Manuel Urbano, no interior do Acre, vive momentos únicos de sua história. A mudança na realidade local, acarretada pela elevada quantidade de obras que estão acontecendo no município é facilmente observada. Afinal, são obras relevantes no que diz respeito ao preço e à importância social e econômica para a população ali residente.

Obras como a do asfaltamento da rodovia BR 364 no trecho que estabelece ligação com Sena Madureira. A pavimentação irá estreitar a relação entre os dois municípios e, em um segundo momento, intensificar o contato com a capital, Rio Branco. Isso significa que o que acontecer em Sena Madureira, no que diz respeito a oportunidades várias, irá chegar até Manuel Urbano.

Parece simples e de certa maneira normal que isso ocorra, mas não é. Atividades que existem no ambiente do mercado, que independe da ação pública para acontecer, que vão desde à realização de simplórios cursinhos na área da informática até o importante arrendamento de terras pelo agronegócio para produção agropecuária, passarão a fazer parte daquela nova realidade.

Atividades que trazem maiores oportunidades para o pessoal local, da mesma maneira que trazem novas formas de vínculo com o sistema de produção.

O outro lado da moeda é que a arrecadação municipal, ou a riqueza pública, será ampliada rapidamente. Para se ter uma idéia ao custo médio de R$ 2.300.000,00 (dois milhões e trezentos mil reais) por quilômetro, a administração municipal de Manuel Urbano irá arrecadar (com os 5% de Imposto Sobre Serviços, ISS) que a legislação tributária lhe garante, quantias jamais imaginadas pelos gestores.

Mas não é somente a pavimentação. Para completar o Rio Purus se livrará de uma vez por todas das agruras da balsa. Ganhará uma ponte com vão superior a 500 metros de extensão e custos igualmente proibitivos para a realidade econômica local. Outra vez, sendo que com a ponte por muito mais tempo, pois a obra demora para ser concluída, a administração municipal irá encher os cofres.

Com a pavimentação e a ponte do Rio Purus, a interligação de Manuel Urbano ao mundo urbanizado, parece trocadilho, estará completada. Será possível, por exemplo, a todo cidadão, acordar cedo, mas nem tão cedo assim, pegar o carro, vir até o shoping da via verde, que nem é tão verde assim, fazer compras, assistir a um filme e voltar, agora sim, chegando bem cedo.

Da mesma forma será possível ao produtor, juntar toda sua produção de arroz, pegar um caminhão e vir vender em Rio Branco. O problema desse produtor não será com estrada, escoamento, balsa e assim por diante. Será com os concorrentes. É provável que quando chegar, encontre vários outros produtores com quantidades maiores de arroz querendo vender, inclusive, a preços menores, pois vieram de mais perto.

Esse raciocínio vale para toda produção agrícola que os produtores de Manuel Urbano se proporem a vender em Sena Madureira e Rio Branco. Todavia, esse raciocínio não vale para a produção de pirarucu manejado. Nessa produção, além do aprendizado único que os produtores locais possuem, eles são os únicos que podem vender no período da piracema, pois seu produto é manejado.

Esse novo jeito de ver a produção rural acreana, sobretudo a dos municípios do interior, recentemente integrados pela realidade da pavimentação das rodovias e das pontes, o raciocínio da produção florestal manejada com maiores condições de competitividade, precisa ser internalizada pelas políticas públicas e colocadas em prática.

Manuel Urbano, já tem experiência com o pirarucu manejado, o que é um bom começo.

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