Um pesquisador gaúcho, Elzo Ferreira, desenvolveu um suplemento de vitaminas que pode auxiliar, uma imensa quantidade de pessoas portadoras de doenças pulmonares e respiratórias, como a asma, por exemplo, a combaterem e resistirem aos graves efeitos da doença.

Com resultados animadores em laboratório, onde em 90% dos testes a asma foi curada, o princípio ativo misturado ao suplemento vitamínico foi isolado a partir de uma planta bem conhecida: o xaxim (Dicksonia selowiana), chamada de samambaiaçu. Uma espécie florestal nativa das florestas de araucárias da região sul, especialmente nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, cujos institutos estaduais de tecnologia apoiaram a realização da pesquisa.

Até aqui nada mais animador e inspirador. Uma pesquisa genuinamente nacional, realizada por pesquisadores brasileiros, com apoio de institutos estaduais der pesquisas, que consegue como resultado a extração de um princípio ativo, para cura da asma, de uma planta comum nos ecossistemas sulinos e que, melhor ainda, historicamente, vem sendo explorada no modo extrativista de produção, o que beneficia uma grande quantidade de pequenos produtores rurais tradicionais.

Ou seja, para resumir, trata-se de uma pesquisa cujo resultado beneficia a todos. Estão de parabéns o pesquisador, as organizações de fomento, a população afligida pela asma e os extrativistas. Mas, como bom senso não é comum por aqui, não é nada disso.

O trauma, do pesquisador e de todos, começa quando alguém lembra que a exploração do xaxim é proibida. Em todos os estados do sul desde 1992 e em nível nacional a partir de 2000, o extrativismo do xaxim foi banido sob a bizarra justificativa de que a espécie corre risco de extinção. Por outro lado, não pode ser cultivada, pois uma vez domesticada, não apresenta o mesmo princípio ativo existente no ecossistema natural.

Ora, se não há como extrair o princípio ativo da espécie de ocorrência natural, presente nos ecossistemas nativos, o que reforçaria a tese de uma biodiversidade rica e de valor estratégico inestimável, que poderá significar riqueza e prosperidade para todos os brasileiros em um futuro próximo, se tudo isso são firulas e não passam de demagogias, resta somente sintetizar o princípio ativo.

A tristeza aumenta nessa hora. Ocorre que depois de uma intensa busca na farmacopéia de vários países, o pesquisador encontrou registros do mesmo princípio ativo sintetizado pela farmácia francesa e espanhola.

Resumo da tristeza. O suplemento vitamínico vai ser produzido com o princípio ativo sintético, vai gerar riquezas alhures, na falsa idéia de que dessa maneira o xaxim nosso estará protegido da extinção.

Com um final mais triste ainda, a história, como todos que estudam o potencial da diversidade biológica de regiões como a Amazônia estão cansados de presenciar, vai se repetir.

Os órgãos de controle não conseguem monitorar o imenso território. O mercado marginal continua pressionando pelo recurso florestal. A espécie será explorada da pior forma e com elevados índices de degradação e, enfim, a possibilidade do manejo florestal daquela espécie vai por água abaixo.

Isso já aconteceu com o pau rosa, está acontecendo com a paca, queixada, catetu, capivara, jabuti, orquídeas e assim vai.

A garantia da manutenção da biodiversidade esta em seu uso econômico e não há melhor uso econômico, que aprecia e remunera o valor da floresta, que o uso medicinal como a fitoterapia.

Que se criasse uma Reserva Extrativista do xaxim ou se encontrasse outra solução, afinal a garantia da Biodiversidade é que deveria ser a prioridade.

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