Organização da sociedade civil (OSC), organização do terceiro setor (OTS), organização não governamental (ONG) e, mais recentemente, organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) são denominações para todas as pessoas jurídicas que não são públicas, ou estatais, mas que também não são empresas, ou comerciais.

São instituições criadas via associação de idéias de duas ou mais pessoas, por isso possuem personalidade jurídica e são inscritas no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) como associações privadas. Mas, apesar de serem de personalidade jurídica privada, se diferem das empresas por prestarem um serviço, de certa forma não comercial por estar inserido no universo da cooperação e da solidariedade.

Privadas mas não muito, visto que prestam um serviço de caráter público, porém, não estatal. Trata-se de entidades (o termo entidade e não organização ou instituição parece, dada as características descritas a seguir mais apropriado), que surgem através da conjugação de esforços de indivíduos preocupados em contribuir com a solução de um tema específico.

Um tema que interessa à sociedade, à coletividade, ou de direito difuso. Assuntos que apesar de fazer parte da realidade cotidiana de determinada comunidade, localizada, por exemplo, em um igarapé nos confins da Amazônia, não são considerados, por várias razões, de interesse dos governos.

Por ser considerado pequeno ou de solução difícil os sucessivos governos não procuram internalizar aquelas preocupações, as da comunidade do igarapé, no aparato público estatal, o que, por sua vez, faz com que o assunto, que continua incomodando a comunidade do igarapé, não se transforme em um problema de política pública, com solução a ser encontrada no universo do aparato estatal.

Esta aí criado o meio de cultura propício para que lideranças, não no sentido sindicalista do termo, mas, empreendedores sociais, o que é mais amplo e por isso mais adequado às características daquelas entidades, se reúnam em busca de uma solução que, na totalidade dos casos, terá como objetivo final a transformação daquelas preocupações, as da comunidade do igarapé, em um problema de política pública.

Provavelmente vários serão os caminhos para que os empreendedores sociais consigam atingir esse objetivo, não importa muito, mas, seguramente, tudo começará com a criação de uma entidade que funcionará como interlocutora, porta voz, para dar ruído àquelas preocupações, as da comunidade do igarapé.

Dependendo do eco que esse ruído assume, a entidade poderá contar com aliados de origens distintas. Aliados, dispostos a fornecer ajuda, de todo tipo, para fazer com que o ruído ganhe ainda maiores proporções e seja cada vez mais catalisador de novos aliados conseguindo cada vez mais recursos de toda ordem.

Podem vir de outros governos, em outras esferas e níveis de poder (estadual ou federal), ou até mesmo de outros países, para os quais aquelas preocupações, as da comunidade do igarapé, já são um problema de política pública há muito tempo e que, por ter maior sensibilidade e melhor domínio do tema, reconhece a importância em se ampliar esse reconhecimento para outros governos e estados.

No entanto, os aliados também podem vir de outras sociedades.

Recursos financeiros ou gêneros alimentícios, por exemplo, recolhidos em certas sociedades, com maiores condições de renda, para as quais aquelas preocupações, as da comunidade do igarapé, possuem dimensão planetária e, o mais importante, que sua superação requer solidariedade entre as sociedades e não entre governos.

Para essas pessoas, dispostas a doar, mais que política pública, o objetivo é fazer com que as pessoas resolvam as coisas, independente dos governos e do Estado.

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