda há tempo e a discussão sobre a bioeconomia na Amazônia pode representar o esperado divisor de águas na história do seu desenvolvimento.
O primeiro passo será demonstrar, a partir de séries estatísticas robustas e disponíveis, a urgência por uma revisão do processo de ocupação social e econômico vivenciado na região, diante da realidade de uma economia que não gera riqueza devido as limitações impostas pelas características físicas, químicas e biológicas do ecossistema florestal.
Não há espaço político, nacional e internacional, para ampliar a área desmatada de modo a oferecer ao agronegócio da pecuária extensiva o ganho de escala que requer.
Empregando a teoria dos ciclos econômicos como fio condutor, é possível identificar momentos distintos da história econômica da Amazônia.
O ponto de partida foram os ciclos baseados na diversidade biológica, como o das drogas do sertão, dos pescados e tartaruga e, o mais importante, os dois ciclos da borracha. E, o ponto de chegada, as fases atuais da madeira, mineração, agricultura e pecuária.
As causas do surgimento, auge e declínio de cada ciclo facilitam a compreensão da realidade produtiva da região, o que sustenta a definição de investimentos em política pública com diferenciação entre os setores a serem estimulados e aqueles que dependem do desmatamento e que, portanto, devem ser inibidos.
Afinal, o recurso público e privado prioritário deverá dar ênfase em um cluster, ou aglomerado econômico, baseado no ecossistema florestal como elemento fundamental para ampliar a vantagem competitiva da Amazônia frente a outras regiões com visível vocação para o agronegócio da pecuária.
Após a superação, ainda no final do século passado, da produção de madeira realizada de maneira irregular e, em grande parte, no rastro do desmatamento praticado para a instalação da pecuária extensiva, a dinâmica do licenciamento ambiental do manejo florestal, exploração e beneficiamento de produtos de madeira precisam ser mais bem dimensionados.
Por sinal, assumindo que o produto madeira certificada não poderá ficar de fora da bioeconomia pensada para a Amazônia, foi de fundamental importância a inclusão na política pública da tecnologia de manejo florestal há muito tempo empregada na região.
Inclusive, as históricas experiências de manejo florestal comunitário de madeira e outros produtos florestais, algumas exemplarmente conduzidas no Acre, contribuíram sobremaneira para superar as incertezas quanto à viabilidade técnica do manejo florestal em pequenas propriedades e de maneira compatível com as características do ecossistema florestal da Amazônia.
Finalmente, o dinheiro da política pública que fez a pecuária extensiva ocupar toda região precisa ser repetido para a bioeconomia do cluster florestal na Amazônia.
Embora a Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre se esforce em estudar a domesticação de eucalipto na bacia hidrográfica do rio Acre, acreditando na viabilidade econômica de plantios em larga escala, a realidade em Mato Grosso do Sul, MS, comprova o contrário.
Com um aglomerado econômico consolidado, que inclui o plantio de eucalipto para produção de celulose, de madeira para o setor moveleiro e a geração de energia elétrica por meio de biomassa de eucalipto, por isso a denominação de Cluster Florestal, o MS exportará mais produtos de florestas que soja no curto prazo.
Após conquistar o título de Capital Nacional da Celulose para o município de Três Lagoas, oficializado pela aprovação da Lei 14.142, em 2021, o MS busca o reconhecimento de Capital Nacional do Eucalipto para a cidade Ribas de Rio Pardo.
Um total de cinco indústrias de grande porte estão instaladas no Cluster Florestal com a presença de gigantes do setor como a Eldorado Brasil, Suzano, Bracel e a multinacional chilena Arauco.
Todas as indústrias possuem áreas cultivadas com eucalipto que somadas chegam a 1,7 milhões de hectares e devem alcançar no curto prazo, segundo a Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas, Reflore-MS, a 2 milhões superando Minas Gerais.
Com logística favorecida para escoamento da produção pelo porto de Santos, onde a Eldorado Brasil venceu recente leilão de terminal que terá capacidade para embarcar até três milhões de toneladas de celulose por ano, o Cluster Florestal do MS inclui, ainda segundo a Reflore-MS, cinco municípios em que a oferta de emprego e renda passará por profundas melhorias.
Iniciado em Três Lagoas, cidade que nos últimos 20 anos passou por um acelerado permanente crescimento econômico, onde estão sediadas as plantas da Eldorado Brasil e Suzano, o Cluster Florestal se estende para Ribas do Rio Pardo, Brasilândia, Água Clara e Inocência. Todos com melhorias sensíveis na oferta de emprego e geração de riqueza.
Para uma ideia aproximada da importância do eucalipto para economia estadual, o Cluster Florestal oferece atualmente, em todos os elos de uma diversificada e sustentável cadeia produtiva, 90 mil empregos e exportou, em 2022, mais de 4 milhões de toneladas de celulose o que equivale a 1,5 bilhão de dólares de receita.
Fruto de um planejamento estatal de longo prazo bastante incomum em políticas de desenvolvimento estaduais e que se mostrou impossível na realidade política do Acre, o Cluster Florestal do MS caminha para se tornar referência no mercado europeu.
Finalmente, vale acrescentar que o eixo logístico ligando o MS aos portos no Chile, atravessando o Paraguai e Argentina, está previsto no PAC 2023 do governo federal e permitirá a saída de celulose para os mercados do oceano pacífico.
Haja pensamento positivo para acreditar que Rondônia terá condições de competir com o Cluster Florestal do MS e participar de forma ativa no setor de celulose.
No caso do Acre, por óbvio, o eucalipto vai precisar de algo mais que pensamento positivo, talvez alguns milagres para superar a criação extensiva de boi. É só esperar!
Triste acompanhar as discussões, que além de inúteis são na maioria baseadas em achismos sobre a ciência da sustentabilidade ecológica, em relação aos uniformes preparados pela empresa Riachuelo para cerimônia de abertura e encerramento das Olímpiadas de Paris.
Deixando de lado ideias esquisitas sobre colonialismo europeu, (por sinal o uniforme dos portugueses são tradicionais e comportados) e outras besteirinhas mais inusitadas sobre divisão política na sociedade brasileira, as críticas em relação ao quesito sustentabilidade ecológica e social beiram ao ridículo.
Três pontos centralizam as críticas sobre um falso apelo ecológico (greenwashing para os que preferem o termo em inglês sem tradução para o nosso português) do uniforme olímpico desenhado pela Riachuelo para o COB.
O primeiro e talvez mais grave, diz respeito ao anúncio, pela Riachuelo, de que 100% do tecido usado na fabricação dos quase 1.000 uniformes dos atletas foram reciclados de aparas ou sobras que saem de sua indústria têxtil em Pernambuco.
A empresa confirma que, de concreto, 23% das fibras são recicladas conforme tecnologia desenvolvida pelo reconhecido Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT, de São Paulo.
Antes de tudo vale esclarecer que o IPT está de parabéns ao conseguir chegar a 23% de reciclagem das fibras, algo um tanto inédito no mundo. As críticas se resumem então aos alegados 100% da propaganda, um exagero de quem não conhece o ramo da indústria têxtil.
Resumindo, 23% de reciclagem é ecológico bem acima da média mundial.
Já o segundo ponto diz respeito ao uso de água na fabricação. Há certo consenso entre especialistas, inclusive aqueles que atuam na área de conhecimento da ecologia, de que economizar água é diretamente proporcional à sustentabilidade.
Assim, o raciocínio fácil afirma que quanto menos água usada na fabricação mais sustentável do ponto de vista ecológico será o processo industrial.
Esse consenso sempre incomodou muito, posto que a quantidade de água no planeta é a mesma, não aumenta nem diminui, não muda, e sua disponibilidade para a humanidade depende de fluxo.
Explicando. Um lago com água parada e excesso de nutrientes em decomposição sofrerá eutrofização, um fenômeno que impede a entrada de luz e zera o oxigênio da água impedindo a sobrevivência de peixes e vários outros organismos presentes na ictiofauna.
A eutrofização produz odor de esgoto e impede o uso da água para qualquer finalidade. Somente o fluxo contínuo, favorece a oxigenação.
Por isso e em tese, a maior quantidade de água entrando e saindo pode deixar um sistema produtivo, qualquer sistema seja industrial ou agropecuário, mais sustentável em relação à qualidade da água.
Resumindo, economizar água é sempre positivo do ponto de vista do dispêndio de energia e outras medidas, contudo deve-se ter muito cuidado para ser usada como régua de sustentabilidade ecológica.
Finalmente, o mais incrível no inusitado debate sobre a sustentabilidade social dos uniformes olímpicos da Riachuelo foi questionar que o bordado teria sido confeccionado à mão pelas excelentes artesãs de Timbaúba dos Batistas no Rio Grande do Norte, quando as fotos mostravam o uso de máquina de costura.
Somente pessoas com vida muito urbana para desconhecer que a máquina de costura significa o mesmo que feito à mão.
Deve ser aquele tipo de gente que acha que a batata frita ecológica consumida no tira-gosto do bar não precisa de trator para ser cultivada.
Podem, talvez, não ser um dos mais bonitos, mas com certeza, o uniforme olímpico brasileiro é, de longe, o mais ecológico.
De um lado, o desmatamento, anual e persistente, que desde 2012 não fica abaixo de 5.000 Km2 de área de floresta destruída na Amazônia.
De outro, a elevação da temperatura, tornando o calor insuportável na Amazônia, com termômetros oscilando acima de 40º e acima disso no Acre, no período seco, nos meses de julho a setembro.
Separar o impacto decorrente do aquecimento do planeta daquele devido à destruição, nuca é demais repetir, anual e persistente das áreas de floresta na Amazônia, tem atraído esforço inédito de cientistas em nível nacional e internacional.
A prioridade na busca pela quantificação das consequências trazidas por cada tipo diferente de causa, desmatamento e aquecimento do planeta, pode confundir a cabeça dos menos envolvidos com o tema, mas é acertada e de certa maneira bem simples.
Mesmo que o desmatamento represente expressiva fonte do aquecimento do planeta, por isso a compreensível confusão mental, zerar a destruição das florestas na Amazônia só depende dos brasileiros.
Da mesma maneira que a redução da temperatura do planeta será possível somente com a participação de todos os países associados à Organização das Nações Unidas, ONU, em especial os mais industrializados.
Em síntese, com soberania e autonomia ampla geral e irrestrita para executar as soluções, bastante conhecidas por todos diga-se, de modo a zerar o desmatamento da Amazônia só depende de nós, brasileiros.
Diversos estudos conseguiram demonstrar uma diferenciação, quase sempre esquecida pelos acadêmicos e jamais lembrada pelos profissionais da imprensa que se empenham em mostrar a tragédia das secas e alagações, significativa entre os dois eventos.
Tentando esclarecer sem complicar a tese, bem atual, acerca das consequências trazidas pelo desmatamento e aquelas resultantes do aquecimento global, pode ser descrita assim:
Desmatamento tem impacto direto na chuva que cai ou não no local que foi desmatado e indireto em outras regiões do país.
Aquecimento global tem influência direta na temperatura ao aumentar o calor de maneira geral em todo planeta (por óbvio, uma região antes considerada quente potencializará a sensação térmica).
Continuando com o raciocínio, ao colocar a destruição da floresta no centro do debate sobre precipitação ou chuva, fica claro que as trágicas alagações e secas possuem causa primordial no desmatamento da Amazônia e bem menos nas mudanças do clima planetário.
Infelizmente, os jornalistas e gestores públicos preferiram associar a última alagação no Acre ao aquecimento do planeta e a tudo mais que não o desmatamento no próprio Acre e na Amazônia, erraram novamente, como sempre.
Zerar o desmatamento é uma decisão de política pública, em especial do governo federal, que fará chover mais ou menos na Amazônia e no país. Simples assim!
Demorou mais do que devia, mas a madeira finalmente foi reconhecida como matéria-prima preferencial para uso cotidiano em milhares de aplicações possíveis, do carro ao computador passando, em especial, pela construção civil.
Sem qualquer razão plausível a madeira foi hostilizada por décadas pela porção mais desinformada do movimento ambientalista brasileiro, que ainda não admite que uma árvore seja derrubada, a despeito de ter sido plantada e cultivada em florestas para uso comercial (saiba mais aqui http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=2257).
Com equívoco assombroso e recorrente os ambientalistas cegos preferem defender o uso de minerais, com destaque para o alumínio como substituto da madeira nas janelas de prédios e residências de baixo custo destinadas a programas de habitação popular, que são oriundos de jazidas e explorados pela mineração até a exaustão.
Não consegue entender, aquele ambientalista cabeça dura, e muitos ainda não compreendem o significado, para a sustentabilidade do planeta, de uma matéria-prima renovável.
O que coloca a madeira em um pedestal único para mitigar os efeitos da grave crise oriunda do aquecimento global.
Deixando mais claro. Diferente do alumínio, a árvore que deu origem a madeira que foi manufaturada em um guarda-roupa ou mesa, será plantada novamente renovando um ciclo virtuoso de sequestro e imobilização de carbono na rotina diária da humanidade.
Enquanto durar a mesa, o que pode levar até 100 anos, quase 100% da madeira composta de celulose com igualmente quase 100% de carbono ficará retido na mesa dentro da casa ou do escritório do usuário.
Melhor ainda, na equação que ajuda a salvar o planeta do calor, não entra somente a quantidade de carbono que ficou retida na mesa, posto que de maneira natural ou plantada novas árvores surgem e, em seu processo de crescimento, vão retirar todo carbono da atmosfera para transformar, ou melhor, para fazer a madeira do tronco que vai virar novas mesas.
Depois de serem aplaudidos pela construção do maior prédio do mundo em madeira (saiba mais aqui http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=4137) os engenheiros florestais e cientistas japoneses com ousadia de sobra, chegaram ao limite de construírem um satélite, todo em madeira.
Sob a justificativa, muito inteligente diga-se, de contribuir para reduzir o lixo espacial que é composto em mais de 80% de alumínio, que resiste até o fim do mundo e inclusive quando atraído pela força de gravidade dos planetas, a madeira se desintegra durante sua vida útil e, o mais impressionante, entra em combustão virando cinzas antes de retornar ao solo do planeta.
A lição dos japoneses, um país insular formado por um arquipélago e com óbvias dificuldades para disponibilizar solos para cultivar árvores, deve ser assimilada pelos brasileiros que possuem área agrícola de sobre para plantar árvores.
Aos ambientalistas desinformados, por sua vez, restaria ainda perder o desprezível preconceito com a espécie florestal que representa mais de 90% das árvores plantadas nos pais, o eucalipto, que, de maneira estupida, ainda é condenado por causar uma falaciosa seca do solo.
Tanto árvores de eucalipto, usadas em móveis e para produzir celulose que dentre centenas de uso também se transformam no nosso papel de cada dia, quanto as florestas nativas da Amazônia, podem e devem ser usadas com tecnologia para gerar renda para a sociedade ao mesmo tempo em que cumprem sua, muito prestigiada, função ecológica de retirar e estocar o carbono da atmosfera.
Além de superior em beleza e do ponto de vista arquitetônico a madeira é sustentável, melhor deixar o alumínio somente na latinha de cerveja, ou nem isso!