Os desafios para se viabilizar uma economia florestal na região amazônica são imensos. Apesar das promessas de rendimentos vultosos que a exploração da diversidade biológica da região sugere, na prática ainda não se encontrou um modelo ideal de desenvolvimento florestal, ancorado nos ideais de sustentabilidade atualmente aceitos em nível internacional.

Ou por restrições ecológicas, ou por restrições econômicas, ou, ainda, por restrições sociais, a exploração sustentável dos produtos florestais na Amazônia suscita discussões acaloradas na maioria dos setores da sociedade. Essa recepção social, na maioria das vezes, vem carregada com elevado nível de desinformação, que reforça no imaginário popular a sensação de que as instituições nacionais não possuem competência para apontar um caminho.

A percepção da sociedade com relação à Amazônia é impregnada por duas falsas certezas perigosas: riqueza e saque. O primeiro pensamento é que existe um eldorado, que ainda esta por ser descoberto, equivalente às maiores riquezas mundiais que, por isso, transformará a região em um oásis de fartura e fortuna, com tesouros incontáveis para quem conseguir desbravá-la. Já o segundo pensamento, ainda mais grave, sustenta que a cobiça internacional está voltada para o saque da região, que a qualquer momento poderá ser invadida. Dois pensamentos equivocados que costumam gerar muita histeria e pouquíssimas providências.

Na verdade ocorre que, com relação a tão propalada riqueza, ainda não trouxe nada de concreto para a região, a não ser o famoso, exuberante e esquecido ciclo da borracha, que teve duração limitada e não conseguiu transformar as riquezas geradas em investimentos produtivos consolidados na própria região. O fato é que a diversidade biológica, com exceção feita à produção de madeira, ainda encontra vários gargalos para significar fatia representativa do Produto Interno Bruto da Amazônia.

Talvez, o mais grave desses gargalos é que a exploração e o manuseio da diversidade biológica existente, de maneira duradoura e sustentável, esteja diretamente ligada à capacidade das instituições locais em conceber tecnologias apropriadas à realidade desse ecossistema, tecnologias essas, em sua maioria, ainda em desenvolvimento.

Buscar uma solução para o modelo tecnológico de exploração foi o que moveu a academia, os produtores extrativistas e os profissionais ligados à ciência florestal nos últimos 20 anos. Diversas experiências foram concebidas no intuito de demonstrar a viabilidade econômica, social, técnica, ambiental e política do manejo florestal na Amazônia.

Mas, boas novas surgiram, recentemente, com relação ao desenvolvimento científico e tecnológico na Amazônia. Se no início dos anos 1990, a prioridade foi a criação e estruturação de centros voltados à realização de pesquisas na própria região, o momento agora parece ser direcionado à promoção e produção da pesquisa e do pesquisador.

A institucionalização dos fundos setoriais, sobretudo o CT – Amazônia, trouxe um novo ânimo ao fomento da pesquisa. Além de apoiar a realização de pesquisa básica, aplicada e tecnológica, os fundos também promovem a fixação de recursos humanos, sobretudo com mestrado e doutorado na própria região.

Acompanhando essa tendência, o Estado do Amazonas instituiu há três anos seu fundo estadual de ciência e tecnologia e sua fundação de amparo à pesquisa, a Fapeam. Seguindo os moldes dos editais do Ministério de Ciência e Tecnologia, a Fapeam aprovou o investimento de recursos da ordem de 50 milhões de reais em 2006. Com menor dotação orçamentária, mas seguindo o mesmo princípio, estados menores como, por exemplo, o Acre e Amapá, têm demonstrado priorizar a produção científica local.

Um plano estadual de ciência e tecnologia está em processo de discussão e elaboração no Acre. Com envolvimento de um variado leque de instituições e segmentos sociais diretamente afetos ao tema, está sendo possível a construção de uma proposta que tem na elevação da importância econômica da biodiversidade, de maneira sustentável e para sempre, seu maior e mais importante diferencial.

Trata-se, dessa maneira, de uma conjugação de esforços no sentido de propiciar aos reais beneficiários: a população florestal do Acre e da Amazônia, um caminho para melhoria de sua qualidade de vida por meio de atividades produtivas baseadas no uso múltiplo do ecossistema florestal, cujo manejo faz parte de sua labuta.

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