Depois de passar por dois anos de discussões difíceis e intermináveis, tudo indica que o destino do plantio de cana-de-açúcar na Amazônia está selado. A região, tanto do ponto de vista técnico quanto político será mesmo, para o bem da sustentabilidade e da manutenção da floresta, excluída do Zoneamento Ecológico e Econômico para produção de etanol.

A projeção brasileira com relação à produção de álcool com variedades de cana-de-açúcar chamou a atenção mundial, com as constantes elevações dos preços do barril de petróleo. Após uma longa série histórica de preços variando entre 20 e 30 dólares o barril, o precioso óleo, com as constantes pressões de demanda, ultrapassou o patamar de 100 dólares.

O mais grave é que tudo indica que esse novo nível de preço veio para ficar. E Sendo assim, a diversificação da matriz energética mundial transformou-se em prioridade estratégica para as economias dos países. Adicione-se aí duas condicionantes, até mais importantes que o preço do barril, para colocar a produção do álcool combustível em evidência.

A primeira relacionada às implicações ambientais do uso abusivo do petróleo que carrega o fardo de ser o principal causador do efeito estufa, que aquece o planeta e acarreta mudanças climáticas perigosas para a existência do homem. E a segunda, que a grande maioria não costuma levar à sério, que o petróleo, por ser jazida (recurso natural não renovável) um dia acaba. E esse dia deve ocorrer em breve, perto de 2050.

Com a redescoberta do potencial do álcool como combustível preferencial para movimentar os carros no mundo, ressurgiu também, a idéia antiga e equivocada, de uma Amazônia como celeiro do mundo. Apesar de fartamente descaracterizados pela ciência, alguns mitos amazônicos, como celeiro e pulmão do mundo, por exemplo, teimam em poluir o imaginário da população.

No entanto a comunidade, internacional e nacional, reagiu de imediato à possibilidade de se ampliar a produção dos denominados biocombustíveis, leia-se cana e soja, com o sacrifício das florestas. Ampliar os desmatamentos na Amazônia nem pensar.

De imediato, o alto escalão da política em Brasília fez questão de afirmar que não carecia incluir áreas de terras da Amazônia, para produzir álcool. Haviam áreas suficientes em outras regiões, já em estágio avançado de degradação, que poderiam ser usadas para plantio de cana.

Resolvido o impasse político em nível federal, nos Estados ainda haviam resistências de variados grupos, sobretudo aqueles que antes se envolviam com a perdulária atividade da pecuária extensiva e que viram na cana uma saída para obter mais lucros, que insistiam no impossível: plantar cana sem desmatar.

Todavia, para por fim a qualquer tipo de resistência política, o Zoneamento Ecológico Econômico, conforme acordo fechado na Esplanada dos Ministérios prevê que os plantios já existentes, poderão continuar, mas nenhuma outra usina de álcool poderá ser instalada na Amazônia.

Enquanto o impasse político ainda salvou as usinas do Acre, Amazonas e Pará, os três projetos já existentes, as restrições técnicas vão cuidar de inviabilizá-los. Estudo realizado pela Embrapa, IBGE, Unicamp, Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), comprova que o clima da Amazônia, não presta para cana-de-açúcar.

Com o impasse político e, agora, com a comprovação da inviabilidade técnica, o prazo para a cana-de-açúcar deixar a Amazônia começou a contar. Quem insistir verá.

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