A “agricultura de derruba e queima”, praticada na Amazônia desde os primórdios da sua ocupação social e econômica, trouxe conseqüências danosas para o ecossistema da região. Ao se ancorar no nefasto ciclo produtivo do desmatamento-queimada-plantio-colheita e, por fim, abandono, exigia a incorporação permanente de novas terras com florestas e, claro, novos desmatamentos e um novo ciclo se formava.

Apesar do abandono da área trabalhada, após a finalização do ciclo produtivo, significar demanda por novas áreas de florestas, o denominado Pousio Ecológico (período médio de cinco anos no qual o produtor buscava novas áreas enquanto uma capoeira se formava na antiga), permitia a recuperação da terra abandonada que, mais tarde, poderia ser reutilizada em um novo ciclo produtivo ou, definitivamente, entregue ao processo de sucessão ecológica até virar floresta de novo.

Todavia, a preferência do produtor por ocupar novas áreas de florestas, ao invés de iniciar novo ciclo nas capoeiras oriundas do abandono, associada à demanda por novas tecnologias produtivas destinadas à diversificação e agregação de valor à pequena produção rural, fizeram com que a instalação do Sistema Agroflorestal, SAF, se tornasse uma realidade na Amazônia.

Com o SAF o Pousio Ecológico já não tinha mais razão de existir. Ao consorciar espécies agrícolas e florestais, com ciclos produtivos diferenciados, no qual algumas produzem no primeiro ano (arroz, feijão e milho, por exemplo), outras no terceiro e assim por diante, o produtor trabalha sempre na mesma área à espera da produção de alguma nova espécie consorciada.

Mas com o SAF o Pousio Econômico surgiu. O desinteresse dos produtores pela instalação do SAF pode ser justificado, em sua maior parte, pelo surgimento do Pousio Econômico. Ocorre que as espécies vegetais não terminam e começam sua produção exatamente no mesmo tempo. Depois que o arroz não pode ser mais produzido ainda levará algum tempo para que as espécies da safra seguinte, como o cupuaçu e graviola, por exemplo, iniciem sua produção.

Um tempo no qual o produtor gasta trabalho sem auferir benefícios. Ele precisa continuar cuidando de seu cultivo, fazendo limpezas para evitar pragas invasoras, realizando podas e assim por diante, sem que possa comercializar nada.

Para superar o Pousio Econômico a introdução do manejo de animais no SAF, transformando-o, ou elevando-o à condição de um Sistema AgroSilvopastoril, SAS, aparece como solução tecnológica importante.

A opção pela introdução dos animais silvestres amazônicos surte um efeito gerador de renda e completa o principio básico do SAF de aproximação com o ecossistema florestal natural. Resolve-se o gargalo do Pousio Econômico, no qual o produtor fica longos períodos sem auferir renda, mas tendo que continuar despendendo mão-de-obra nos cuidados com o cultivo, além de melhorar as condições ecológicas do plantio.

Mas, selecionar o tipo de animal que deve ser introduzido, o processo de manejo, a forma de introdução no SAF e assim por diante, que possibilitasse solucionar o grave problema do Pousio Econômico causado pelo SAF, demandou a realização de uma experiência fundamental para a inovação tecnológica do SAS.

Desde 2005 uma pesquisa executada em Acrelândia, no Acre, e que contou com apoio de instituições como: CNPq, Unesp, Ufac, Sindicato de Trabalhadores Rurais e da Associação Andiroba denominada de Projeto Paca de Acrelândia, introduziu, com sucesso, o manejo de Paca no interior de um dos SAFs mais antigos da Amazônia.

O resultado é promissor por permitir a elevação da renda gerada na agricultura familiar praticada pelos acreanos e por trazer os animais silvestres amazônicos, de forma legalizada, para a mesa dos consumidores.

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