A manutenção ou não dos ecossistemas florestais significa menor ou maior risco, respectivamente, de ocorrência de tragédias associadas às águas. O desequilíbrio climático, que sujeita todos os países do planeta às mais diversas consequências nefastas, pode ser minimizado, em muito, pela existência de florestas.

Asseverações nesse sentido se tornaram possíveis há bem pouco tempo, ou para ser mais preciso, nos últimos 10 anos. É bem provável, aliás, que a associação entre formações florestais, quantidade de água e ar, e a estabilidade na oferta desses recursos ao longo do tempo – o que garante o equilíbrio do clima e atenua as conseqüências das mudanças climáticas e do aquecimento global – tenha sido o mais importante consenso obtido entre os países desde a realização da Rio 92.

Ao se colocar o guiso no pescoço do gato, como se diz popularmente, ou seja, ao se detectar um ponto visível e mensurável – os ecossistemas florestais -, no intricado conceito de Desenvolvimento Sustentável, os países podem se organizar e planejar suas ações no sentido de ampliar as áreas de florestas, nativas e plantadas, ao redor do globo.

Se antes era tarefa complicada conceberem-se políticas públicas para atendimento do ideal de sustentabilidade ambiental atualmente preconizado, agora parece não haver mais dúvidas. Iniciativas para manejar florestas, plantar florestas, proteger florestas outras que garantam a existência dos ecossistemas florestais foram alçadas à condição de prioridade número um.

Ora, por esse raciocínio, não é difícil concluir-se que todas as florestas existentes no planeta, especialmente as nativas, precisam ser tratadas de maneira diferenciada. E se a floresta em questão é a maior floresta tropical do mundo, como é o caso da Amazônia, o tratamento deve ser mais diferenciado ainda.

O que significa dizer que as instituições que atuam com o tema florestal devem, com urgência, rever seus objetivos e incorporar, nas suas abordagens, os serviços ambientais que as florestas ofertam.

Mais que isso, significa que os ecossistemas florestais requerem uma nova institucionalidade estatal, que amplie a governança florestal, revestindo-a de maior poder de intervenção e regulação pública.

A criação do Serviço Florestal Brasileiro, em 2006, não obstante o grande passo que representou, apenas recuperou, a bem da verdade, o tempo perdido com a equivocada extinção do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, IBDF.

A administração pública redimia-se em parte pelo erro cometido em 1989, quando foi criado o Ibama, e se embaralhou temas como Água, Florestas, Borracha e Meio Ambiente, num mesmo e bagunçado saco.

Por sinal, talvez o melhor caminho para se iniciar essa discussão acerca da governança florestal e sua nova institucionalidade seja, justamente, a análise dos resultados satisfatórios obtidos pelos órgãos estatais que se ocuparam, no passado conturbado da gestão pública nacional, de apenas um produto florestal, como a Sudhevea e o Instituto do Mate, ou de uma espécie florestal, como o Instituto do Pinho.

Ao consagrar 2011 como Ano Internacional das Florestas, um dos objetivos da Organização das Nações Unidas foi o de alertar para a urgência em se instituir, em cada país membro, uma nova institucionalidade para tratar do tema Florestas.

Sendo assim, a criação de agências reguladoras, institutos de pesquisas e outros órgãos específicos para o ecossistema florestal deve ser priorizada.

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