Parece remota a possibilidade de os países chegarem a um acordo quanto aos preceitos de sustentabilidade a serem observados em todo o planeta. Em que pese o esforço de um conjunto heterogêneo de instituições, em especial aquelas de cunho ambientalista, as divergências são muito superiores às convergências.

Um passo significativo decerto será dado por ocasião da vigésima primeira Conferência das Partes (COP 21, na sigla em inglês) das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a ser realizada em Paris, França, em dezembro próximo.

Será uma grande oportunidade de, finalmente, discutirem-se e definirem-se critérios e compromissos em relação a atividades que agravam a crise ecológica devido ao aumento de carbono na atmosfera, como a produção de energia elétrica por meio de fontes “sujas” (as termoelétricas), o desmatamento das florestas para plantio de soja e criação de boi, o uso de matérias-primas intensivas em petróleo etc.

Seria muito interessante para o Brasil, que possui mais de 70% de sua energia elétrica gerada por meio da força das águas, se, por exemplo, as hidrelétricas fossem alçadas à condição de opção preferencial para a realidade ecológica e social das nações situadas abaixo da linha do equador.

As divergências conceituais acerca do que a sustentabilidade significa incluem também pequenas resoluções que são tomadas pelos seres humanos no dia a dia e que, embora em conjunto tenham grande importância, no plano individual costumam ser tratadas com certa indiferença.

Uma decisão aparentemente insignificante – optar pela compra dum lápis de madeira no lugar duma caneta de plástico, ou, digamos, pelo emprego de papel toalha no lugar de aquecedores elétricos em banheiros públicos – pode aproximar o mundo da sustentabilidade.

Por serem mais complexas, as questões que envolvem a exploração da biodiversidade na Amazônia exigem maior nível de informações e trazem, ao mesmo tempo, repercussões perigosas para a conservação do ecossistema florestal da região.
Desnecessário alertar que a conservação dessa floresta tropical é considerada um dos pontos principais para a superação da atual crise ecológica, que decorre do aquecimento do planeta – o que, por sua vez, acarreta as alterações no clima e provoca, entre outras tragédias, as alagações e secas dos rios.

É difícil imaginar um consenso em torno da exploração da madeira amazônica (mediante o emprego da tecnologia do manejo florestal) como melhor mecanismo para a conservação da floresta, mas isso é mais do que necessário.

Diferentemente do que reza o senso comum, o corte de uma árvore manejada, seja para a construção de uma casa de madeira, para a fabricação de um móvel de alta qualidade ou mesmo para a manufatura de um singelo objeto de decoração, além de possibilitar a conservação da floresta sob exploração, contribui para a sustentabilidade.

Por mais paradoxal que possa parecer, derrubar árvores para atender à demanda da sociedade por casas, móveis e artefatos em geral ajuda a floresta a se renovar, e essa renovação retira carbono da atmosfera. Nada melhor.

A expectativa é que, com a realização da COP 21, os mais de 190 países associados à ONU logrem fazer chegar ao cotidiano dos indivíduos e empresas as implicações de um novo modelo de desenvolvimento que supere, verdadeiramente, a economia ancorada no petróleo e que ainda persiste em todo o planeta.

A sustentabilidade do dia a dia depende, cada vez mais, do que é decidido pelo mundo em reuniões de cúpula como a COP 21. O Brasil deve estar preparado.

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