Autores: Luiz Augusto Mesquita de Azevedo e Ecio Rodrigues

O estudo da formação florestal presente na mata ciliar de rios amazônicos se configura em uma das maiores lacunas de informação. Infelizmente, esse tipo especial de florestas, embora possuindo importância reconhecida para o equilíbrio hidrológico do rio não foi considerado prioritário para os institutos de pesquisas e para a academia localizada na região.

Essa realidade se alterou de maneira drástica devido a ocorrência de eventos climáticos extremos, que ora colocou expressivo contingente populacional sob as águas devido as alagações e ora deixou milhares de ribeirinhos sem alternativa de renda devido às secas.

Adicione-se às tragédias a profícua discussão, na esfera política, sobre o Código Florestal, aprovado em 2012. O tema da mata ciliar, em especial a largura da faixa e a restauração florestal dos trechos degradados, ocupou a maior parte das polêmicas.

É nesse contexto que se insere o presente artigo. Ocorre que a composição do rol de espécies florestais a serem empregadas nos projetos de restauração florestal de mata ciliar se tornou imprescindível, tanto para cumprir determinações legais quanto para atender a um novo e crucial objetivo: promover o equilíbrio hidrológico dos rios. Foi essa demanda que motivou um grupo de técnicos oriundos da Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre, que desde 2010 se debruçam na concepção de uma metodologia que possibilite distinguir quais as espécies florestais devam ser priorizadas na restauração florestal.

Atendendo a exigência legal relacionada ao uso de espécies nativas foi definido um indicador fitossociológico que, por meio de cálculos seqüenciais, permite relacionar uma lista de 20 espécies prioritárias.

Denominado de IVI-Mata Ciliar, esse indicador se aproveita da técnica para cálculo do Índice de Valor de Importância tradicional, para com a inclusão de novas variáveis, definir as espécies florestais consideradas adequadas a cada realidade socioeconômica e etnobotânica vivenciada no trecho de rio que se pretende restaurar.

Antecipando algum resultado, o risco de fracasso da restauração florestal se reduz em até 30% para um IVI-Mata Ciliar que valorize a importância econômica da espécie para o produtor ribeirinho.

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