Mesmo após várias reuniões anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, realizadas na Amazônia, os principais cientistas brasileiros, ainda cometem o equívoco de olharem a região, como um santuário a ser protegido.

Esquecem-se porém, que o ideal do preservacionismo, intimamente ligado ao pensamento dos planos diretores urbanos, não oferece solução para a floresta. Ao acreditarem na impossível tarefa da proteção integral da floresta (com fiscais do Ibama?) reafirmam o equívoco de considerar o “não uso” do recursos florestal, como instrumento para o desenvolvimento sustentável. Nesse momento desconsideram que a não inserção do recurso florestal no sistema produtivo, destruiu 96% da Mata Atlântica, transformou o Cerrado no eldorado do agronegócio da soja e esta levando ao desaparecimento até, por incrível que pareça, a Caatinga, que todos achavam não servir para nada.

Por outro lado negam veementemente os ideais do conservacionismo. Esse sim defensor incontestável da única e visível solução, a curto prazo diga-se, ao impasse para manutenção da floresta na Amazônia: sua inserção produtiva no sistema econômico vigente. Para que isso ocorra de forma natural, isto é: passível de aceitação pelos agentes econômicos privados; o caminho mais simples é ampliar o Valor da Floresta.

Grosso modo, fazer com que a floresta tenha seu valor ampliado e com que esse valor se concretize em melhores preços para os produtos e serviços por ela ofertados, requer assumir instrumentos, e aí o Estado enquanto regulador e seletor de atividades econômicas consideradas prioritárias tem papel único, que forneçam à atividade florestal maior competitividade, maior atratividade e maior simplicidade.

Ampliar a competitividade da floresta significa estabelecer mecanismos que fortaleçam seu potencial econômico. Quer dizer a criação de áreas destinadas exclusivamente ao uso florestal como os Projetos de Assentamentos Florestais. Quer dizer existir crédito facilitado e acessível à atividade florestal. Quer dizer promover a existência de instituições de apoio ao setor produtivo florestal. Quer dizer, finalmente, criar ambiente para que o Cluster Florestal aconteça de fato.

Maior atratividade é fazer com que a produção florestal seja mais interessante do ponto de vista normativo do que sua concorrente. É inverter as exigências hoje praticadas, a ponto do licenciamento para desmatamento requerer mais de 100 páginas de formulários e o manejo florestal apenas uma. É ter coragem de exigir menos e de correr, inclusive, os riscos de possíveis impactos no ecossistema, assumindo que qualquer impacto que por ventura ocorra no manejo florestal é infinitamente inferior que a substituição da floresta pela agropecuária.

Finalizando, por maior simplicidade entenda-se a massificação das técnicas de manejo florestal, fazendo com que elas não sejam exclusividade dos engenheiros florestais. É preciso que essas técnicas sejam dominadas por profissionais de outras formações e, o que é mais importante, cheguem às comunidades que vivem da floresta.

Comunidades que, desde a instalação das primeiras experiências de uso múltiplo da floresta, toparam encarar os prejuízos políticos que a atividade madeireira trazia à imagem de cada instituição envolvida. Foram as “testemunhas” que justificaram a adoção da atividade florestal como política pública.

Comunidades que, diferente da “anomalia capitalista” vivenciada pelas comunidades extrativistas no final do século dezenove, tão brilhantemente captada e relatada pelo célebre Euclides da Cunha como “trabalhar para escravizar-se”, não aceitaram se submeter a anomalia capitalista contemporânea, logicamente infestada com o ranço preservacionista ortodoxo, a de “trabalhar para não ofertar” o produto mais valioso e abundante existente em sua colocação: a floresta.

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