Tendo em vista a conclusão das pesquisas sobre a mata ciliar do Rio Acre, a equipe vinculada ao Projeto Ciliar Só-Rio irá sair em peregrinação pelas Câmaras Municipais das oito cidades cortadas pelo rio em território estadual.

Executado pela Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre, o projeto pôde contar com o orçamento de duzentos mil reais, patrocinados pelo Centro Nacional de Desenvolvimento Científico, CNPq, em 2008. Desde então, uma equipe de pesquisadores, formada por professores e alunos da UFAC e da Universidade Estadual de São Paulo, Unesp, começou a produzir estudos sobre a mata ciliar do Rio Acre.

O principal pressuposto perfilhado pelos pesquisadores é de singela compreensão: centra-se na mata ciliar a resposta para grande parte do comportamento dos rios; vale dizer, o projeto assumiu, com base em informações científicas atuais, que existe estreita relação entre o equilíbrio hidrológico dos rios, em especial na Amazônia, e as condições de degradação das suas respectivas matas ciliares.

Pode-se dizer, dessa forma, que haverá maior tendência ao desequilíbrio – mediante ocorrência constante de alagações e secas extremas – sempre que a mata ciliar for estreita demais ou se encontrar em estágio avançado de degradação. Assim, a cada hectare de mata ciliar que é desmatado (para a criação de 1/2 boi, conforme a lamentável produtividade da pecuária na região), ampliam-se as chances de escassez de água para a população urbana abastecida pelo rio.

A concepção do Ciliar Só-Rio – cuja designação alude aos cílios, à floresta, ao rio e ao sorriso – preenche, em verdade, uma lacuna científica. Pois que, não obstante sua indiscutível importância para o leito do recurso hídrico, a mata ciliar do rio Acre nunca havia sido objeto de estudos tão abrangentes como os realizados no âmbito do projeto. De fato, muito embora já se houvesse produzido um considerável leque de informações atinentes, entre outros, aos desbarrancamentos, bem como à qualidade da água e sua correspondente vazão, muito pouco se sabia sobre a mata ciliar.

Diante de tais circunstâncias, os pesquisadores envolvidos no projeto se dedicaram a engendrar um conjunto de informações que autorizassem introduzir-se, na administração pública municipal, na condição de rotina administrativa, o trato com o tema da mata ciliar.

Três frentes de atuação propiciaram a obtenção de significativos resultados. A primeira frente tratou do delineamento de dois conjuntos de oito mapas – dois para cada cidade envolvida -, sendo um conjunto dedicado ao diagnóstico do desmatamento atualmente observado na mata ciliar, e o outro à identificação dos trechos críticos cuja restauração seja emergencial.

Num segundo momento, os pesquisadores realizaram um amplo inventário florestal da mata ciliar, que cobriu o trecho entre Porto Acre e Assis Brasil, e compreendeu a medição de mais de dez mil árvores – a fim de identificarem-se as espécies mais importantes para futuros projetos de restauração florestal.

Finalmente, na terceira e última frente de atuação, considerou-se que a quantidade de informações produzidas seria pouco aproveitada sem a realização de um programa de extensão florestal envolvendo os oito municípios abrangidos pelo projeto.

E é isso o que vai acontecer na Câmara Municipal de Porto Acre no dia 16 de agosto próximo, quando os pesquisadores irão apresentar e discutir com os vereadores quais árvores deverão ser aproveitadas na restauração da mata ciliar na porção portoacrense do Rio Acre.

Aos vereadores caberá a elaboração de uma lei municipal definindo a largura da mata ciliar, considerando-se as características da porção portoacrense do rio Acre.

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