A economia na Amazônia opera sob regras nem sempre compreensíveis e que agridem os princípios da macro e microeconomia. A conjugação de esforços, sobretudo normativos, realizados com intuito de minimizar, ou frear, a ocupação produtiva da região, empurrou o sistema econômico regional à subversão.

Também pudera, seria somente unir, em um mesmo lugar, um conjunto de regras difíceis de serem cumpridas por parte das empresas, um emaranhado de exigências burocráticas impossíveis de serem colocadas em prática pelos próprios agentes públicos e uma população sobrevivendo nos mais inferiores níveis de IDH, para o resultado ser um empate (para usar um termo dos antigos seringais) permanente.

Esse lugar é a Amazônia. É ali, onde o setor público representa a maior parte do Produto Interno Bruto, na maioria dos municípios.

Ali onde o tempo é contado pelos mandatos dos governadores.

O Estado é tão importante para a vida das pessoas que o povo lembra o passado e se agenda para o futuro, pelo resultado das eleições. Por exemplo, se tal político vencer e for governador vou poder comprar uma terra e produzir gado. Ou vou mudar para outro município.

E relembra que viveu em uma cidade quando o governador era aquele que mais asfaltou. Não vai lembrar que ano foi isso, mas sabe, na mosca, quem era o político que dominava o governo estadual. Afinal foi a partir do desempenho do mandato que a estrada foi asfaltada ou não, que foi construída aquela ponte que impedia o transporte da produção e assim por diante.

A população sabe que sua vida diária depende, mais que do próprio Estado, dos governadores que administram a coisa pública. São as opções realizadas pelos políticos, que transformam a vida das pessoas de maneira imediata e momentânea. E tem sido essas opções que levaram a região a operar sob um sistema econômico que subverte a teoria econômica.

Do exemplo mais simples ao mais complexo, como o de produzir carne de animais silvestres ou de gado e como o de apostar na produção de eletrônicos ou na promoção do uso múltiplo da diversidade biológica local, respectivamente, as decisões de política pública tem sido por demais danosas para a região.

Enfim são essas decisões que induzem, no caso de uma frágil economia como descrita acima, os agentes econômicos a tomarem suas decisões de investimentos, fazendo seus julgamentos na esfera privada, que, em um efeito dominó perverso, tem levado a região à subversão econômica.

Valoriza-se o desmatamento em detrimento do ecossistema florestal. São auferidos maior preço em áreas onde se cultiva uma única espécie, como o capim, que em áreas com mais de 500 espécies diferentes por hectare, como a floresta. Abatem-se, diariamente, dezenas de animais silvestres para a subsistência das populações menos favorecidas e para garantir a venda do boi.

Um juízo de valor, que é transformado, sob os auspícios das políticas públicas, em melhores preços de mercado para as espécies animais e vegetais exóticas que para as espécies da rica biodiversidade local.

Ou seja, a decisão acertada é comer o queixada para vender o boi.

Uma decisão tomada todos os dias pelos produtores rurais, com incentivo das decisões de Política Pública na Amazônia.

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