O movimento social amazônico, tal qual o que ocorreu nas demais regiões do país, experimentou, no período posterior ao regime militar um crescimento impressionante. Se antes o movimento social se resumia à atuação dos Sindicatos, sobretudo aqueles vinculados aos trabalhadores rurais, a partir da década de 1990, um leque variado de instituições surgiram, estruturando o que se chamou de Organizações Não Governamentais, ONGs.

Ambientalistas (tanto os ortodoxos preservacionistas quanto os contemporâneos conservacionistas), mobilizadores sociais (tanto os vinculados à igreja católica quanto os sindicalistas tradicionais), animadores culturais (tanto aqueles vinculados à movimentos culturais quanto os que alegravam eventos), missionários, cabos eleitorais e militantes de partidos políticos variados, se organizaram em instituições com personalidade jurídica própria, para executarem, de forma legalizada, ações de seu interesse.

Um universo de temas e identidades bastante diversificado entrou na agenda da sociedade, que ansiava por mais democracia e liberdade de expressão. Seria natural que os interesses da grande maioria dessa gente, agora organizada com CNPJ, fossem conflitantes com os interesses de quem detinha o poder político.

Evidente, e também natural que, essa gente, se apoiaria em uma oposição, que alguns denominavam de esquerda, laboriosa e barulhenta para obter espaço de poder político. Essa simbiose natural fez com que as oposições, de certa forma se vinculassem aos movimentos sociais que, em sua forma legalizada, eram as denominadas ONGs.

Por sinal essa denominação ainda carece de explicação. Várias tentativas de nomenclatura como, por exemplo: Organização da Sociedade Civil, OSC, Organizações do Setor Cidadão e Organizações do Terceiro Setor, vêm, ao longo dos últimos 20 anos, ajustando o conceito dessas instituições. O certo é que a legislação vigente reconhece uma personalidade jurídica, na forma de Associações Civis, onde todas estão inseridas, sem qualquer possibilidade de distinção.

De um lado, o engajamento político dessas entidades e de outro uma oposição, que alguns diziam esquerda, juntou todos no apoio à determinadas candidaturas que, se acreditou, entenderia, uma vez no poder, a importância de uma sociedade civil fortalecida e organizada para garantir a permanência de valores superiores, como a própria democracia e a sustentabilidade ecológica.

Todavia, a existência de organizações sociais, de direito privado, realizando ações de caráter público pareceu, de imediato, muito estranho. A expectativa era de que a existência desses movimentos sociais, não teria mais significado em um Estado forte e que cumprisse sua função perante a sociedade.

Se os movimentos sociais já não seriam tão necessários, imagine-se sua confirmação legal as, agora tratadas de forma bem pejorativa, ONGs. Claro que duas Comissões Parlamentares de Inquéritos, CPI, e alguns escândalos envolvendo entidades de fachada mais tarde, as ONG’s passariam por tempos difíceis.

No caso da Amazônia, onde uma economia frágil impossibilita a captação de recursos no interior da própria sociedade, essas entidades não encontrariam condições de se viabilizarem.

Mais grave ainda, como a maioria dessas organizações mantinham algum tipo de relação com a área ambiental, desde 2003, quando o Ministério do Meio Ambiente achou que não precisava mais delas que o apoio a ação não-governamental acabou.

Com ONG’s à mingua quem perde é a Amazônia.

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