Acrelândia, município no qual foi instalado o Sistema Agroflorestal, SAF, esta incluído no Arco do Desmatamento. Trata-se de um extenso território que margeia o bioma Amazônia indo do Pará até o Acre, onde ocorrem as maiores taxas de desmatamentos anuais e onde a grande maioria dos municípios está na ilegalidade, com relação à determinação legal de manutenção de 80% nas áreas de propriedade privada como Reserva Legal.

Foi ali que um produtor, Sr. José Veríssimo, há mais de 20 anos teve a iniciativa de implantar, com recursos e esforço próprios, o que, provavelmente, é o primeiro Sistema Agroflorestal, SAF, do Acre e quiçá da Amazônia.

Diante de uma realidade produtiva que prioriza o trabalho com um leque reduzido de espécies, o produtor consorciou, primeiramente, duas espécies principais com potencial produtivo elevado na época: cupuaçu e seringueira.

Atualmente a instalação de sistemas semelhantes é tida como opção importante para ampliar a renda na pequena agricultura familiar amazônica, por permitir diversificação dos produtos, planejamento da oferta e, talvez o mais importante, elevar o nível tecnológico da propriedade com o abandono da prática da queimada.

Apesar de recomendado pelos técnicos, o incremento de renda com o SAF costuma ser limitado e o produtor não é estimulado para sua adoção. Ou seja, há um desafio que precisa ser superado com urgência, pois, apesar do SAF ser uma tecnologia importante para uma produção agropecuária inserida no universo da agricultura familiar e de acordo com a realidade florestal da Amazônia, a pouca atratividade do sistema, devido seu pequeno incremento de renda, desestimula sua assimilação pelo produtor.

É necessário introduzir no SAF alguma alternativa produtiva que, em primeiro lugar, não descaracterize a importância ambiental do sistema, mas que, ao mesmo tempo, amplie sua capacidade de geração de renda. Uma solução, encontrada nesse caso, foi a elevação tecnológica do SAF ao Sistema Agrosilvopastoril, SAS, com a criação em regime intensivo de animais silvestres da fauna cinegética regional: a Paca.

A inclusão da Paca no consórcio florestal já estabelecido além de ampliar a renda, melhora as características ambientais do sistema produtivo. A exigência de mão-de-obra do SAS é compatível com a realidade observada na agricultura familiar, com atividades e rotinas de produção que podem ser executadas por mulheres e jovens, geralmente subutilizados na propriedade.

Indo além, a incorporação de espécies da fauna silvestre da Amazônia, no processo de produção da agricultura familiar significa garantia de manutenção das populações nativas desses animais. A exploração realizada pela caça de subsistência tem levado, segundo as estimativas mais animadoras, a abates bem superiores à capacidade de reposição das espécies.

Finalmente, com significativo apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, a instalação do SAS foi realizada em 2005, ano em que os indicadores de queimadas chegaram no pico, chegando a causar, inclusive, incêndio florestais em áreas de cobertura florestal original. Período mais que justificável para surgimento de alternativas de produção voltadas à erradicação das queimadas.

O Sr. Zé Veríssimo, seguramente, conseguiu sair do perverso ciclo de negociação das autorizações anuais para desmatamento.

Ao contrário, sequer fala em desmatamento. Pensa em ampliar seu sistema ocupando áreas de pasto que, de certa forma, até se arrepende de ter instalado.

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