Criado no início da década de 1990 o Grupo de Trabalho Amazônico, GTA, teve sua sede, localizada em Brasília, totalmente destruída pelo fogo. Virou fumaça o prédio, construído em madeira, computadores, móveis e, o mais grave, todos os documentos relativos a quase 20 anos de história da entidade.

O GTA foi uma das boas novas surgidas no período posterior à Eco 92. Ocorre que naquela ocasião, o grupo dos países mais ricos, o G7, se propôs a financiar um Programa Piloto destinado à proteção das florestas tropicais do Brasil, no caso a Amazônia. Com uma doação a fundo perdido, ou seja, que o país não precisa pagar, de aproximados 250 milhões de dólares se estruturou o conhecido por PPG7.

A aplicação desses recursos precisava ser acompanhada de perto pela sociedade civil. Era um requisito dos doadores que seu dinheiro fosse concretamente empregado para proteger a Amazônia. As organizações não-governamentais, ONGs, que atuam na região aceitaram atuar como monitores do PPG7. No entanto, como seria complicado que cada entidade, isoladamente, monitorasse todas as ações do programa, a criação do GTA seria inevitável.

Todavia, logo no início, durante uma histórica e grandiosa Assembléia de Fundação, realizada em Marabá, no sul do Pará, o GTA demonstrava seu potencial de articulação. Pela primeira vez os movimentos sociais como: associações de produtores, sindicatos de trabalhadores, cooperativas, caixa agrícola e outras, se uniam às ONGs de apoio e às entidades indígenas para discutirem, elaborarem e executarem políticas públicas para a Amazônia.

Um grupo de trabalho qualificado para discutir políticas públicas com o governo por uma razão muito simples: representavam os beneficiários ou atingidos pelas políticas para a Amazônia.

O desafio de se articular e estruturar uma Rede de organizações se mostrou enorme. Não havia experiência, por exemplo, na legalização desse tipo de entidade. Como conseguir um registro oficial ou um CNPJ de uma associação cujas associadas são outras, igualmente, associações? A confusão sobre quem é sócio do GTA, se as entidades ou as pessoas que representam as entidades, ainda continua.

O GTA atualmente possui mais de 600 entidades filiadas e sua mobilização, em uma região como a Amazônia, exige muita criatividade. As entidades acreanas sempre tiveram atuação destacada no GTA. Se envolveram ativamente na sua criação, ocupando por duas vezes sua presidência. Por sinal, em um dos períodos mais produtivos do GTA era uma entidade acreana, o Centro dos Trabalhadores da Amazônia, CTA, que ocupava sua Secretaria Geral.

Mas, infelizmente, as mais de uma dúzia de estantes onde se encontravam os documentos que resgatavam essa história singular foram destruídas. Algo que não poderia ter acontecido em hipótese alguma. Um prejuízo incalculável para a sociedade amazônica. Evidente que sinistros acontecem, mas é papel dos dirigentes tornar seu risco mínimo.

Acidentes são transformados em tragédia quando são associados ao abandono e à crise institucional. E o incêndio da sede do GTA foi, sem dúvida, uma grande tragédia.

Download .DOC

xxxx