Tomando emprestado o pressuposto dos que defendem o ideário agroecológico, a Transição Florestal na Amazônia parece que, finalmente, começa a se materializar junto à alta administração estatal brasileira.

Ocorre que a agroecologia, entendida como uma tecnologia de produção agrícola, sobretudo de alimentos, realizada de maneira a favorecer e potencializar as características ambientais do solo, da água e da formação vegetal natural das propriedades, por isso é dita ecológica, tem como referência principal a negação da importância, quase sagrada, de elevados índices de produtividade da terra.

Afinal, foi para obter dos solos destinados à produção agrícola a maior quantidade possível de produtos e, consequentemente, maiores rendimentos econômicos, que a chamada Revolução Verde se tornou uma realidade mundial.

Pensava-se, no período posterior a segunda guerra mundial, e ainda pensa-se, que com o emprego intensivo de tecnologias como: tratores (para plantar, colher e debulhar), adubos (para enriquecer os solos e torná-los mais nutritivos para as plantas) e defensivos (os agrotóxicos para matar as pragas), seria possível produzir tudo que a humanidade precisava.

Primeiro os alimentos, depois o algodão para a indústria têxtil, o papel para a indústria da informação e, mais recentemente, o combustível para os veículos, se transformaram, rapidamente em comodities, cujas produções elevadíssimas são negociadas em bolsas de mercadorias do futuro.

Os efeitos negativos desse tipo de produção, intensiva em insumos, surgiram ao afetar a vida dos pequenos produtores rurais, que foram excluídos do mercado da alta produtividade, pois não tinham como competir, e ao afetar a sociedade no geral com os impactos ambientais de ordem planetária, como o fenômeno da desertificação (que destrói todo ano elevadas extensões de solo) e do desmatamento (que destrói todo ano elevadas extensões de florestas).

Efeitos nefastos que devido às exageradas proporções colocaram em risco a principal justificativa da Revolução Verde: elevar a produção de alimentos.

Grupos de técnicos das áreas agrárias, graduados a partir do surgimento desses efeitos nefastos, iniciaram, ainda na década de 1980, um movimento nacional pela adoção de uma tecnologia alternativa para viabilizar a produção de alimentos, sem o uso de agrotóxicos e impedindo a exaustão dos solos. A agroecologia nascia como uma ciência que reunia diversas disciplinas e formações profissionais no esforço de transformar o modelo de produção rural no Brasil.

Cônscios de que a empreitada seria por demais gigantesca, os técnicos adeptos da agroecologia, conceberam um período de tempo e uma estratégia a ser seguida para que a tecnologia da agroecologia fosse, paulatinamente, ocupando as áreas destinadas à produção baseada na Revolução Verde. Chamaram essa estratégia de Transição Agroecológica.

Voltando ao título do artigo, repensar a estrutura produtiva da Amazônia e conceber uma profunda alteração produtiva em busca de alternativas, foi o que motivou grupos de técnicos, já na década de 1990, do Acre ao Amapá, a se debruçarem sobre o valor do ecossistema florestal.

A Transição Florestal na Amazônia tem na adoção do Manejo Florestal de Uso Múltiplo sua principal estratégia.

Estratégia que, felizmente, a cada dia ganha mais adeptos no estado brasileiro.

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