Após nove anos de sua criação, o curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre formou seu profissional de número 50. Fruto de um esforço institucional que envolveu diversos órgãos do governo estadual e federal, o curso surgiu com a vontade de contribuir para consolidar uma engenharia florestal genuinamente amazônica.

Ocorre que a demanda por profissionais que atuassem na floresta, desde o início da década de 1980, crescia de maneira rápida em um estado como o Acre, que criou o conceito de Reservas Extrativistas, de Manejo Florestal Comunitário e do Manejo Florestal de Uso Múltiplo.

Com uma população significativa vivendo no interior da floresta, ocupada com a produção de borracha e castanha-do-Brasil, a extensão florestal dava seus primeiros passos, com a atuação da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (Funtac) e do Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA).

Naquela época, já se percebia as dificuldades de adaptação do profissional importado de outras regiões e, o mais grave, dos custos associados a essa importação. O profissional que chegava levava tempo para se adaptar e mais tempo ainda para entender uma floresta, com a qual ele não tinha tido nenhum contato durante sua formação.

Acostumado ao manejo florestal para produção de madeira, papel e celulose, com o cultivo de duas espécies apenas: pinnus e eucalyptus, o engenheiro florestal sulista, tal qual os seringueiros que chegavam do Nordeste, para serem incorporados no esforço de guerra para produção de borracha, era muito, muito brabo.

Mas, formar profissionais da engenharia florestal habilitados para atuarem na Amazônia, não era tarefa simples. A idéia de se estruturar um curso de engenharia florestal na Ufac várias vezes surgiu e várias vezes foi abortada. As dificuldades pareciam ser grandes demais.

As exigências de um curso relacionado à área das agrárias é naturalmente grande. Geralmente são cursos que requerem vários laboratórios, áreas de estudo e, o mais difícil de se conseguir, um conjunto de professores com experiência nos diversos campos do conhecimento.

Para a Ufac, que já contava com um curso tradicional de biologia e outro igualmente tradicional de agronomia, faltava a possibilidade de compor uma equipe nova de professores, para conduzirem o curso, sobretudo nas disciplinas do eixo profissionalizante.

O curso de engenharia florestal é pesado para o aluno e para os professores. Costuma ter uma taxa de desistência elevada, tendo em vista sua carga horária densa. Afinal, além do domínio da engenharia, o florestal precisa também dominar a floresta, algo sempre muito complexo.

Formar o engenheiro florestal de número 50 é uma grata satisfação para todos aqueles que lutaram para que o curso se estabelecesse. Sem querer citar nomes para não cometer injustiças, todos, sem exceção, os que deram sua contribuição devem se sentir homenageados nesse momento.

E o melhor de tudo é que as velhas discussões acerca da ausência de mercado de trabalho para assimilar esse profissional parecem ter sido refutadas na prática, eles estão trabalhando.

Todavia, independente da demanda ou não de mercado, formar 50 novos engenheiros florestais é, no mínimo, um bom começo para a floresta acreana.

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