A produção primária, quer seja agrícola ou florestal, realizada de maneira adequada às condições ecológicas da Amazônia ganhou impulso significativo no período pós Eco 92. Um investimento expressivo, em sua grande maioria público e oriundo da Secretaria da Amazônia, do Ministério do Meio Ambiente, foi realizado durante mais de 10 anos, de forma constante e permanente, sobretudo até 2002.

Acreditava-se, com razão, que seria preciso uma presença maior de recursos públicos na promoção de alternativas produtivas consideradas de elevado risco pelo capital privado. Por sinal, apesar de se tratar de financiamentos ditos a fundo perdido, isto é, dinheiro que não teria que ser devolvido ao doador, produtores de médio e grande porte não se animavam na aventura de mudar sua maneira predatória de produzir.

O risco acabou sendo assumido pelo pequeno produtor, em especial aquele acostumado ao modo extrativista de produção e às agruras de uma produção florestal ancorada na borracha, por si só, arriscada. Desde a Segunda Guerra Mundial que o comportamento dessa produção gomífera era uma incógnita, com uma única certeza: a tendência de queda nos preços de mercado.

Todavia, se nos anos noventa a prioridade era produzir, agora a palavra chave é vender. Ocorre que, naquela época, década de 90, a equação da sustentabilidade era zerada dos dois lados, isto é, não se produzia porque não havia mercado e não havia mercado porque não se tinha uma produção sustentável. O mercado, dito potencial, parecia muito distante e, de certa forma, irreal tanto na quantidade demandada, quanto no controle de qualidade dessa produção.

Agora, já em 2007, um lado da equação da sustentabilidade produtiva parece ter sido solucionado, o da produção sustentável, e é hora de buscar o mercado, que ganhou a denominação moderna de Ecomercado. Hoje, felizmente, tem-se o produto.

No entanto, essa produção, apesar de expressiva na Amazônia, ainda é realizada com elevado grau de desorganização. Falta uma superfície de contato entre o produtor, que oferece um produto manejado de forma sustentável, e o comprador, do Ecomercado, que exige garantias reais de sustentabilidade dessa produção.

Esse contato, que deveria ser conseguido por meio de agentes de vendas, facilitaria as negociações entre o mercado (sempre claro e objetivo, impaciente e avexado) e o pequeno produtor (sempre confuso e pouco objetivo, tranqüilo e devagar). Duas dinâmicas distintas de comportamento que não conseguem se entender e que precisam de um agenciador de negócios, que seja de um lado calmo, mas cobrador, para fazer com que o produtor compreenda e honre os compromissos de entrega assumidos e, de outro, avexado para fazer transações comerciais tanto com o mercado tradicional quanto com o promissor Ecomercado.

Esse agenciador, que pode ser público ou privado, com ou sem fins lucrativos, recebendo ou não comissão pelas operações, poderá conseguir superar o maior gargalo da produção sustentável dessa região, qual seja: a conquista de mercados permanentes para consumir seus produtos e serviços diferenciados pela adequação à realidade florestal da Amazônia.

A partir daí, será possível organizar essa produção em um arranjo produtivo local ou cluster, para usar as conceituações dos aglomerados econômicos, concebendo sua marca ou selo de sustentabilidade e criando vantagem competitiva para produtores e instituições que já existem e atuam na própria região.

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