Dirigentes na área ambiental são instáveis. A taxa de permanência no cargo, tanto para os de direção superior quanto para os mais simples, talvez seja uma das menores. É que, diferente das áreas de educação a saúde, por exemplo, na área ambiental os resultados são cobrados de imediato.

Para se ter uma idéia desse imediatismo, a taxa de desmatamento na Amazônia que era divulgada a cada ano, e sempre encurrala os dirigentes ambientais que perdem credibilidade com seu aumento, agora é medida a cada mês, com possibilidade de comparação com o mês anterior e com o mesmo mês do ano anterior e assim por diante.

Tal qual os indicadores de crescimento e desenvolvimento humano que fazem tremer os gestores da área econômica, as taxas de desmatamento, na Amazônia claro, debilita a confiança que o mundo deposita no país.

A primeira e principal justificativa dos dirigentes é a costumeira e insistente, como ladainha, reclamação da falta de recursos financeiros, de pessoal e de estrutura compatível com a demanda para fiscalizar e controlar o desmatamento.

Ledo engano, a oferta de recursos, tanto nacional quanto internacional, tem crescido nos últimos 20 anos de maneira surpreendente. Incremento que tende a se manter e até aumentar, com o reconhecimento de que as mudanças do clima e o conseqüente aquecimento global é uma realidade.

No caso brasileiro não há dúvida com relação ao potencial para conseguir dinheiro, inclusive a fundo perdido, como doação dos países desenvolvidos para a área ambiental. A melhor comprovação disso foi a grandiosa cooperação direcionada, Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, PPG7, que desde 1992, fornece doações financeiras para gestão ambiental no país.

Além do PPG7, diversos outros programas, também realizados com recursos internacionais, vem sendo executados. Os nove estados da Amazônia, em maior ou menor grau, contavam com o apoio internacional para Programas de Desenvolvimento Sustentável. O Planafloro em Rondônia, talvez seja o maior deles.

Já a segunda ladainha usada para justificar os resultados ruins no controle do desmatamento na Amazônia, á a falta de apoio político. Argumenta-se que a área ambiental é esquecida ou que o Ministério do Meio Ambiente possui função subalterna no conjunto de ministérios localizados na esplanada em Brasília.

Ledo engano, o apoio político para a área ambiental se fortalece na proporção direta do reconhecimento pela população da importância do tema. Isto é, desde que o discurso ambiental passou a eleger os políticos, o que deve ter começado na década de 1990, que ficou difícil se posicionar a favor do desmatamento.

O melhor exemplo do apoio politico auferido à área ambiental pode ser facilmente observado em período recente, de 2003 para cá.

Difícil imaginar outro momento no qual a área ambiental conseguiu tanto apoio politico. Apoio que possibilitou ao MMA aprovar todas as suas demandas, mesmo quando não sabia exatamente que demanda era essa. Alterações profundas foram introduzidas na gestão florestal brasileira com a criação do Serviço Florestal Brasileiro e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, frutos do esfacelamento do Ibama.

Algo tão imprevisível e realizado de maneira tão despretenciosa, que haja apoio politico para enfrentar.

Com fartura de dinheiro e apoio politico elevado, a área ambiental sofre pela falta de clareza de propósitos e definição de prioridades, condições para o gerenciamento.

Sem gerentes na área ambiental, a taxa de desmatamento continuará mesmo de fazer jogar a toalha.

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