Desde 2007, quando os países signatários haviam realizado a COP 13, Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança Climática ocorrida em Bali, Indonésia, crescia a expectativa em torno da preparação de um novo Protocolo para substituir o de Quioto, com regras mais duras, incluindo redução do prazo para adoção de metas de redução de emissões de carbono para 2012, e, o melhor, impondo penalidades para aqueles que descumprissem as metas, além de instituir o Fundo Internacional de Mudanças Climáticas, reivindicado pelos países em desenvolvimento.

A partir dos sucessos ocorridos em Bali, a grande esperança fora depositada na realização da COP 15, que aconteceria em 2009 na cidade de Copenhague na Dinamarca, com relação ao que seria denominado de novo Protocolo de Quioto.

Ocorre que com a assinatura, por quase todos os países associados à ONU, da Convenção do Clima, em 1992, e do Protocolo de Quioto, que entrara efetivamente em vigor em fevereiro de 2005, com a assinatura pela Rússia e continuada ausência dos Estados Unidos, esperava-se ao chegar à Copenhague que um novo Protocolo de Quioto, fosse finalmente negociado e assinado.

A expectativa com relação ao que aconteceria em Copenhague foi bem superior ao que se esperou da reunião de Estocolmo, em 1972, da Rio 92, em 1992, da Rio + 5, em 1997 e da Rio + 10, em 2002, que tiveram como um dos principais resultados o próprio Protocolo de Quioto. Foi esse acordo internacional que obrigou todos os países do mundo a se comprometerem com a redução do lançamento de CO² na atmosfera.

As razões para tamanha expectativa eram compreensíveis. Ocorre que, se enquanto na série de reuniões anteriores, vez ou outra, os mais preocupados tiveram que apelar para o Princípio da Precaução para convencer os mais incrédulos, em 2009 já não havia dúvidas: o planeta estava esquentando de maneira perigosa.

Mais que isso. O Nobel da Paz em 2008 reconheceu, simultaneamente, o esforço do ex-vice-presidente americano Al Gore em alertar o mundo acerca da emergência do tema e o trabalho do grupo de mais de três mil cientistas que fazem parte do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, cujo relatório continha conclusões estarrecedoras: o mundo está aquecendo, esse aquecimento trará prejuízos ecológicos imensuráveis, e o mais grave, a culpa é nossa.

E mais. Um ano antes da premiação do Nobel, um estudo encomendado pelo governo da Inglaterra causou impacto fulminante no seio do capitalismo. Economistas renomados concluíram que a quebradeira no mercado e nas empresas advinda do aquecimento do planeta seria superior à quebra da bolsa de valores americana, em 1929.

Infelizmente nada disso aconteceu em Copenhague. Na verdade os dirigentes dos países, mesmo sob pressão acirrada dos setores da sociedade, conseguiram adiar as decisões mais importantes, em especial sobre a adoção de metas mais rígidas para emissão de gases de efeito estufa, tanto no que se refere à ampliação das cotas de reduções quanto com relação ao prazo para sua adoção, para a COP 16 a ser realizada em Cancun, no México em dezembro de 2010.

O ponto central das negociações e o que travou seus resultados diz respeito ao segundo período de compromissos estabelecidos no Protocolo de Quioto visando definição de novas metas de redução de emissões para os países desenvolvidos, quase que imediatamente, com início em 2012.

O Brasil por sua vez, adotou como principal estratégia, a articulação de apoios em torno da proposta de implementação do que chamou de “desmatamento evitado”, conhecido pela sigla REDD, que significa Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação.

Em Cancun, aqueles que são responsáveis pelo que acontece às pessoas mundo afora, terão a oportunidade de resgatar as dívidas deixadas em Copenhague.

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