Parcela considerável dos brasileiros acreditam, mesmo sem qualquer evidência aceitável, que a Amazônia é saqueada todos os dias pelo crime de biopirataria, que os outros países de maneira direta ou indireta cobiçam a região e, o mais grave, que em algum momento será assimilada pelo imperialismo americano.

Sem que haja algum esclarecimento vindo da imprensa, que prefere replicar sem pudor as mesmas tolices de influenciadores e políticos populistas de esquerda e direita, a sociedade termina por crer que existe alguma verdade. Mas não existe!

Muitos devem pensar que falsas verdades desse tipo lotam a sala de imprensa, inclusive de alguns órgãos públicos, e que essas três tolices poderiam passar despercebidas não houvesse um problema grave.

Desde a Rio 92, quando a ONU se reuniu em sua segunda conferência sobre desenvolvimento e meio ambiente, que o mundo aguarda pelo desmatamento zero da Amazônia, uma meta que se distancia posto que tolices contaminam a discussão de uma política pública adequada à vocação florestal da Amazônia.   

Há ainda uma distração tentadora que justifica vez ou outra, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, CPI, com objetivo de averiguar o envolvimento de alguma Organização Não Governamental, ONG, na execução de uma ou mais dessas tolices.

Ao todo três CPIs das ONGs, como os jornalistas gostam de chamar, foram concluídas e não trouxeram benefício social, ecológico ou econômico para compensar seus altos custos para o erário federal.

Incansáveis, os senadores instalaram a quarta CPI das ONGs dia 14 de junho de 2023.

Dessa vez terá foco, se é que existe alguma objetividade em CPI, no financiamento fornecido pelo Fundo Amazônia para as entidades que atuam na região.

Serão avaliados uma lista grande de projetos que, por sinal, passaram pelo crivo dos especialistas em auditoria realizada pelo conceituado Tribunal de Contas da União, além do monitoramento realizado pelos noruegueses e alemães que os principais países doadores.

Seguindo o mesmo itinerário espalhafatoso das anteriores a nova CPI das ONGs não deve surtir em benefício para a sociedade, enquanto o custo para o orçamento público continuará elevado.  

Políticos no geral preferem a tolice de que os americanos teriam interesse em expandir sua presença militar na Amazônia, algo improvável, mas eles não estão sozinhos.

Ambientalistas, por seu turno, preferem repetir a tolice da biopirataria como se fosse algo provado e são bem recepcionados pela imprensa. Com discurso bastante semelhante ao dos políticos e contando, muitas vezes, com apoio incompreensível de universidades fazem duas afirmações bem perigosas.

A primeira que a biodiversidade florestal da Amazônia é um tesouro ainda por ser descoberto, o que não é bem verdade. A segunda que a riqueza pode ser saqueada por qualquer um. O que é mentira.  

Na visão tola de alguns, o tesouro seria a descoberta da cura de câncer e de alguma doença que aflige a humanidade ou, quem sabe, no veneno do sapo que acaba com a depressão, mas nunca de um leque variado de produtos da biodiversidade florestal com potencial de mercado comprovado agora.

Esquecem que estudo de prospecção biológica para chegar a alguma descoberta excepcional leva mais de vinte anos e exige investimento permanente. Concluindo, dinheiro para aplicar em biotecnologia e por fim às tolices caso sejam disponibilizados com a privatização do imprescindível Centro de Bionegócios da Amazônia. É esperar para ver!

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