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RETROSPECTIVA SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA EM 2022 – Água e madeira no futuro da energia elétrica na Amazônia – publicado em 08/05/2022

Ecio Rodrigues & Aurisa Paiva, 29/01/2023

Não se deve confundir matriz energética com matriz elétrica.

A primeira se refere à oferta total de energia – da lenha queimada em fornos ao combustível consumido para o transporte de cargas e pessoas. Quanto à segunda, diz respeito especificamente à geração de energia elétrica.

Em ambos os casos, contudo, o Brasil está muito bem na foto.

Graças às águas abundantes nos rios brasileiros, em especial nos leitos amazônicos, quase 50% da matriz energética do país é gerada por fontes renováveis. Trata-se de uma marca alcançada por poucos – um grupo muito seleto de nações que ostenta os menores níveis de dependência em relação ao petróleo, e que pode se vangloriar por isso.

Enquanto, em 2021, a participação das fontes renováveis na produção mundial de energia foi de apenas 13,9%, no Brasil, diante da oferta proveniente das hidrelétricas e da contribuição trazida pelo etanol e pela biomassa florestal, essa participação chegou a 48,6%.

Ressalve-se que esses dados – fornecidos pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), estatal vinculada ao Ministério das Minas e Energia – não incluem as taxas de geração por fonte nuclear, que são limitadas e tendem a se restringir ainda mais, já que Alemanha e outros países da Europa e da Ásia planejam desligar suas respectivas usinas.

De outra banda, e ainda segundo a EPE, nada menos que 65,2% da eletricidade aqui produzida se origina da força das águas. Outros 9,1%, por seu turno, provêm da queima de biomassa; 8,8% resultam da ação dos ventos e 1,7%, do aproveitamento da luz solar.

No total – e por conta, sobretudo, das 158 hidrelétricas em operação no país –, as fontes renováveis respondem por mais de 80% da matriz elétrica brasileira, proporção muito superior aos 30% apurados em face da matriz mundial.

Por óbvio, e considerando ademais os compromissos assumidos pelo Brasil perante o Acordo de Paris, a previsão é que essa proporção se amplie significativamente até 2030.

Afinal, em vista da transição que está em curso na indústria automobilística mundial, do motor a combustão para o elétrico (saiba mais aqui: http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=3758), é preciso aumentar a participação da matriz elétrica na matriz energética nacional, de modo a possibilitar a assimilação da demanda trazida pela chegada dos novos veículos movidos a eletricidade – primeiro os de passeio, depois os utilitários e, por fim, os caminhões de carga pesada.

Já existem, no Brasil, como dito, mais de 150 hidrelétricas em funcionamento (contando apenas as de médio e grande porte), produzindo energia limpa e posicionando o país como referência mundial no assunto. Todavia, parte expressiva do movimento ambientalista ainda se opõe à geração hidráulica, notadamente quando o rio represado se situa na Amazônia.

A absurda gritaria em torno da construção das usinas de Belo Monte, no Pará, e de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia – o que resultou na majoração dos respectivos custos, causando prejuízos irreparáveis – dá uma medida das dificuldades enfrentadas todas as vezes que uma barragem começa a ser levantada (saiba mais aqui: http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=2415).

A despeito de contar com o inexplicável apoio de meia dúzia de acadêmicos, a resistência dos ativistas, longe de se justificar, contraria a ciência – e o bom senso!

Ocorre que, além de serem ambientalmente adequadas e de se ajustarem à rede fluvial da Amazônia, as hidrelétricas, juntamente com as caldeiras alimentadas por biomassa florestal (madeira), se traduzem em opção econômica prioritária para a região (saiba mais aqui: http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=2313).

A geração de energia elétrica renovável, que representa um ativo excepcional, pode ser a saída para tirar a região da persistente estagnação econômica decorrente da criação extensiva de boi.

Porém, e ao contrário do que muita gente pensa, o que existe em fartura na Amazônia não é o vento e a luz do sol, mas sim, água e madeira.

Pará será protagonista na bioeconomia da floresta em pé para Amazônia

14/05/2023

Com indicadores de destruição da floresta que assustam, sobretudo a partir de 2019 quando se desmatou 4.172 Km2 de florestas rompendo, após dez anos, a barreira dos 4.000 Km2 anuais, o Pará começa a prestar atenção em seu elevado potencial para a bioeconomia.

Nesse rumo a estratégia em bioeconomia do Pará listou um conjunto de 43 produtos de origem florestal e que devem gerar em torno de US$ 120 bilhões anuais para a economia estadual. O cacau nativo, por exemplo, será um dos destaques desse novo e ousado processo produtivo.

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Fim do Florestania no Acre: Razões para o fracasso

30/04/2023

Dentre os vários estudos especializados na análise de processo político e de governo, consagrados em extensa literatura, a teoria sobre Planejamento Estratégico Situacional, elaborada pelo economista chileno Carlos Matus ainda na década de 1970, pode elucidar alguns pontos importantes para entender o sucesso e falência do Projeto Florestania de governo no Acre.

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Sobre a alagação do rio Acre em 2023

09/04/2023

Ainda hoje, muitos políticos e gestores públicos preferem não adentrar nessa inóspita e antiga discussão por não acreditarem no desmatamento zero. Tudo bem. Outros, por razões ideológicas acreditam que o produtor no Acre ainda tem direito a desmatar e também a queimar.

Porém a relação entre desmatamento (causa) e alagação (consequência) possui evidência cientifica robusta e inquestionável.

A retirada da cobertura florestal dos solos no Acre leia-se desmatamento, causa a erosão que vai assorear os rios e igarapés e comprometer a capacidade do leito do rio receber a água da estação das chuvas.
Com a esperada vazante do rio Acre, o momento é mais que oportuno para discutir soluções definitivas para alagação e seca do rio Acre.

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Homenagem a Luiz Carvalho

01/02/2023

Os amigos o chamavam carinhosamente de Luiz Maluco, entre outras razões, por conta das incríveis teorias que ele engendrava. Uma delas ele concebeu ao ouvir, nos idos da década de 1980, no antigo programa de mensagens da Rádio Difusora, diversos avisos com teor parecido – filhos de seringueiros convocando os familiares a vender suas colocações e vir embora para a cidade. Diante do conteúdo aproximado e algo idealizado dessas mensagens, Luiz chegou à conclusão de que não passavam de um plano dos pecuaristas, no intuito de convencer a população que a vida no seringal era muito ruim e que o desmatamento e o plantio de capim eram imperativos para o desenvolvimento econômico do Acre. Ele mesmo chegou a pagar veiculações na Difusora com o propósito de desestimular o abandono das colocações de seringa e, desse modo, sabotar a suposta conspiração. Bem, conspiração ou não, Luiz estava certo, pois a pecuária se impôs na realidade do estado. Luiz Carvalho tinha muitas facetas, mas acima de tudo era um brilhante pensador. Ele se foi em 30 de janeiro último. Vai fazer falta.

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RETROSPECTIVA SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA EM 2022 (publicado originalmente em 04/12/2022): Governo fracassou: de 2019 a 2022, 45.586 km² de florestas destruídas na Amazônia

26/02/2023

Para iniciar 2023 e apresentar uma mostra da realidade vivenciada na Amazônia no ano que terminou – sob o prisma do desmatamento zero –, foram selecionados e serão novamente publicados, neste espaço, textos considerados representativos, entre os mais de 50 artigos divulgados em 2022.
O quinto e último artigo da seleção, foi publicado originalmente em 04/12/2022 com o sugestivo título “Governo fracassou: de 2019 a 2022, 45.586 km² de florestas destruídas na Amazônia”, para debater a incapacidade do governo que se despediu em se aproximar da meta prioritária do desmatamento zero da Amazônia, deixando um prejuízo incalculável para os brasileiros. Explicando melhor, o governo federal encerrado em 31 de dezembro deixou um débito de 45.586 km2 de florestas destruídas na Amazônia. Não por conta de sua posição ideológica, mas sim por incompetência, os atuais gestores não conseguiram, durante os 4 anos em que permaneceram no poder, refrear o desmatamento e, em consequência, o déficit econômico resultante da destruição da biodiversidade. Trata-se de um prejuízo irreversível e que deveria ser contabilizado. Do total de recursos desperdiçados em função da ineficiência na gestão pública, sem dúvida a maior parte se refere à perda de patrimônio representada pela devastação florestal. Não há ideologia nisso, é simples atraso e ignorância.
A todos boa releitura.

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RETROSPECTIVA SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA EM 2022 – Vote pela Amazônia – publicado em 23/10/2022

12/02/2023

Para iniciar 2023 e apresentar uma mostra da realidade vivenciada na Amazônia no ano que terminou – sob o prisma do desmatamento zero –, foram selecionados e serão novamente publicados, neste espaço, textos considerados representativos, entre os mais de 50 artigos divulgados em 2022. O quarto artigo da seleção, publicado originalmente em 23/10/2022 com o sugestivo título “Vote pela Amazônia”, destacou o desmatamento zero como prioridade nacional nos próximos 4 anos de mandato do presidente da república a partir de janeiro de 2023. Mais que isso, demonstrou que o significado das eleições para a Amazônia não reside na pavimentação de estradas, na construção de hidrelétricas ou em outras obras, uma vez que a infraestrutura necessária à região vem sendo consolidada nos últimos 50 anos e não depende do governo federal de ocasião. O que importa de verdade é zerar a destruição florestal e, para tal, é preciso reconhecer, primeiro, que a raiz do problema está na pecuária extensiva; segundo, que a motivação do produtor para desmatar é econômica. É que a decisão de investimento do produtor é estimulada pelas facilidades oferecidas pelo crédito rural subsidiado, via FNO e Pronaf. Quando essa oferta de crédito prioriza a criação extensiva de boi, como ocorre atualmente, o desmatamento aumenta. Simples assim. De outra banda, a exclusão da pecuária da oferta de crédito não implica a redução do montante destinado ao produtor rural, mas apenas seu redirecionamento a atividades produtivas que não dependem do desmatamento. Para quem mora na Amazônia e se preocupa com a floresta, vale pensar nisso na hora do voto.
A todos, boa releitura.

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Quer entender mais sobre o potencial da biodiversidade florestal da Amazônia, adquira o livro: TRANSFORMAÇÃO PRODUTIVA NA AMAZÔNIA

19/02/2023

Enquanto perdurar uma visão simplificadora no planejamento da ocupação, que desconsidera a complexidade do ecossistema florestal da Amazônia, a urgente transformação produtiva em direção a sustentabilidade não vai acontecer. Compulsando os princípios do método da complexidade, concebido por Edgar Morim, se estabelece um importante referencial para consubstanciar a guinada para o aproveitamento econômico da biodiversidade florestal da região. A todos boa leitura.

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RETROSPECTIVA SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA EM 2022 – Política Florestal de 2001 garantiu produção de madeira manejada no Acre – publicado em 26/06/2022

15/01/2023

Para iniciar 2023 e apresentar uma mostra da realidade vivenciada na Amazônia no ano que terminou – sob o prisma do desmatamento zero –, foram selecionados e serão novamente publicados, neste espaço, textos considerados representativos, entre os mais de 50 artigos divulgados em 2022. O segundo artigo da seleção, publicado originalmente em 26/06/2022 com o sugestivo título “Política Florestal de 2001 garantiu produção de madeira manejada no Acre”, discute os efeitos positivos da política estadual de florestas implantada no início do século. Ao priorizar a produção tecnificada e permanente de madeira a política comprovou a superioridade econômica da biodiversidade florestal frente a criação extensiva de gado. O primeiro passo decisivo foi derrubar a ideia de ilegalidade em relação à exploração madeireira – como se todo caminhão toreiro deixasse um rastro de destruição pelo caminho. No Acre, porém (graças, sobretudo, à Política Florestal instituída em 2001), essa realidade ficou no século passado. Assim, não existe hoje, no estado, produção ilegal de madeira com significado estatístico. Por outro lado, saem da floresta 3 tipos de madeira em tora, todos regularizados, mas com preços diferenciados, de acordo com sua respectiva origem: a madeira do desmatamento, a mais desvalorizada, já que provém das áreas desmatadas para instalação de pasto/roçado e se caracteriza por elevadíssimo impacto ambiental; a madeira manejada, mais valorizada, produzida mediante a aplicação da tecnologia do manejo florestal, sob baixo impacto ambiental; por fim, a mais valiosa, a madeira certificada, que é manejada e cumpre uma série de exigências para obtenção do selo verde. A política de 2001 foi exitosa ao fomentar o manejo e conter a oferta irregular de madeira. É chegada a hora de uma segunda política florestal, a ser direcionada para zerar o desmatamento legalizado, tirando do mercado a madeira não manejada.
A todos boa releitura.

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Quer entender mais sobre o potencial da biodiversidade florestal da Amazônia, baixe o livro: CLUSTER DE BIODIVERSIDADE NA AMAZÔNIA

05/02/2023

Com distribuição gratuita o livro parte de duas hipóteses: primeira, que a biodiversidade florestal da Amazônia terá maior competitividade no médio prazo que sua substituição pelo cultivo de capim para pecuária extensiva; e segunda, que essa maior competitividade será alcançada por meio da instalação de arranjos produtivos nos moldes de um Cluster de Biodiversidade, o livro apresenta uma saída econômica para elevar o IDH regional ao mesmo tempo em que zera o desmatamento na Amazônia. Não será simples nem rápido, mas é possível.
A todos boa leitura.

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Quer entender mais sobre o potencial econômico da biodiversidade florestal da Amazônia, adquira esse livro: Economia e sustentabilidade na Amazônia

22/01/2023

Ao discutir os acordos internacionais desde a Conferência da ONU no Rio de Janeiro em 1992 até a assinatura do Acordo de Paris em 2015, o livro atrai atenção de profissionais que atuam no campo da economia e da sustentabilidade, com foco para a biodiversidade florestal da Amazônia. Afinal a expectativa é que, após a realização da COP 26, na Escócia, os mais de 195 países associados à ONU logrem fazer chegar ao cotidiano dos indivíduos e empresas as implicações de um novo modelo de desenvolvimento que supere, verdadeiramente, a economia ancorada no petróleo e que ainda persiste em todo o planeta. Nunca é demais lembrar, na Amazônia a economia de baixo carbono depende do desmatamento zero e da geração de riqueza por meio da biodiversidade florestal.

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RETROSPECTIVA SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA EM 2022 – Código Florestal, 10 anos depois – publicado em 10/03/2022

01/01/2023

Para iniciar 2023 e apresentar uma mostra da realidade vivenciada na Amazônia no ano que terminou – sob o prisma do desmatamento zero –, foram selecionados e serão novamente publicados, neste espaço, textos considerados representativos, entre os mais de 50 artigos divulgados em 2022.
O primeiro artigo da seleção, publicado originalmente em 10/03/2022 com o sugestivo título “Código Florestal, 10 anos depois”, discute a importância e o divisor jurídico trazido para a política florestal brasileira a partir da aprovação do Código Florestal em 2012. Fruto de uma negociação política complexa entre ambientalistas e o agronegócio, a moderna legislação teve sua constitucionalidade sentenciada pelo Supremo Tribunal Federal em 2018, quando passou a valer de maneira efetiva. Em maio de 2022 o Código Florestal completou 10 anos de promulgação. Sendo o terceiro de uma série iniciada em 1934 por decreto presidencial, atualizou o código anterior, aprovado pelo Congresso em 1965. Ainda que, durante a discussão das três normas, os debates tenham se direcionado para dois temas, basicamente – reserva legal em propriedades rurais e APP como a mata ciliar – o Código Florestal de 2012 foi inovador, tendo instituído instrumentos avançados e eficazes para conter a destruição florestal na Amazônia. A compensação ambiental e a cota de reserva ambiental podem transformar a reserva legal em importante ativo econômico para o produtor. Adicionalmente, o mercado de carbono poderá tornar a biodiversidade florestal mais atrativa ao investimento privado do que o indefensável desmatamento para criação extensiva de boi. Tudo isso assentará, enfim, o desmatamento zero na agenda política da Amazônia.
A todos, boa releitura.

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Quer entender mais sobre o potencial da biodiversidade florestal da Amazônia, adquira esse livro: Da Floresta: 100 Artigos

08/01/2023

Na condição de terceiro e último livro da coletânea de artigos publicados semanalmente pelos autores em jornais de circulação local e site especializados, o livro é direcionado para um público variado, com formação a partir do ensino médio e que atua em várias áreas do conhecimento na Amazônia. Os artigos abordam temas relacionados ao cotidiano da Amazônia e às implicações dessa realidade para a sustentabilidade da própria região, do país e do planeta. Sem meias palavras, é o seguinte: a cada boi que nasce, a Amazônia se afasta da sustentabilidade; a cada quilo de carne de paca que se produz, a região se aproxima da sustentabilidade.

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Quer entender mais sobre o potencial econômico da biodiversidade florestal da Amazônia, adquira esse livro: Manejo florestal comunitário: Cacau Nativo do Purus

05/03/2023

Na grande maioria das vezes, o produtor que tenta transformar o potencial da biodiversidade florestal da Amazônia em negócio enfrenta resistência insuperável dos órgãos de licenciamento ambiental e instituições de crédito, que preferem o investimento na criação extensiva de gado. O que acontece é o extremo paradoxo, pois, associadamente à presença de farta biodiversidade florestal existe um mercado com muitas oportunidades de negócios, com consumidores que demandam pelos produtos e produtores que sabem, por tradição, como explorar a biodiversidade, mas, por incrível que pareça, nada acontece. A todos boa leitura.

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