Não é novidade que o modelo atual de ensino universitário brasileiro encontra-se fora de seu tempo e precisa ser revisto com urgência. A universidade atual, constantemente às voltas com o tripé formado pelo ensino de graduação, pela pesquisa e pela extensão, costuma privilegiar o primeiro em detrimento dos outros dois.

O ensino de graduação foi elevado à condição de prioridade com os choques de gestão da década de 1990. Foram criados sistemas de avaliação de cursos, apareceu a famigerada gratificação de ensino e docência (GED) e uma série de indicadores foram institucionalizados.

A conclusão é que com a apuração das estatísticas, o que era apenas sentido virou fato. A universidade publica e gratuita brasileira precisava de algo mais que choques de gestão. Precisava de reformas profundas.

Diversas propostas de adequação da universidade foram sendo conduzidas às duras penas. Todavia, em sua maioria, essas propostas acabaram por serem consumidas, ou internalizadas, no sistema universitário caótico tradicional.

Mas, recentemente surgiu uma proposta de reforma universitária considerada radical. Ao invés de buscar adequações de perfis profissionais às realidades e demandas locais, a idéia foi tocar em um ponto que poucos queriam discutir: a arquitetura curricular do ensino superior.

A Universidade Nova, como a proposta foi denominada, inspira-se nos estudos e alternativas elaboradas pelo célebre educador Anísio Teixeira, ainda na década de 1960, que foi fundador da UnB. Na época denominada de Escola Nova a reforma, que infelizmente não ocorreu, teria colocado o Brasil na vanguarda mundial da formação em nível superior.

No entanto, se por aqui não vingou em outros países a Universidade Nova já é uma realidade. Para se ter uma idéia a União Européia em 1999 iniciou o Processo de Bolonha, um acordo firmado por 46 países para reformar e uniformizar a formação superior.

O ponto central da Universidade Nova esta na criação dos chamados Bacharelados Interdisciplinares, que são cursos de nível superior, distribuídos em grandes áreas como, por exemplo: humanidades, ciências e tecnologia; com duração de 3 anos e que não são profissionalizantes.

Caso haja interesse, isto é, por opção do aluno, ele poderá completar sua formação em alguma profissão, permanecendo por mais 2 ou 3 anos na universidade, dependendo da profissão escolhida. Também poderá ingressar em programas de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado se tiver vocação para docência ou para pesquisa.

A separação da formação em nível superior, com a criação dos Bacharelados Interdisciplinares, da formação profissional com a pós-graduação, segundo as estatísticas poderá ampliar e até dobrar a quantidade de alunos que ingressam na universidade pública.

Espera-se ainda que a Universidade Nova possa criar reações em cadeia no processo de seleção para ingresso na universidade, ou ainda, na melhoria da qualidade do ensino médio.

Independente dos desmembramentos só o fato de dar uma sacudida no ensino oferecido pelas universidades brasileiras já é um grande alento.

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