Difícil encontrar quem duvide da viabilidade comercial de uma lojinha especializada em vender sementes de árvores nativas da Amazônia.

Além de instigar o pensamento positivo relacionado ao amor pela natureza e ao plantio de árvores, o aspecto exótico das sementes amazônicas atrai a atenção com facilidade.

Sem falar que a demanda prioritária para esse empreendimento é a que todo comerciante quer atingir, pois se refere a mercados que não dependem de orçamento estatal.

Seja para a venda no varejo – de modo que o comprador tenha a opção de plantar uma árvore de mogno no jardim de casa ou em sua chácara –, seja para abastecer a indústria do reflorestamento e a confecção de artesanatos, a lojinha de sementes decerto tem mercado consumidor garantido.

Cabe aqui uma explicação, para efeito de distinguir a produção de sementes vivas (com poder germinativo) da produção de sementes mortas (sem poder germinativo).

Enquanto, no primeiro caso, a venda de sementes atende à produção de mudas, no segundo, os compradores são artesãos de bijuterias e fabricantes de peças de decoração.

Estudos de mercado sobre a coleta e venda de sementes mortas dão conta de um crescimento permanente e de uma relativa consolidação. O sucesso obtido com a semente de jarina é o melhor exemplo do quão promissor pode ser esse segmento.

E se engana quem pensa que a semente morta seja um subproduto, em relação à semente viva. É certo que uma e outra podem ser vendidas pelo mesmo manejador florestal, mas o percurso de mercado a partir desse ponto é exclusivo e independente.

Por seu turno, as sementes florestais (nativas da Amazônia) com poder germinativo são difíceis de encontrar e de comprar. Ainda que diversas experiências tenham iniciado um processo regular de oferta e comercialização de sementes vivas, a vida útil desses empreendimentos não chega a superar a média de três safras anuais.

Essa ilustração introdutória, conquanto um tanto espichada, pretende ajudar a elucidar um dilema tão antigo quanto desnecessário, e que pode ser expresso dessa forma: Não há oferta de sementes florestais porque não existe demanda ou não há mercado para sementes florestais porque não existe produção?

Se aludisse à oferta de sementes de espécies florestais exóticas, como eucalipto e pinus, o dilema não existiria; contudo, em se tratando das espécies nacionais e nativas da Amazônia, há quem aposte na dúvida.

Em primeiro lugar, existe sim um mercado que parece promissor, embora ainda esteja por ser revelado nas estatísticas. Em segundo lugar, as duas verdadeiras questões a serem respondidas são as seguintes:

1 – Quais razões inibem os produtores a coletar e vender sementes de espécies florestais amazônicas?

2 – Por que os produtores não se arriscam a entrar num mercado acessível, que requer baixo investimento inicial e que, segundo todas as previsões, é deveras promissor?

A resposta a ambas as indagações deve ser obtida junto aos próprios produtores florestais.

Levantamentos na área de Socioeconomia realizados no Acre, por exemplo, sugerem que mais de 60% dos produtores temem a legislação sobre sementes florestais – e, o pior, têm ojeriza à questionável interpretação que o fiscal do Ibama faz da lei.

Como dizem os manejadores florestais, “o fiscal já vai logo falando em biopirataria”.

Quem não temeria?

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