Os economistas costumam se debater para esmiuçar as influências do que a economia denomina de fatores de produção na vida das pessoas e de seus investimentos. Terra, capital e trabalho são os três fatores de produção, que até bem pouco tempo eram considerados, como os mais importantes na decisão de investimentos privados e, vez ou outra, também públicos.

No entanto, com o passar do tempo, as ditas externalidades, ou seja, conseqüências que o investimento poderia acarretar de maneira indireta e, de certa maneira, imprevisível, em outras pessoas e agentes econômicos começaram a chamar a atenção dos investidores.

Não bastaria, assim, que um empreendimento fosse um bom negócio do ponto de vista da alocação da terra, do capital e do trabalho, os três fatores de produção principais, teria que apresentar ainda alguma externalidade, sobretudo na área ambiental, favorável a sua realização.

Ávidos para demonstrar isso, não somente investidores, mas com a ajuda de muitos bem intencionados, e de maneira geral, com pouca vivencia no cotidiano amazônico, se apressaram em considerar a melhoria de processos produtivos em atividades econômicas, e, até mesmo, a implantação de empreendimentos para geração de emprego e renda, como solução para evitar o que atualmente pode ser considerado o maior, e muito maior, problema ambiental da Amazônia: o desmatamento.

É como a antiga estória de um grupo de ambientalistas deslumbrados com a vida nos morros cariocas, que acreditavam que se distribuíssem pipas para os meninos da favela, eles não teriam tempo para matar passarinhos. Espantaram-se, quando o comércio das pipas presenteadas permitiu aumentar a circulação de estilingues.

Dois exemplos parecem ser bem didáticos para entender melhor o assunto: da Zona Franca de Manaus e o do aumento da produtividade em plantios de soja ou capim para promoção do agronegócio.

No caso da Zona Franca, os defensores desse modelo, que sem dúvida apresentou resultados surpreendentes e permitiu a existência de 2 milhões de pessoas ocupando uma clareira na floresta (no caso Manaus), argumentam que o Pólo Industrial evitou o desmatamento no Amazonas, sobretudo ao redor da clareira.

Algo imprevisível, que pode até ser possível, mas depende do fiscal do Ibama.

Ocorre que, qual seria a garantia de que a acumulação de capital, ou melhor, os lucros, originados na produção das motocicletas e aparelhos eletrônicos da Zona Franca, que segundo as estatísticas são bem elevados, não serão empregados no melhor investimento existente atualmente na região: a pecuária?

Na mesma linha de raciocínio, os defensores de uma agropecuária moderna e com maiores índices de produtividade, que, na visão deles, em um futuro próximo irá substituir a primitiva em tecnologia atualmente praticada, se alegram em afirmar que produzindo mais por unidade de área, não será necessário sacrificar novas áreas de floresta para aumentar o rebanho.

Algo imprevisível, que pode até ser possível, mas depende do fiscal do Ibama.

O alerta permanece, qual seria a garantia de que o lucro gerado com o aumento da produtividade não continuará sendo investido em uma agropecuária que, quando primitiva, já era o melhor investimento?

Como para todo problema complexo existe uma resposta simples e errada, todos acreditam que a saída está no aparato público de fiscalização.

No entanto, se o ecossistema florestal não atrair investimentos nada mudará.

Enquanto isso, o fiscal do Ibama continuará sendo o quarto fator de produção.

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