Nada mais fácil de demonstrar, bastaria analisar o currículo e a atuação dos reitores eleitos em mais de 60 universidades federais nos últimos 30 anos, para chegar a uma conclusão óbvia: em sua imensa maioria, não possuem perfil como gestores públicos, tampouco como pesquisadores.

Assumindo que a afirmação acerca da inépcia administrativa e científica dos reitores configura evidência comprovada, sem embargo da dificuldade para encontrar estudos nessa temática, restaria investigar onde está o problema.

Adicionalmente, há que se considerar também que tanto no corpo docente das universidades federais como fora delas existem pessoas capacitadas, num e noutro quesito (gerencial e cientifico), que poderiam contribuir de maneira mais qualificada para os serviços que as instituições públicas de ensino superior oferecem à sociedade.

Respondendo à questão posta acima, o problema é que a eleição de reitor, que ocorre nos mesmos moldes (leia-se: da mesma forma irrelevante e vulgar) de uma eleição de sindicato ou de diretório estudantil, caducou ainda na década de 1990.

Os que cursaram a universidade durante o período do regime militar certamente consideram a eleição uma conquista da qual não se pode abrir mão.

Para esse pessoal, trata-se verdadeiramente de uma convicção, e as razões são mais do que compreensíveis. Afinal, para não ter que acatar uma indicação vinda de um subalterno de capitão que era ordenança de general, o caminho encontrado foi reivindicar que a escolha ocorresse entre os pares da própria universidade.

Já houve época em que os candidatos não precisavam sequer atuar como docentes – na condição de servidor, inclusive, as chances de se eleger eram até maiores.

E até pouco tempo, não se exigia dos candidatos o título de doutor. Sem intenção de menosprezar ou desmerecer quem quer que seja, imagine um servidor graduado atuando como reitor e tomando decisões relacionadas a pesquisas científicas que por sua vez requerem elevada qualificação…

Também vem desse tempo a insignificante discussão acerca da ponderação do voto de cada segmento de eleitores. Debateu-se em demasia e houve muita briga para aprovar uma legislação (minha nossa, quando se pensa que foi preciso uma lei!) definindo que o voto do professor equivale a 70% do total; o voto do servidor, a 15%; e o dos alunos, a outros 15%.

Quantas vezes se gritaram nos campus universitários que cada professor “vale” por quase 5 alunos e 5 servidores?

E ainda tem quem discuta se essa proporcionalidade deve ser aplicada em relação ao universo de eleitores ou sobre a quantidade de votos depositada nas urnas. Parece loucura?

Chegou-se, inúmeras vezes, à populista e promíscua proposta de eleições diretas e universais, com votos de alunos, servidores e professores valendo o mesmo peso. Nas universidades em que essa balburdia aconteceu, os professores fugiram do processo eleitoral.

Eternamente insatisfeita com os resultados de uma eleição que escolhe um reitor que nem é gestor nem pesquisador, a comunidade acadêmica se perde no equívoco de querer mudar o processo eleitoral, ao invés de se livrar dele.

Nada mais tacanho que formar chapa e fazer campanha em eleição para reitor e vice.

Embora os parlamentares receiem mexer com as universidades, a verdade é que passou da hora.

 

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