Lançado durante a COP 27 (Conferência das Partes da ONU para a Convenção do Clima realizada no Egito em 2022) o Plano de Bioeconomia do Pará estabelece uma nova estratégia para o crescimento, sem desmatamento, da maior e mais diversificada economia da Amazônia.
Com indicadores de destruição da floresta que assustam, sobretudo a partir de 2019 quando se desmatou 4.172 Km2 de florestas rompendo, após dez anos, a barreira dos 4.000 Km2 anuais, o Pará começa a prestar atenção em seu elevado potencial para a bioeconomia.
Nesse rumo a estratégia em bioeconomia do Pará listou um conjunto de 43 produtos de origem florestal e que devem gerar em torno de US$ 120 bilhões anuais para a economia estadual. O cacau nativo, por exemplo, será um dos destaques desse novo e ousado processo produtivo.
O Plano de Bioeconomia, por sinal único na Amazônia, também prevê investimentos na recuperação de pastagens degradas pela criação extensiva de gado e de áreas com baixa produtividade em que um boi pode pastar em até dois hectares de terras antes ocupadas pela biodiversidade florestal.
A meta é reflorestar, com espécies nativas e destinadas a recuperação dos solos e conservação da biodiversidade, um total de 5,4 milhões de hectares em um prazo apertado de sete anos, ou seja, até 2030.
Claro que o orçamento público não deverá ser suficiente e a participação dos empresários se mostra imprescindível.
Não à toa um conjunto de unidades de conservação criadas pelo governo atual e anteriores estão sendo leiloadas, em processo de concessão florestal para as indústrias, em especial da madeira, institucionalizados desde de 2006 pela Lei 11.284, conhecida por Lei de Gestão de Florestas Públicas.
Apostar no mercado de carbono parece ser o ponto forte da estratégia em bioeconomia paraense.
Diversas áreas de florestas com situação fundiária definida podem ser disponibilizadas para venda de créditos de carbono com a intermediação da iniciativa privada no modelo conhecido por REDD+.
Finalmente, se entre 1990 até 2010 o Acre foi uma referência na discussão de uma economia baseada na biodiversidade florestal, deixando dois legados reconhecidos como as Reservas Extrativistas e a tecnologia do manejo florestal comunitário, o Pará traz expectativas renovadas para um futuro com desmatamento zero na Amazônia.
Expectativas elevadas, uma vez que o maior PIB agropecuário da Amazônia guinará sua política pública para investir na economia da biodiversidade florestal.