Desenvolvimento Sustentável é um conceito que ganhou força no período que antecedeu a Conferência da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco 92. No entanto, uma definição mais precisa do termo ocorreria somente algum tempo depois. Uma precisão que ainda convive com certo grau de liberdade. Afinal, o que é sustentável para uns não será para outros.

Na verdade, ainda hoje, existe muita dificuldade em tratar-se do assunto de forma consensual, seja do ponto de vista técnico, econômico ou político.

Técnicos menos exigentes – a rigor com tendência ao desenvolvimentismo, que, para se sentirem atuais, costumam assimilar novos conceitos aos pedaços – defendem que, com um olhar macro, como os economistas, por exemplo, gostam de ver as coisas, até uma queimada poderia ser contextualizada num processo de sustentabilidade.

Com um olhar distante: um ecossistema pelo outro, um bioma pelo outro, um continente pelo outro e até um planeta pelo outro, tudo é possível. Tudo é sustentável. Em suma, significa aceitar que degradações locais podem ser assimiladas, quando se considera o planeta como um todo.

Ocorre que a sustentabilidade não pode ser uma mera forma de se acomodar as circunstâncias, como se fosse impossível superá-las. Um ciclo produtivo baseado no desmatamento-queimada-plantio, não pode ser, simplesmente, emolduradas por argumentos que as tornem menos prejudiciais do que são na realidade.

Com o aquecimento global transformado em emergencial concreta e com a certeza de que é causado, em grande parte, pelo desmatamento das florestas, parece evidente que o raciocínio de que tudo é possível perdeu a validade. A aceitação e a convivência com o prejuízo, como algo inerente à consolidação da ocupação social e econômica na Amazônia, além de demonstrar um elevado primitivismo, expõe o mundo a um grande perigo.

Mas a boa notícia é que o gargalo tecnológico foi superado. O nível de técnica atual não é o mesmo de vinte anos atrás. Em temas como instalação de infra-estrutura, produção, educação e saúde, desenvolveram-se opções tecnológicas inseridas no universo da sustentabilidade e passíveis de reprodução numa escala que atenda a demanda existente na Amazônia. Com um pouco de criatividade, determinação e, talvez o mais importante, sem receio do ônus eleitoral, se terá condições de promover uma transformação concreta em direção à sustentabilidade.

Na verdade, é exatamente do ambiente político (e eleitoral) que a sustentabilidade mais depende. Contudo, o eleitor da Amazônia tem dado mostras inequívocas de que entende e está de acordo com um projeto de cidade que tenha na sustentabilidade sua maior referência.

Um projeto que abranja e concilie instalação de infra-estrutura, apoio a atividades econômicas adequadas à realidade do ecossistema florestal da região e universalização da educação, saúde e do acesso à energia elétrica. Com um diferencial único: o da sustentabilidade.

Um projeto que consiga mais: demonstrar, na prática, que ações públicas dependem de uma sociedade civil forte e organizada para durarem além dos governos.

E que, por fim, um projeto de município que assuma um ideal de sustentabilidade genuinamente amazônico, cada vez mais reconhecido no país e fora dele. Um ideal que deve ser tratado com muito carinho e defendido por todos, sem discriminação. Pois que foi erigido sobre propostas e projetos de vida de muitas pessoas.

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