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COP30 e o Cluster Florestal da Amazônia

Ecio Rodrigues & Aurisa Paiva, 13/04/2025

Para os menos familiarizados sobre a importância da convenção da Organização das Nações Unidas, ONU, sobre mudança climática a trigésima conferencia de negociação dos países, ou COP30, acontecerá em Belém, capital do Pará em novembro próximo.

Será o momento adequado para discussão de políticas de desenvolvimento para a Amazônia e a avaliação do modelo adotado pelo Brasil, que desde a década de 1970 do século passado prioriza o financiamento estatal da pecuária extensiva.

Resumindo, o tema do desenvolvimento regional, que tem em Celso Furtado seu maior expoente nacional (principalmente no que se refere aos estudos sobre desigualdades regionais e desenvolvimento x subdesenvolvimento), a identificação da vocação produtiva da Amazônia precisa ir além do que preconiza a consolidada teoria das vantagens comparativas.

Por seu turno, a bibliografia especializada na teoria da vantagem competitiva (cuja obra de Michael E. Porter “A Vantagem Competitiva das Nações” é referência incontornável) coloca a formação de cluster, entendido como aglomerado econômico de indústrias afins em uma determinada localidade, como referencia para ampliar a competitividade de uma região ou país.

Em uma rápida síntese, a ideia força pode ser descrita mais ou menos assim: se todas as propriedades rurais desse gigante país criam gado solto no pasto, no sistema conhecido por pecuária extensiva, não será ofertando o mesmo gado que a Amazônia atrairá investimento privado.

Por outro lado, uma vez que os produtos florestais são monopólio regional, como bem comprova os ciclos econômicos de maior riqueza na história da Amazônia, a biodiversidade florestal se mostra imprescindível para conquista de vantagem competitiva frente a outras regiões.

Na verdade, foi o estudo dos ciclos econômicos baseados em produtos florestais que possibilitou, aos pesquisadores, sistematizar a composição de aglomerados econômicos compatíveis com as peculiaridades ou identidade produtiva de cada um dos nove estados amazônicos.

Sendo assim, o debate a ser realizado na COP30, deveria ser direcionado ao conjunto de projetos produtivos capazes de superar o desafio de trazer os pressupostos da teoria das vantagens competitivas para a realidade atual da Amazônia.

Como? Mediante a esquematização dum cluster, ou seja, a reunião de diversos setores industriais que tenham em comum a origem de sua matéria-prima, o primeiro elo da cadeia produtiva no interior do ecossistema florestal.

Entretanto, o desafio da COP30 para compor uma agenda de política pública voltada à identidade produtiva regional, a despeito dos avanços realizados pela Organização do Tratado de Cooperação da Amazônia há mais de trinta anos, será enorme por várias razões, duas delas merecem destaque.

Primeiro que não existe, na Amazônia, nenhum cluster do ecossistema florestal estabelecido para servir de diagnosticado e permitir propor projetos produtivos para sua ampliação ou estruturação, o que seria o ideal.

Talvez o empreendimento regional que mais se aproxime da ideia de cluster seja a Zona Franca de Manaus, que, entretanto, não guarda nenhuma relação com o cluster do ecossistema e nisso reside a segunda razão do desafio para COP30.

Ou seja, a transferência de formulações elaboradas “sob medida” para fábricas ou usinas consolidadas, em operação no segmento industrial elétrico eletrônico, ou têxtil, ou ainda de química fina, e até de informática.

Logo depois adequar a fórmula para um setor econômico, que por sinal não existe, quer seja em termos de atratividade para investimento pelo mercado e, talvez o ainda mais grave, sequer foi estudado no seu conjunto sob a ótica da importância econômica para a região, o ecossistema florestal da Amazônia.

Superar as análises localizadas sobre o exuberante ciclo econômico das drogas do sertão, da borracha, da castanha-da-Amazônia e da madeira, até chegar a uma necessária avaliação sistemática do cluster do ecossistema permitirá quantificar sua superioridade frente a hegemônica, estagnada e predatória pecuária extensiva sempre refém do desmatamento.

Talvez assim, a COP30 poderá ser lembrada como um divisor na história econômica do desenvolvimento e do desmatamento zero da Amazônia.

Se for de carro, pule Mato Grosso

14/04/2025

Veículo de passeio costuma ser perigosa exceção entre milhares de caminhões carregados de soja e alguns outros produtos do nosso competitivo e reconhecido agronegócio destinados à exportação e que geram quase a metade da riqueza, ou PIB, nacional.

Os caminhões, com dois vagões e mais de 25 metros de comprimento, realizam o percurso que vai da área de cultivo de grãos aos portos de embarque em Porto Velho ou no litoral do sudeste.

Rodam em média a 80 Km/h representando um desafio constante ao motorista do carro que roda a 110 Km/h para serem ultrapassados em uma malha viária com excesso absurdo de faixa contínua e que, ao mesmo tempo, não possui terceira faixa de ultrapassagem.

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Janeiro de 2025 foi o mais quente da história humana na Terra

06/04/2025

Afinal de contas mantida a sequencia de meses mais quentes, o que por sinal fez de 2024 o ano em que a humanidade foi exposta a maior quantidade de calor de sua história, não há dúvida: no final de 2025, a COP30 vai acontecer em uma bolha de ar condicionado, sem vislumbrar alguma saída para o ar livre.

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COP30 discutirá formação do Cluster do Ecossistema na Amazônia

30/03/2025

Na COP30 o desmatamento zero será defendido por 100% dos 198 países associados à Organização das Nações Unidas, nenhum apresentará alguma proposta de política pública diferente da fiscalização.

Um desafio enorme para a COP30 posto que há clara dificuldade aos países para aceitar a existência do desmatamento legalizado e maior ainda em acreditar que o estímulo a atividades produtivas mais rentáveis que a pecuária extensiva permitirá alcançar o desmatamento zero.

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Plantio de café em Reserva Extrativista e desmatamento zero da Amazônia

23/03/2025

Extrapolando nos equívocos a reportagem sugeria também que o cultivo de café, uma espécie clonada e estranha ao bioma amazônico, inibiria o desmatamento. Algo inusitado posto que o café foi plantado onde antes havia uma floresta.

Reside nesse ponto, na competitividade da floresta, a razão pela qual as taxas de desmatamento persistem ano após ano na Amazônia.

Borracha deixou de ser um produto para se transformar em apelo social desde início do século atual e a castanha-da-Amazônia, a despeito de ser um produto altamente competitivo, ocorre somente em 20% do território do Acre.

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Inexplicável recorde de queimadas no Acre em janeiro de 2025

16/03/2025

Dezembro e janeiro, quando comparado ao período dos três meses diabólicos das queimadas, em que há bastante floresta derrubada para queimar, seca ou pouca chuva e um calor insuportável (agosto, setembro e outubro) as condições climáticas são ruins para produtores, pequenos e grandes, que insistem na primitiva e nefasta prática agrícola da queimada.

O fato é que no cálculo da média mensal, em janeiro de 2025 no Acre ocorreram 35 queimadas, a maior quantidade em 28 anos mantendo a tendência observada no mês anterior, em dezembro de 2024.

Pode ser que o projeto de governo do agronegócio da pecuária extensiva não seja tão sustentável como faz parecer a comitiva acreana que participa de conferencias sobre mudanças climáticas da ONU.

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Após 10 anos, Acordo de Paris se consolidará na COP30

09/03/2025

Contudo, terminado o século passado e ainda na primeira década do atual, os cientistas divulgaram uma série de estudos analisados pelo painel cientifico da ONU, conhecido por IPCC na sigla em inglês, comprovando e determinando com exatidão considerável as taxas de aumento anual da temperatura.

O sucesso do Acordo de Paris pode ser medido pela excelente estratégia de fazer com que cada um dos 197 países, que aprovaram o pacto, apresentasse metas de maneira voluntária, mas que, uma vez aprovadas na ONU, deveria ser honrada por obrigação até 2030.

Nós brasileiros, por exemplo, nos comprometemos a gerar mais energia elétrica com placas solares, cata-ventos e, por óbvio diante do potencial natural do país, construindo mais usinas hidrelétricas.

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Escola de Samba carioca esquece crise climática em 2025

02/03/2025

Não podemos esquecer que a conferencia das partes sobre mudança climática, ou simplesmente COP30, acontecerá em novembro próximo em Belém, capital do Para.

E que será um momento oportuno para chamar a atenção do mundo para o desmatamento da Amazônia e os avanços das políticas públicas que cobram muito esforço da sociedade para conservar a maior floresta tropical do planeta.

E mais que a escolha de uma cidade amazônica como sede pode atrair investimentos para financiar projetos em bioeconomia e exploração sustentável da floresta, que permitam superar o nefasto e persistente ciclo econômico da pecuária extensiva iniciado nos idos de 1970.

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Concessão Florestal elevará riqueza de Apuí no Amazonas

23/02/2025

Ainda em 2007 a Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia, foi a primeira área coberta por florestas nativas na Amazônia a ser leiloada para exploração por uma indústria madeireira legalmente amparada pelo sistema de Concessão Florestal.

Da Floresta Nacional do Jamari em 2007 até a Floresta Nacional de Jatuarana hoje, a economia florestal na Amazônia demonstra potencial para gerar maior riqueza que aquela obtida pelo desmatamento da pecuária extensiva.

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COP 30 já começou

16/02/2025

Em 2015, quando todos os países da ONU, ou melhor, do planeta, assinaram o Acordo de Paris, relatórios seguidos do Painel de Cientistas da ONU, IPCC na sigla em inglês, composto por mais de 3.000 pesquisadores representantes de todos os países membros da ONU, forneceram a comprovação científica para superar o Princípio da Precaução.

Enquanto isso, por aqui os brasileiros e seus representantes políticos, conseguiram aprovar e colocar em prática um arcabouço legal robusto para fomentar a geração de energia elétrica considerada limpa, sem carbono.

Nunca, na história brasileira, se captou tanta energia do sol, dos ventos e da água.

Melhor ainda, mais de 140 usinas hidrelétricas representam quase 70% da energia elétrica distribuída para residências e indústrias.

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Não gostei, ou não entendi Marcel Proust

09/02/2025

Discordando de quase tudo que lemos, antes de encarar as quase impossíveis 2.400 páginas, na maravilhosa Wikipédia sobre Marcel Proust e sua única extensa obra “Em Busca do Tempo Perdido”, não conseguimos puxar uma cadeira para o francês sentar ao lado de um dos maiores da literatura portuguesa o nosso incomparável Machado de Assis.

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