Os custos inerentes à realização de Inventários Florestais costumam inibir os agentes políticos a investirem na sua realização. Sem dúvida trata-se de um equívoco do qual poucos se dão conta. Os ganhos obtidos com a informação gerada nesses inventários são muito superiores aos recursos financeiros gastos na sua operacionalização.

Uma primeira tentativa de realização de um Inventário Florestal em nível estadual ocorreu no Acre em 1989. Com recursos oriundos de doações internacionais (no caso da Fundação Ford), por sinal a fonte dos recursos financeiros, como se verá mais adiante sempre foi estrangeira, a Fundação de Tecnologia do Acre, Funtac, levantou amostras de Inventário Florestal ao longo da BR 364, no sentido Rio Branco a Cruzeiro do Sul.

Dez anos depois, dessa vez com recursos do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, doados pelo grupo dos sete países mais ricos, o PP/G7, a mesma Funtac completaria o levantamento com amostras medidas ao longo da BR 317, até Assis Brasil, e nos municípios de Santa Rosa, Jordão e Thaumaturgo.

Mesmo com a diferença de dez anos entre as medições, se realizou uma análise estatística satisfatória e essa informação, dado sua condição de dados primários, foi a mais importante gerada na Fase I do Programa Estadual de Zoneamento Econômico e Ecológico, ZEE. Os outros estudos se basearam em dados secundários produzidos por várias fontes e em datas distintas.

Na execução da Fase II do ZEE constatou-se o óbvio. Que a informação gerada por esse tipo de Inventário Florestal, denominado de diagnóstico, tendo em vista sua intensidade amostral, isto é, a reduzida quantidade de árvores medidas, possui alcance limitado. Sua mais importante contribuição é servir como ferramenta para orientar a realização de estudos específicos e mais aprofundados acerca de algum recurso florestal de interesse.

Para se ter uma idéia foi por meio desse Inventário Florestal, por exemplo, que se chegou a conclusão de que as áreas com maior potencial para produção de madeira estavam localizadas depois de Sena Madureira, indo para Cruzeiro do Sul e depois de Capixaba, indo para Assis Brasil.

Provavelmente, tanto a localização das florestas de rendimento para produção de madeira, denominadas de complexo do Rio Gregório, quanto o local para a construção da Fábrica de Pisos para exportação, construída em Xapurí, levaram em consideração as informações desse Inventário Florestal. Uma tomada de decisão acertada e com elevada base técnica.

Todavia as informações desse Inventário Florestal teriam que ser, e foram, complementadas com estudos específicos de Inventário Florestal para produção de madeira realizados nas áreas apontadas como potenciais pelo diagnóstico anterior, para que a decisão final acerca da instalação da Fábrica e das florestas de rendimento pudesse ser tomada com mínimas chances de erro.

A vantagem parece evidente. Como o Inventário Florestal, específico para determinados fins, é bem mais detalhado, leia-se mais caro, sua realização ocorre em áreas menores, cujos potenciais já haviam sido diagnosticados.

Se esse raciocínio é valido para a produção de madeira o mesmo ocorre para produção de biocombustíveis. O potencial florestal, na Amazônia e no Acre, para produção de biocombustíveis ainda não foi devidamente aferido.

Um Inventário Florestal para Biocombustíveis no Acre é mais que oportuno.

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