O balanço de 2010 para sustentabilidade na Amazônia não é animador. Ofuscada por eventos como da Copa do Mundo e as eleições presidenciais, a discussão acerca dos caminhos que poderão fazer com que a região se concentre em um ciclo sustentável de geração de riquezas, por meio do valor de econômico de sua diversidade biológica, não encontrou espaço na agenda pública.

Acontece que, infelizmente, os debates entre os candidatos a presidente da república, mesmo com a surpresa da candidatura verde, não conseguiram colocar a Amazônia como centro de uma estratégia nacional de desenvolvimento.

Pelo contrário, as poucas vezes nas quais se falou da Amazônia, o enfoque foi a geração de emprego, em especial pelo modelo Zona Franca e as obras, como as hidrelétricas do Rio Madeira, em Porto Velho, e a fabulosa e questionável ponte sobre o Rio Negro, em Manaus.

Findo o processo eleitoral e passadas as angústias com o vergonhoso fracasso no futebol, as atenções se voltaram para nomeações de secretários, nos estados, e de ministros, em Brasília.

Mais uma vez, tanto em nível estadual, e isso vale para todos os 9 estados amazônicos, quanto em nível federal, e isso vale para todas as exageradas 36 pastas ministeriais atualmente existentes, ninguém chamou atenção para a Amazônia.

Quer seja para fornecer o merecido tratamento diferenciado, frente às outras regiões do país, quer seja para incluir nas equipes de futuros executivos públicos alguém que tenha domínio sobre os empecilhos ao seu desenvolvimento sustentável, em nenhum momento a Amazônia foi lembrada.

Se no nível doméstico todos preferiram se ocupar de outros assuntos, em nível internacional, dois fatos merecem destaque. Primeiro a promissora capitalização do Fundo Amazônia, que conseguiu arrecadar doações expressivas, dos países desenvolvidos, para apoiar projetos relacionados ao uso econômico da biodiversidade.

Por sinal, além da captação de recursos o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, que até então se mostrava alheio ao tema da sustentabilidade na Amazônia, comprovou ter competência suficiente para gerir o Fundo, com maior agilidade e eficiência que as instâncias de gestão ambiental como, por exemplo, o Ministério do Meio Ambiente.

E o segundo fato internacional importante ficou por conta da potencial aceitação do mecanismos da Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, conhecido pela sigla REDD, como instrumento para apoiar as florestas tropicais via Protocolo de Quioto. Em que pese as corretas críticas ao REDD, sobretudo por reconhecer a existência de um direito a desmatar, a proposta brasileira parece ter encontrado adeptos suficientes para sua aprovação.

Finalmente, no final do ano as expectativas se voltaram para o que iria acontecer em Cancun no México, durante a Conferencia das Partes da Convenção do Clima, a COP 16. Esperava-se, que um novo acordo internacional fosse estabelecido com metas e prazos mais exigentes para controlar a fumaça jogada na atmosfera, o que, uma pena, não aconteceu.

Apesar da euforia com a taxa de desmatamento na Amazônia, que parece manter uma tendência de queda, nada será permanente se não houver uma alteração urgente no padrão de ocupação social e econômico, que leve a região a reconhecer o valor da floresta e sua vocação para o uso econômico da diversidade biológica.

Para tanto, em 2011 será mais que emergente, por exemplo, estruturar uma nova institucionalidade para tratar da sustentabilidade dessa economia florestal.

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