Não há como imaginar o estabelecimento de uma economia florestal forte na Amazônia, sem que haja informações precisas sobre todas as variáveis que influenciam cada segmento, subsetor ou elo do cluster florestal que será preciso instituir.

Informações que, quando a matéria-prima florestal chegar na indústria, orientem o processamento, sua embalagem, transporte e colocação no mercado. Mais importante ainda, informações que, quando a matéria-prima ainda estiver na floresta, forneçam condições de planejar o aproveitamento do estoque existente.

Conhecer o potencial do estoque florestal presente no ecossistema é condição elementar para planejar a exploração em todo tipo de florestas e essencial para o caso de florestas com elevada diversidade de espécies, como as que ocorrem no Acre.

Todavia, apesar de ter sua importância reconhecida, a realização de um Inventário Florestal em nível estadual costuma encontrar muita resistência em governos locais, seja ele de que partido for. Há um mito, equivocado diga-se, de que inventariar o potencial florestal de grandes regiões é muito caro e, o pior, que o custo benefício não justifica o investimento.

Acontece que, as modernas técnicas de mapeamento por satélite, de sensoriamento remoto e de geoprocessamento, permitem elevada precisão na alocação das amostras de inventario, o que reduz a necessidade de um número elevado de amostras e, o melhor, diminui sobremaneira o custo do Inventário Florestal.

Por outro lado, os retornos ou benefícios auferidos com as informações oriundas do Inventário Florestal superam facilmente os custos a ele associados, mesmo quando ainda eram realmente caros. Afinal são essas informações que ao serem atualizadas em períodos constantes, de dez em dez anos por exemplo, vão orientar o investimento privado nas atividades florestais.

São as informações inventariadas que poderão também orientar o planejamento da ocupação, se e quando essa ocupação tiver algum tipo de vínculo com o aproveitamento florestal. A produção de óleos florestais a partir das palmeiras existentes no Acre, em cidades como Jordão e santa Rosa, só seria possível a partir dos dados de um Inventário Florestal. O mesmo raciocínio é válido para o tabocal de Assis Brasil.

A floresta acreana nunca, em nenhum momento de sua história, foi devidamente inventariada em sua totalidade e ao mesmo tempo. Nem mesmo para discutir e tomar as importantes decisões para a lei que instituiu o Zoneamento Econômico e Ecológico, ZEE, o que era de crucial importância, o inventário aconteceu.

Considerando apenas as iniciativas de inventários oriundas do poder público, algumas áreas pontuais de florestas foram medidas como no caso do Antimary e do são Luis do Remanso, ainda em 1989. Nessa mesma época, também foram inventariadas as florestas próximas à BR 364 de Rio Branco até Cruzeiro do Sul, no âmbito do ZEE.

Quase 15 anos depois, em 2003, o inventário para o ZEE foi concluído com amostras medidas nas florestas ao sul e na fronteira com Bolívia e Peru.

Para se ter uma pequena idéia da importância dessas, um tanto precárias, informações, foi esse inventário, realizado em dois momentos díspares e bem distantes, que subsidiou importantes decisões como as que originaram a criação das florestas estaduais de Tarauacá e a localização da fábrica de pisos em Xapurí.

E hoje, as decisões a serem tomadas são ainda mais fundamentais ao futuro do Acre. Precisa-se de um Inventário Estadual de Florestas para, por exemplo, tomar decisões sobre REDD, geração de energia elétrica com biomassa, sobre biodiesel, sobre disponibilidade de madeira, sobre as Unidades de Conservação e assim por diante.

E, finalmente, um Inventário Estadual de Florestas é barato diante das portas que se abrem para o futuro.

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